Wolf Thing | yoonseok |

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Todos os jovens da minha aldeia estão reunidos no bosque principal, a noite está quente, é outono e tem estrelas no céu escuro. E, sim, eu disse aldeia. É nesse pedaço de terra escondido depois da vegetação da Capital-Seul que nós nos escondemos dos núcleos maiores.

O sinal de celular é péssimo aqui, os canais de Tv são limitados e somente alfas podem se arriscar além-fronteiras em busca de notícias, já que possuem habilidade maior de camuflar cheiros e assim não deixar rastros de nosso paradeiro. É incômodo viver nesse casulo interminável, mas no fim é a opção mais segura. As grandes alcateias são impiedosas quando se trata de povos menores, elas destroem, matam e roubam a troco de poder, por isso vivemos tão afastados.

Como consequência dessa situação conflituosa, os ômegas de maior idade estão tendo treinos intensivos na academia de alfas da Segurança. É por isso que meu corpo está dolorido agora, meu pescoço estala de cansaço e meu lobo interior implora por um descanso.

Ele se chama Naro e é muito comunicativo comigo, seus desejos são como notas mentais em minha mente e frequentemente eu até consigo ouvir suas falas com clareza, no tom naturalmente grave dos lobos espirituais. Quando eu era um filhote, eu achava estranho, mas não é difícil se acostumar.

É por ele, por causa de sua reclamação infindável, que eu sei que estamos mais que exaustos esta noite. Naro não está dando a mínima para o que está acontecendo ao nosso redor, ele não se importa se estamos na festa de aniversário de Kim Namjoon, o herdeiro do nosso líder. Não presto atenção na música, nas conversas paralelas, só consigo pensar em descansar é óbvio que boa parte daquele desejo é dele.

Há um parquinho infantil próximo ao bosque e é aqui que estou, um pouco afastado de todos, sentado no balanço de pneu preso a uma árvore de tronco e galhos grossos. O cooler de bebidas está próximo, mas nada ali me interessa e ainda bem que o som que sai das caixas potentes do pequeno rádio não incomoda minha audição apurada.

Meus sentidos estão alerta, é meu modo de proteção ativado. Estou em um estado deplorável.

Não há tanta gente na festa, os jovens da aldeia são poucos e posso jurar não ver mais de vinte pessoas ali. O que não quer dizer que não estavam animados, pelo menos o aniversariante parecia satisfeito e isso ajudava acalmar meu lobo teimoso.

Há uma relação de fidelidade entre os membros do Conselho e os demais lobos da população, algo sobrenatural que nos deixa respeitosamente conectados. O Lúpus Kim Jaehoo é o líder da geração dos meus pais e quando não puder mais comandar, Namjoon será o líder da minha geração. De forma inconsciente e natural, celebrar o aniversário de vinte anos dele é uma honra para Naro e isso o deixa emocionalmente conturbado.

Ele quer que eu fique, quer sentir a celebração, mas também implora que vá para casa.

— Eu não estou aguentando, seu corpo está doendo e isso está me incomodando, deixe-me sair!

Sua voz grave ecoa em minha cabeça de repente como uma música irritante: bravo e cansado. Seu pedido era quase uma ordem e, na verdade, ele meio que pode exigir o que bem entender de mim, pois é o meu subconsciente lupino, meu membro ancestral.

Naro é mentalmente independente, tem inclusive a capacidade materializar no meio externo, lobos podem fazer isso, mesmo que haja regras. Os alfas e betas têm autonomia para fazerem quando bem desejarem, já os ômegas precisam da autorização dos hospedeiros para tal. Ou seja, Naro só pode se libertar sair com minha autorização.