-- Lembre-se que não pode agir enquanto eles não saírem das águas de Rhelésia -- informou Kirby pelo ponto eletrônico em seu ouvido.
"Dane-se o Tratado", ela pensou em responder, porém nem em um milhão de anos aquelas palavras poderiam sair de sua boca. Usou sua raiva como combustível para cruzar os céus mais rápido ainda. Quanto mais entrava na tempestade, mais ela percebia que a situação era urgente.
Ela carregava com as mãos o que a Liga apelidou de broomer. Era uma linha de veículo de transporte de pessoas em massa da terra para a base deles no espaço. Era projetado para aguentar situações adversas. Seu único porém era sua velocidade, que por mais que fosse impressionante para um objeto daquele tamanho, ainda assim não era o bastante para urgências como aquelas.
Um barco com capacidade máxima de menos de cem pessoas, levava duzentos refugiados. A embarcação balançava furiosamente levada pelas ondas e ventos. Os rhelesianos faziam o possível para se manterem a salvo, mas a situação piorava a cada minuto.
-- Faltam 100 metros para que possa ajudá-los. -- constatou Kirby.
Diana já podia vê-los no horizonte. Estava impaciente. Não podia arriscar a vida daquelas pessoas por burocracia, no entanto, o futuro delas dependia dessa burocracia. Ela trincou os dentes.
-- Kaldur'ahm, já está próximo? -- disse pelo comunicador.
Nas profundezas do oceano, um dos homens de maior confiança do rei de Atlantis nadava velozmente.
-- Chegando.
Ele sabia nas entrelinhas o que a amazona queria. Um empurrãozinho seria necessário para que eles pudessem agir sem violar as normas. O atlante parou seu nado e olhou para cima para avistar os fundos da embarcação.
Magias desse nível ainda eram difíceis para ele, ainda mais com um mar tão agitado. Mas não havia outra escolha.
Fechou os olhos, concentrando-se. Os ensinamentos de seus tutores vieram em sua mente. As aulas extras com Tulla e Garth também, assim como as vezes que viu a rainha Mera em ação. Era preciso ser atento nos movimentos e completamente devoto as suas intenções para que tudo saísse corretamente.
Uma iluminação azul saiu de seus olhos mostrando que ele havia liberado seu corpo para acessar mana. Ele sentiu o movimento das águas com maior sensibilidade. Era como se tivesse o peso de uma pena e a qualquer momento seria levado pelas ondas.
"Não deixe essa sensação entrar em sua mente. Você não precisa ser dominado pelo que sentir e sim se adaptar a isso. Assuma o controle", havia comentado Tulla.
As tatuagens que percorriam a pele de Kaldur se acenderam. Qualquer movimento que fizesse poderia causar efeitos indesejados. Era indispensável que fosse meticuloso. Então começou seu trabalho.
A embarcação parou. Os passageiros se entreolharam.
-- Obrigado, Teth. -- sussurrou uma rhelesiana que segurava seu bebê.
Seu pranto se misturou com as gotas de chuva. O vento permanecia indo de encontro a eles ferozmente e mesmo assim o barco não se movia. Foi então que houve um tranco. Todos se seguravam como podiam.
Kadur se xingou mentalmente. Ele não se deixou abater e aperfeiçoou seus movimentos. As águas levaram cautelosamente a embarcação para frente. Os músculos do guerreiro passaram a tremer. Ele suava frio. Um mal-estar subia à garganta, ia até o estômago e voltava. Espasmos se anunciavam e ele se esforçava para permanecer firme. Seu sangue fervia.
-- Quanto falta? -- perguntou Diana à Kirby através do ponto no ouvido.
-- Dois metros. -- respondeu a inteligência artificial.
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Clash of Justice
FanfictionQuando Virgil Hawkins recebeu a proposta para entrar na Liga da Justiça, ele não poderia estar mais feliz de poder lutar ao lado dos heróis que admirou desde a infância. O que Virgil não esperava em sua jornada é que ele fosse perceber que seus heró...