Wolf Thing | yoonseok |

09|

🐾

♧

A grama verdinha, macia e bem cortada está entrando no vão entre meus dedos do meu pé descalço, minha sola gosta de sentir a umidade do mato. Eu estou de pé no meio do bosque do outro lado do rio que atravessa na propriedade Líder, a brisa é mais gostosa desse lado.

Já faz quase cinco meses que eu e Yoongi estávamos morando aqui. Nossa alcateia estava ganhando forma novamente, muita obra está sendo feita na propriedade, por isso a melhor opção foi unificar a nossa moradia por esse tempo.

Por isso consigo ouvir um som de furadeiras e marteladas bem ao fundo se prestar mais atenção na minha audição no ambiente, um som baixinho e irritante,. Pequenos prédios e casas estão sendo construídos para além do bosque para agrupar nosso povo, assim como os alojamentos necessários. Jin contou que aquela terra toda pertence a Namjoon e que o Lúpus de Grande Seul está financiando tudo, além disso nossa segurança será reforçada e nós entraremos em parceria econômica com a metrópole.

Tudo está caminhando como deve ser.

Agora seremos mais urbanizados, mas ainda manteremos o nosso tradicional verde, pois isso acalmava nossos lobos, o contato da natureza é muito importante para nós, era nossa essência. Dessa forma, estou em um piquenique à dois sob um laranjal enorme, tentando focar minha audição aguçada na correnteza do rio e nas folhas que balançam com o vento seco do outono, a água forte confunde um pouco os sons menores, mas com esforço consigo ouvir até mesmo os animais que se camuflam na flora vasta, pois estou mais sensível e sensitivo desde a descoberta da gravidez.

Ah, a minha gestação! Já estou no oitavo mês e ainda não superei isso, ainda é novo para mim, não me acostumei, mesmo que muita coisa já tenha sido explicada, principalmente a revolta de Naro, e isso até que me tranquiliza em certo ponto.

Meu lobo sentiu nosso filhote bem antes de todos, como de costume, mas entrou em pânico devido a todos os exemplos de paternidade em que nos deparamos nesse curto período de tempo desde que tivemos que deixar a aldeia. Primeiro meus pais me deixaram, depois eu vi meu melhor amigo perder o primeiro herdeiro, em seguida fui privado de assistir sua gestação de perto e ainda passei um sufoco no momento do parto.

Tudo isso contribuiu para que Naro enlouquecesse em seu modo protetor mais intensivo, nem mesmo Zao conseguia deixá-lo mais calmo. Foi um inferno até doutor Siwon receitar os remédios corretos, minha sorte foi que ele é um especialista. Fiquei menos desesperado quando Choi me explicou que esse tipo de reação lupina é comum, ainda mais em Apoiadores que acabam sentindo tudo dobrado.

Foi uma jornada e tanto!

Pensar nisso me deixa exausto, por isso passo minhas palmas na minha barriga imensa. Estou usando um suéter fino laranja e uma calça de flanela amarela, cores que deixam Naro confortável, a dele a de Eron, o lobo do papai.

Apesar do vento um pouco mais gelado que normal, por causa da aproximação do inverno, eu não estou calçando nada. Meus pés estão inchados demais ultimamente, meus tênis não servem mais e os chinelos me irritam, por isso eu ando sempre descalço, ou de pantufas que agora estão encostadas no tronco do laranjeira enorme, pois a sensação da grama é muito mais bem-vinda. É bom!

Embaixo da árvore há um cobertor grosso esticado, é estampado e está seguro em relação à ventania, já que uma ponta está presa pela cesta de comidas e a outra por um embrulho de manta e lençóis verdes. Jeongguk estava deitado em um bebê-conforto, encarando-me com seus olhos escuros como e brilhantes como um diamante negro. Ele veste uma calça e um body de manguinhas compridas na cor branca, mas a touca e as meias estufadas em verde pastel dão a ele seu charminho.