Uma doença, uma mentira

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Ashley Quincy nasceu em Cambridge no Reino Unido em 1940, aos 14 anos era considerada um gênio em tudo o que fazia, aos 21 já havia se formado em medicina que era sua grande paixão e obteria seu doutorado no ano seguinte pois decidiu adiar sua apresentação de tese do mesmo ano devido a sua gravidez.

Com 21 anos em 1961, começou a trabalhar como médica na ala emergencial da Universidade de Cambridge, mesma universidade em que Stephen Hawking, ainda aluno em Oxford, se torna professor alguns anos depois.

Ashley, ou melhor, Dra. Quincy, recebia muitos pacientes diariamente, provavelmente devido a quantidade gigantesca de alunos e professores que estudavam e trabalhavam na universidade, além dos pesquisadores que ganhavam bolsa para trabalhar lá.

Certo dia em 1963, ela recebeu um paciente um tanto quanto curioso, este homem havia sentido uma fraqueza em seus músculos e desmaiado logo após cair no meio da universidade onde havia ingressado como professor, mas ele não parecia estar tão preocupado com o ''acidente'' que havia sofrido, pelo contrário, logo acordou e começou a falar sobre física e buracos negros enquanto a médica o examinava. Ela não parecia entender muita coisa mas se admirou com a paixão do jovem rapaz pela física e simplesmente concordava com a cabeça a cada pergunta retórica que o físico fazia.

- Não é brilhante? Pense um pouco, imagine que haja uma forma de provar a existência deles, imagine que descobrimos se esses buracos negros emitem algo como radiação, não é sensacional? - dizia ele claramente empolgado sobre o assunto.

- Ah sim, claro! -concordou a doutora. Por acaso esse é um dos seus estudos?

- Sim, pretendo obter meu doutorado com uma tese baseada nesse meu estudo, digo, claro que não estou a trabalhar nisso só, o termo mais correto seria ''nosso'' estudo, tenho alguns amigos me ajudando.

- Compreendo...

Ao olhar os resultados dos exames que havia feito em Stephen, percebeu algo não muito comum em sua integridade dos nervos, era como se estivessem deteriorando e automaticamente ela entendeu a situação, o rapaz havia adquirido uma doença chamada ELA ( Esclerose Lateral Amiotrófica, uma doença degenerativa que atinge os neurônios motores do cérebro e da medula espinhal.

- Stephen tenho que te contar alg...

- Oh droga! - interrompeu ele - Tenho que ir ao trabalho, hoje vamos realizar o primeiro teste de um experimento que venho trabalhando a anos, nunca estive tão empolgado, se funcionar, tenho que pensar em uma frase de efeito para dizer, algo como ''eureka!''. Enfim, estou bem certo doutora? Deve ter sido o cansaço de tanto trabalhar.

- Sim, foi apenas cansaço...

Stephen vai trabalhar após uma injeção que o deixa mais forte temporariamente, porém a doutora sabia que o problema não era cansaço, contudo não decide contar a ele, ela imagina que ele reagirá de forma negativa à doença e desistirá de seus sonhos, pesquisas e estudos que ele falava com tanta paixão.

Mas será que esse foi o real motivo de ela ter escondido a doença de Stephen? Será que ela negaria um diagnóstico correto por medo de arruinar a vida do pesquisador?

A mente de Ashley Quincy sempre foi um mistério para todos, principalmente quando se tratava da vida profissional e seu pequeno filho Carter que havia completado um ano de idade. Carter nasceu 2 meses antes da data esperada, foi uma gravidez de risco que quase levou Ashley e ele a morte. O pai? Bom, a própria Ashley afirmava que não sabia quem era.

Em um certo dia, Carter estava assistindo seu programa infantil diário na televisão quando um plantão para assinantes do canal da Universidade de Cambridge se inicia, afirmando que o físico e pesquisador Stephen Hawking havia caído e desmaiado meio a uma palestra, fato que já havia acontecido antes. Ashley vai para a sala e vê o noticiário, ela claramente estava se sentindo arrependida de não ter avisado a Stephen sobre a sua condição e sua doença degenerativa.

