O Corvo.

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O pássaro que alí estava,
Repousado sobre a madeira da varanda,
Me observou durante minutos.
Me interpretou durante séculos.
Me julgou durante milénios.
Aquietou-se somente depois de muito tempo.
O pássaro que alí ficou,
Tinha olhos frios
Penas escuras
Virava e revirava a cabeça.
A balançava de forma tão negativa
Que me sentia um monstro, apenas por existir.
O pássaro, que hora ou outra, falava
Me contava coisas, as quais, sinto até hoje.
Cauteloso
Lento
Tão degavar que nem podia ser considerado um pássaro.
Abria o bico e logo em seguida me esbofeteava.
Falava verdades tão duras quanto mármore,
De forma tão crua que chegava a ser difícil engolir.
Logo ao amanhacer, o pássaro voou,
E, antes do sol nascer, algumas gotas caíam,
Não, não do céu,
De mim.
 
 
Escrito por Emilly Eduarda.
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