Wolf Thing | yoonseok |

05|

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Ya! Os lábios firmes que me puxaram assim como as mãos possessivas, sua língua era ágil e ousada, soube pelo jeito que ela me explorou e deixou tudo dentro de mim borbulhando feito uma água fervendo na chaleira.

Yoongi me olhou como se pudesse me perfurar com aqueles olhos negros, disso nunca vou esquecer. Sim, no momento do beijo estavam totalmente negros, aquela atitude era inteiramente dele, inclusive o modo como se levantou, atordoado e agitado, ajeitando a roupa amassada e pedindo perdão pela maneira impulsiva que havia agido.

Naquela noite em que nos acertamos, ele me beijou e foi embora, dizendo ter sido um erro ter me invadir aquele tanto. Não adiantava eu dizer que estava tudo bem e que ele não teria me beijado se eu não tivesse desejado aquilo nem por um pouquinho também, mas acabou ficando explícito que minhas vontades não tinham importância para ele no momento.

Eu pude ver que Yoongi tinha se arrependido.

Faz duas semanas que não nos falamos, que não conversávamos, pois agora ele sempre está ocupado com a aldeia e Namjoon, uma desculpa de manter a minha mente longe da sua. Digo mente, pois eu sentia seu corpo deitar junto ao meu no meio da madrugada.

Parece loucura, mas é verdade. Yoongi se deita ao meu lado quase sempre, entra na minha casa apenaspara dormir comigo, para estar perto de mim enquanto inconsciente, para eu não ter a chance de dizer ou questionar mais nada.

É estranho e covarde ao mesmo tempo, me faz pensar em várias possibilidades. Talvez ele apenas não goste de minha companhia e se deita comigo para amenizar a saudade do lobo, ou não tem coragem de desenvolver uma conversa sem tentar envolver os sentimentos e toda aquela história de beijo que aconteceu entre nós.

De toda forma, estou um pouco magoado por estar sem ele, mesmo boa parte sendo melancolia do meu lobo.

O trabalho ajuda a distrair minha mente, é impossível não sorrir ou não esquecer um pouco os problemas perto das crianças. Elas eram tão arteiras e hiperativas que acabam me convencendo a entrar naquela onda, claro, além de me fazerem levar advertências da cuidadora chefe, mas nada tão importante quanto a ser o tio Seok.

Bom, agora, por exemplo, é o finalzinho do horário de almoço, logo vem o horário da soneca e a única coisa que eu tenho certeza sobre o meu cronograma é que a minha presença nos dormitórios está vetada pela próxima meia hora. Como minha pequena sala fica no final desse corredor, eu não tenho muito o que fazer por agora.

Sendo assim, comendo uma pera de sobremesa, saio do alojamento para tomar um ar fresco na entrada. O inverno já chegou, mas pelo menos ainda está manso, por isso consigo sentir o sol aquecer meus poros ao mesmo tempo em que o vento frio congela meus órgãos.

Mordendo a minha fruta, olho para a trilha à minha frente que está seca e morta, típica da estação. Para descansar, sento-me na pequena escadaria da varanda, são apenas três degraus, mas me servem de assento.

Agradeço ao universo por eu ter escolhido vestir um sobretudo hoje, pois, como eu estou encolhido nos degraus curtos, a peça cobre todo meu corpo. Esta manhã foi mais fria e preocupante que as outras, mas a tarde está aparentemente tranquila, bom, tranquila até demais ao meu ver.