𝕸𝖆𝖑
Meus pés doíam de tanto caminhar. As vielas tão estreitas serviam de esconderijo para nós vilões em ação, tramando o caos extremamente eminente no interior desta ilha devastada, principalmente pela terrível poeira mental já despejada nas mentes daqueles considerados fracos.
Eu estava na frente e guiava os meus amigos.
Nós tínhamos articulado um plano deveras estrategista, mas acredito que tenhamos falhado bruscamente pois nada havia dado certo, tudo estava um casco. Aquele era o começo tão errado quanto o final.
- Isto é um fiasco! - Ousei dizer tentando não pisar em algo que nos fizesse cheirar a peixe morto, ignorando completamente o fato de termos corrido como loucos.
- Nem começamos Mal - Sussurrou Evie exalando confiança - Só vamos ter certeza se chegarmos vivos e sem peixe nas roupas.
- Ah! Você diz isso como se já não tivesse pisado em carcaça morta.
Eu podia sentir sua aura de patricinha derramando-se em lágrimas, principalmente por sua cara ter se contorcido em nojo pela lembrança de segundos atrás.
- Não me diga mais nada.
- Foram vocês que toparam - Ouvi Carlos dizer ao fundo.
- E foi você que nos deu a ideia de fazer essa maluquice! - Ralhou a de cabelo azul, me fazendo prender o riso e Jay caminhar mais apressadamente nos ultrapassando - Uma vai nos matar!.
Estávamos tentando invadir o território inimigo.
Faziam tempos desde que entramos de penetra em uma das festas dadas pela camarão. Mesmo sendo difícil de admitir, eu ouso afirmar que as comemorações dadas por ela eram muito criativas e intrigantes de mais para simplesmente não participarmos, todavia, esta não era a minha principal motivação para burlar o códico inexistente criado há anos atrás, dizendo explicitamente sobre a proibição da invasão ao lado inimigo. E sim as diversas possibilidades de irradiar o mal.
Eram apenas brincadeiras, a catástrofe cometida por nossos pais eram muito mais emocionantes e eu confesso odiar essas histórias. Nada me parecia o suficiente perto do que minha mãe já fizera, principalmente pela sua aura completamente maléfica e odiosa. Intrigava-me a maneia com a qual sua mente era capaz de produzir tantas ideias maldosas.
Invadir a festa da inimiga sem ser convidada com certeza era algo meu puxado dela. A constatação me fizera sorrir diante daquela merda que faríamos. Desejei não falhar.
- Mal! - Ouvi Jay me chamar em um sussurro e parei olhando-o - Está logo ali.
Ele apontou para uma porta estreita no barco onde ocorria a festa. Todos estavam terrivelmente animados e dançavam uma música desconhecida enquanto ingeriram petiscos de peixe. Eu não era tão afim, mas Jay era maluco por essas porcarias.
Segui o caminho imposto por ele e abri a pequena porta agachando-me para passar por ela.
- Ah não, vocês passam primeiro, eu estou de vestido! - Evie disse ao fundo, fazendo Carlos gargalhar.
- Seria uma visão e tanto...aí! - Falou Jay levando uma bela bofetada em seguida. Não pude deixar de rir de sua audácia.
Seguindo em frente consegui notar conforme a música fora ficando mais alta, me dando certa adrenalina para simplesmente continuar com aquilo, afinal de contas, não se era a primeira vez e nem ao menos seria a última.
Ao chegar pude ver com mais clareza as pessoas se divertindo e me atrevi a tirar um pouco o capuz envolvendo o meu rosto para observar melhor como tudo estava se desenvolvendo. Evie, ao meu lado, encostou-se mais a mim tentando usar-me de escudo para também observar. Ela provavelmente julgava o estilo daqueles ali presentes, pois eu conseguia notar o seu olha mudando conforme estes não lhe agradavam.
- Eu vou me divertir - Jay se pronunciou nos avisando antes de seguir até a mesa dos petiscos.
Não dei muita atenção a sua ida já que o meu olhar estava disposto a encontrar o alvo da noite. E ele estava simplesmente agarrado a minha fiel inimiga de longa data. Beijando-a desesperadamente. Sorri enquanto olhava gargalhando por este possuir a audácia de me dizer palavras tão doces as vezes enquanto agarrava-se a quem eu mais odiava.
- Vai ficar com Harry hoje também? - Perguntou Evie ainda ao meu lado.
- Não - Olhei-a - Vamos procurar alguma diversão, isso está muito parado.
Eu não sentia nada por ele, apenas o usava para apagar o desejo e ele sem dúvidas me usava para provocar algum ciúme na camarão. Algo estupidamente funcional já que esta por muitas vezes pareceu usá-lo como troféu. Grande coisa.
Tentei acompanhar Evie que apesar de estar de saltos, andava muito mais rápido do que eu. E a minha lerdeza fora o motivo desta ter agarrado o meu pulso com tamanha grosseria, fazendo-me notar a sua impaciência para chegar até a mesa onde se encontravam os garotos, sujando a mesa e consequentemente a boca com tantos peixes ingeridos.
- Vocês nem nos esperaram - Ralhou Evie pegando da Mão de Carlos algum fruto do mar irreconhecível. Me contentei apenas em beliscar algumas frutas secas.
- Ano passado estava mais divertido - Carlos falou suspirando enquanto ainda comia - Ninguém está brigando, ou se desentendendo com a bruxa do mar, acho isso um atentado contra o meu ser - Dramatizou.
- Realmente, era incrível pisar os pés aqui ouvindo vidros se quebrando e xingamentos tão chulos - Completou Jay entrando na onda de Carlos.
- Acho que nada do que fizermos vai tirar o clima de morte desse lugar, até mesmo as mulheres estão menos estilosas esse ano - Minha amiga dizia enquanto olhava ao redor.
Minha mente poderia muito bem criar uma incrível distração, e todos sabiam que o meu silêncio significa que as minhas engrenagens maléficas começaram a funcionar. Até aquele momento eu não havia falado nada.
- Se eles não estão brigando, vamos fazer com que briguem - Eu não os encarava, mas sabia.
Eles topariam qualquer coisa que sairia da minha boca, eu possuía a confiança deles trancafiada em meu coração. A mínima palavra os faria entender que naquela noite o caos seria muito bem instalado, como em tantos anos foi.
- Por onde vamos começar? - A pergunta veio de Jay, tão incrivelmente interessado.
- Não seria melhor, com quem vamos começar?.
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𝓐 𝓖𝓪𝓻𝓸𝓽𝓪 𝓭𝓸 𝓛𝓪𝓭𝓸 𝓔𝓻𝓻𝓪𝓭𝓸 𝓭𝓪 𝓟𝓸𝓷𝓽𝓮
Fanfiction𝑹𝒆𝒆𝒔𝒄𝒓𝒆𝒗𝒆𝒏𝒅𝒐 Ela não se lembrava de boa parte da sua infância, talvez a tenha esquecido quando aqueles momentos passaram a ser insignificantes para que sua memória simplesmente guardasse tais acontecimentos. Entretanto, o vazio que se e...