Ashley então, faz uma visita a enfermaria onde Stephen passava por exames e pergunta ao médico qual era a situação dele. A resposta do médico não foi nenhuma surpresa para ela, ele disse que o paciente estava com uma doença degenerativa...

- Mas, sabe dizer a quanto tempo exato ele possui essa doença? - pergunta Ashley duvidando de seu próprio diagnóstico um ano atrás.

- Bom, tudo indica que ele possui tal doença a aproximadamente um ano e dois meses, o que é estranho, pois seu amigo disse que ele havia sido consultado numa situação parecida antes mas o diagnóstico foi completamente diferente, esses médicos incompetentes né? - disse o doutor bufando.

- É, claro... - Ashley faz uma cara de triste e volta para sua casa.

Ao receber alta, Stephen recebe o diagnóstico completo de sua doença e descobre que tem somente possíveis dois anos de vida e somente conseguirá se locomover com ajuda de muletas, o que choca ele, seus amigos, e sua família, e a mulher que possibilitou ele o feito incrível de um ano de namoro, Jane Wilde que prometeu junto a Stephen, uma luta, unidos, contra a doença que o atormentaria pelo resto de sua vida.

Em 1965, Hawking se casou com Jane que agora estava terminando seus estudos de línguas e poesias medievais, Jane sempre adora contar a história de como conheceu Stephen pois pra ela significava superação e força. Eles se conheceram em uma festa através de amigos em comum e depois saíram algumas vezes antes de iniciarem seu relacionamento sério que até então durava 3 anos, um antes da descoberta da doença e de Stephen e dois anos após tal descoberta.

Nesse ponto de sua vida, Stephen já era bastante conhecido por suas teorias provocativas e comprovadas na física, ao mesmo tempo, o prazo estimado de Stephen de dois anos já havia passado, ele lutava fortemente contra a doença mas não podia evitar os impactos negativos que ela estava causando em sua vida, ele não conseguia mais usar a perna para se locomover, sendo obrigado a usar uma cadeira de rodas, presente de amigos pesquisadores da Universidade de Cambridge.

Nessa mesma época, Ashley passava por uma fase difícil de sua vida, seu filho Carter havia contraído pneumonia e ela havia sido demitida de seu trabalho, após repetidas faltas ela foi substituída por um recém formado na faculdade de medicina, o que deixava a Dra. Quincy extremamente irritada com a decisão do conselho de medicina da Universidade de Cambridge.

Mas essa fase difícil para Ashley não durou muito, logo ela saiu das redondezas da universidade e foi trabalhar um hospital perto onde ganhava aproximadamente o dobro do que antes, conseguindo pagar um tratamento avançado para seu filho Carter que deveria ser tratado por pneumologistas, uma área um tanto quanto distante dos estudos atuais da Ashley que tratava de medicina básica, psicologia e mais recentemente havia feito especialização em ginecologia e obstetrícia.

Em 1966, Jane Hawking descobriu que estava grávida, o que por sinal deixou algumas pessoas surpresas, pois muitos acreditavam que essa doença afetaria também em Stephen... Você sabe né?

Assim, em 1967 por uma incrível chance em milhões de probabilidades, a doutora responsável pelo parto de Jane foi Ashley, onde ela se encontrou com Stephen e se enganou ao achar que Stephen por acaso se lembraria de onde e qual situação conhecia a doutora, Stephen apenas a cumprimentou e perguntou-lhe sobre sua vida e seu trabalho, ela fez o mesmo, o que aliviou o clima de tensão durante o momento do parto.

Então no dia 14 de maio de 1967, Jane deu a luz ao seu primeiro filho na vida e também com seu marido cujo casamento já durava 2 anos, decidiram chamar o garoto que chegou na terra de Robert Hawking, foi um momento de felicidade inexplicável para Jane e Stephen que eram extremamente gratos a doutora pelo excelente parto e super eficiente.

Uma nova fase na vida de Stephen estava por vir após o nascimento de Robert, assim como uma nova fase na vida de Ashley e seu filho Carter que tinha completado 5 anos recentemente.








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