Dois meses depois...

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Os dias pareciam uma eternidade, as horas um mar de incansáveis angustias e nada do Pedro acordar. Todo dia, no horário de visitas, as pessoas iam intercalando umas com as outras. Miguel não saia de perto do quarto, Denise e Ernesto trocavam turnos noturnos para ficar com Pedro no hospital o acompanhando madrugada adentro, Priscila vinha quando podia, já que agora que mudou de cidade, não estava mais estudando na mesma escola que seu grande e melhor amigo, até seus pais mostravam preocupações mandando mensagens de texto querendo saber se houve alguma melhora ou mudança no quadro.

Rodrigo e seu amigo Fábio, que estavam foragidos na cidade de Campinas, foram pegos pela polícia local e agora estão tendo que passar os dias vendo o sol nascer quadrado. Os detentos que já estavam no presídio deram uma grande surra de boas-vindas nos dois quando ficaram sabendo do motivo pelo qual estavam ali. Miguel acabou contando para seus pais sobre sua opção sexual, sobre a mudança radical que sua vida tomou, explicou tudo o que aconteceu de fato naquele dia que voltou às pressas do sítio, do surpreso interesse por Pedro depois que leu aquele papel, que só mostrou que o mundo em que ele vivia não era o seu de fato. Beto tirou uns dias de folga da praia e foi até a casa de Miguel para ver como o novo amigo estava depois de tudo o que tinha acontecido, uma vez que Miguel mandou uma mensagem explicando detalhe por detalhe daquela grande aventura que estava vivendo, o que fez um bem enorme para o garoto que estava aflito em ver o seu futuro ali, naquela maca de hospital.

- Obrigado por ter vindo Beto, mesmo que nas piores circunstancias possíveis. Valeu mesmo.

- Não precisa agradecer, eu tinha que vir ver como você estava. E o Pedro, alguma novidade do caso dele?

- Infelizmente nada. Ele está do mesmo jeito, amanhã irão fazer a cirurgia nele. Beto, estou com tanto medo, não quero perder, não estou pronto para isso. Logo agora que tínhamos tudo para dar certo.

- Não fala besteira, Miguel, você não irá perder ninguém. Logo isso vai passar e vocês estarão juntos, como tem que ser.

- Deus te ouça. O que eu mais quero agora é uma história de amor, acreditar, confiar, amar.

- E assim será, basta você confiar e tudo vai dar certo.

A cirurgia ocorreu e foi um sucesso, Pedro reagiu bem, mesmo estando em coma induzido. O garoto foi forte o bastante para passar por todo o procedimento e o seu quadro de saúde agora já não era mais grave e o que restava no momento era esperar o decorrer dos dias para que boas notícias chegassem.

- E meu filho doutor, como ele está?

- Melhor do que nunca, está reagindo bem a tudo isso, creio que logo ele sairá do coma.

- Graças a Deus doutor, fico bem mais aliviado com o senhor me dizendo isso.

- Acho que o senhor pode ir descansar agora, o seu filho está bem.

- É pai, o senhor já ficou muito aqui nesse hospital.

- Você tem razão, Denise, eu vou sim. Você vem?

- Pode ir na frente que vou ficar mais um pouco.

- Até logo doutor. Beijo, minha filha.

- Tchau pai.

Denise estava incomodada com algo, sabia o que era, na verdade sempre soube, mas o que ela não sabia era como ter a certeza de tudo isso.

- Miguel, posso conversar com você um pouco?

- Claro Dê. O que houve?

- Vou te fazer uma pergunta e quero a sua sinceridade, imagine que você está em um tribunal e faça seu juramento.

Uma Vida Para Chamar de MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora