Capítulo 4

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Olena Kozlov

Eu sempre tive uma queda por homens morenos de olhos claros, mas era por conta de minha primeira paixão não correspondida. Portanto, para meu inconsciente apaixonado, eu escolho o mesmo padrão fisionômico para homens.

Alexei Miranchuk foi o dono das minhas primeiras vezes nessa minha vida: paixão de adolescência, o primeiro beijo, minha companhia da minha primeira bebedeira, minha primeira vez e a única desilusão amorosa.

Nós vivíamos nos agarrando escondidos de todos, principalmente do meu irmão. Entretanto, não deu em nada quando o mesmo insinuou que eu tinha um namorado no evento. Ele estava sorrindo na frente da minha família, mas eu tinha percebido seu maxilar travado e seus olhares flamejantes em minha direção.

Foi um dos piores momentos da minha vida.

— Será que podemos conversar? — ouço uma voz grave atrás de mim e me viro, encontrando os olhos gélidos de Alexei me encarando.

Peço licença a uma conhecida e caminho atrás dele com uma certa distância, pois tenho certeza que mamãe está de olho em mim desde que Dimitri fez a sua gracinha. Alexei me leva até o jardim dos fundos, onde não se tem convidado nenhum, apenas alguns funcionários do buffet tirando sua pausa do trabalho. Escondidos atrás de um muro, me encosto nele e cruzo meus braços, apenas aguardando a briga da vez.

— Você disse a ele? — a voz grave de Alexei me faz levantar rapidamente a cabeça, encontrando seus olhos com a cor escura, demonstrando que está com raiva.

— O que? Claro que não! Eu confio em meu irmão mais do que a minha própria vida, mas eu não contei nada da nossa relação a ele.

— Então por quê diabos ele falou aquilo para seus pais? De alguma forma, ele já sabe! — Alexei passou a mão pelos cabelos, ficando completamente desalinhado. Eu aperto meus braços ao meu redor, uma forma de proteção.

— Eu não sei, tudo bem?! Ele deve ter sentido alguma tensão sexual entre nós nesse tempo em que nos provocávamos, ou algo assim, mas eu não...

— Não venha se fazer de sonsa, Olena! — Ele esbraveja, mas volta a falar baixo quando lembra que está em público — Olha, eu não posso mais ficar com você depois disso.

Eu me enfureço e desgrudo da parede, empurrando seu peito com toda a minha força. Alexei se assusta, não tendo reação alguma.

— Eu te fiz alguma coisa?! — agora é a minha vez de esbravejar — Não sei porque essa palhaçada de ser escondido, como se eu não fosse digna de você, se eu fosse muito feia para andar ao seu lado. Meu querido, eu não preciso de nada disso.

— Não é...

— Eu não quero saber! — as lágrimas estavam enchendo meus olhos, mas eu não choraria na frente dele. Não mesmo. — Já que você diz que não pode mais ficar comigo por conta do meu irmão, pelos meus pais ou algum outro cacete de motivo, eu não me importo. Eu que não quero mais olhar na sua cara.

— Lena...

— Não me chama assim! Já que tem vergonha de andar ao meu lado, me faz o favor de sumir da minha frente.

Alexei tenta se aproximar de mim novamente, mas quando eu recuo para trás, voltando a encostar na parede, ele assente e anda rápido na direção do salão de festas. Eu boto as mãos em meu rosto e começo a liberar as lágrimas presas. Ouço passos por perto, mas não faço questão de levantar meu rosto, até que sinto braços finos ao meu redor e o perfume que conheço como ninguém. A abraço de volta, deitando meu rosto em seu ombro, como fazia quando era criança.

— Mãe, você acha que eu não sou boa o suficiente para ele?

— Nunca mais repita uma coisa dessas! — minha mãe me afasta do seu corpo e segura meu rosto com firmeza, olhando no fundo de meus olhos — Ele que não é bom o suficiente para você, minha filha. Se um homem não se orgulhar da mulher maravilhosa que tem ao seu lado, não merece nada além do seu desprezo.

Concordo, mas meu coração não para de doer por conta disso.

Depois dessa nossa briga, Alexei viajou sem mais e nem menos, ficando meses a fora em outro país. Mas, eu como a trouxa que sou, fiquei fuçando o Instagram dele todos os dias, me deparando com uma loira estonteante em todas as fotos. Eu não sei o nome e nem o user dela, já que Alexei não marca e nem segue a mulher misteriosa.

Já se passaram alguns meses, mas eu ainda não superei o término bruto de algo que nem havia se iniciado.

***

— Dimitri, acorda!

Estava na casa de meu irmão, tomando café com ele antes de mais um dia de trabalho. Apesar da grande influência de meus pais no meu emprego, eu não aceito regalias. Sou uma mera advogada, assim como diversos outros no escritório deles. Por ser filha do chefe, eu sou um pouco temida pelos outros, mas eu costumo quebrar esse gelo falando simpaticamente com todos os funcionários da rede.

Voltando ao assunto, observo meu irmão com o celular na mão, olhando fixamente para algo enquanto eu conversava com ele. Bem, falava sozinha. Meu irmão me olha e pisca, retornando à Terra.

— O que estava dizendo?

— Nada demais — faço pouco caso, mas estava falando sobre algumas advogadas que me procuraram para saber mais sobre ele — O que você viu nesse celular para me esquecer completamente?

Ele volta a olhar para a tela e suspira alto, me virando a manchete sensacionalista que tem uma foto dele saindo de algum prédio de terno e gravata.

Dimitri Kozlov, além de ser o homem mais rico do mundo, é o mais cobiçado pelas mulheres!

Olho para ele, que passa a mão pelos fios de cabelo, desconfortável. Resolvo provocá-lo um pouco.

— E o que isso tem demais?

— Olena, você sabe que eu não gosto de ser o centro das atenções.

— Ninguém mandou nascer gostoso, inteligente e ter dinheiro à vera — dou de ombros e dou um gole no meu café, observando seu revirar de olhos e continuar lendo seu jornal online. — Mas é verdade, irmão. Você tem que arranjar alguém...

— Olena, já me basta a mamãe me pressionando, ok? — se levanta e caminha na direção das escadas, provavelmente indo para o banheiro.

— Eu vou arranjar alguém para você, meu irmão!

Ouço a risada dele com uma pitada de escárnio e, logo em seguida, o seu grito:

— Veremos, querida irmã!

Ah,veremos sim.

Pecado MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora