VERMELHO RUBI
Eduardo Lancastre estava na dúvida do que pedir para beber, uma coisa era certa, senão pedisse algo para consumir teria que se levantar daquela mesa redonda de madeira do Pub e ceder a mesa à alguém que fosse consumir. Era a terceira vez que o garçom lhe perguntava o que queria e ele falava que estava pensando pedindo mais um tempo para escolher. Fingia consultar o cardápio mas não se concentrava nos itens do menu, Só sabia dizer que quem criara aquele cardápio era um bom designer e tinha um gosto bem apurado, com letras douradas sobre o papel preto brilhoso e a logo-marca do Pub em destaque deixava um trabalho muito requintado e de uma qualidade impecável.
Alguns garçons que estavam em pé de mãos cruzadas à frente do corpo aguardavam ao lado do caixa envidraçado os clientes chamarem para fazer seus pedidos já olhavam para Eduardo com impaciência. Tinha que escolher algo pois não queria sair dali, parecia que sua inspiração estava retornando ao seu âmago de onde nunca deveria ter saído, mesmo só ameaçando digitar algo no notebook, ele sentia as palavras fluírem pela mente querendo sair pelos dedos como jatos de tinta pronto para imprimir seu novo Best-seller. O problema é que ele estava no dilema do que escolher, não queria uma alcoólica, foi por causa da bebida que passou seus últimos sete meses internado num hospital entre avida e a morte. Não queria café, apesar de gostar muito, pois sua gastrite o atormentava quando bebia, o refrigerante também afetava sua gastrite. Pensou num chá, mas não achava graça nenhuma naquela bebida tão consumida na Europa.
- O senhor já decidiu o quê vai querer? - perguntou o calvo e já carrancudo garçom pela quarta vez à Eduardo.
- Chá mesmo, chá gelado com um pingo de limão, e pode trazer um pedaço de bolo de milho também por favor.
O garçom anota o pedido e se retira do local.
Mesmo antes do garçom retornar com o pedido Eduardo coça a cabeça bagunçando seus ralos e castanhos cabelos lisos, entrelaça seus longos e ossudos dedos que parecem não combinar com sua estatura baixa, vira as palmas das mãos para fora forçando os dedos, esses se estalam,ele os movimenta como um pianista aquecendo a mão pronto para tocara terceira sinfonia de Beethoven e começa um frenesi de digitação no teclado de seu notebook apoiado sobre a mesa. As palavras fluem por entre seus dedos inquietos escrevendo numa velocidade e precisão impressionante. O enredo do livro simplesmente ganha vida na tela do computador como ele nunca tinha feito durante toda sua carreira literária, então começa a escrever.
"Os clientes do restaurante ficaram admirados com a impactante entrada daquela bela e misteriosa mulher morena, bastou apenas o doce e inebriante aroma de seu perfume chegar à sua frente invadindo o recinto sem cerimônia para que as atenções, não só dos homens mas também das mulheres e funcionários, se voltassem para aquela mulher linda e sedutora. Charles bebia seu café fumegante após ter almoçado folheando o jornal distraidamente sem muito interesse sentado à mesa de granito escuro no canto da parede azul, sua distração se dissipou com a presença marcante dela, a contemplou começando pelos elegantes sapatos preto de salto alto, levantou vagarosamente seu olhar pelo elegante vestido vermelho rubi longo com fenda que deixava sua sensual coxa esquerda aparecer quando ela subia o degrau da entrada do restaurante, ela, percebendo os olhares lascivos dos homens do estabelecimento, deteve sua perna sobre o degrau mantendo sua coxa esquerda à mostra por poucos segundos, o suficiente para que Charles fixa-se sua visão nas pernas grossas e bem torneadas daquela mulher provocante".
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ESCRITOR PROFETA
Short StoryUm escritor frustrado. Uma inocente venda de garagem. Um notebook velho e misterioso. Uma criatura sinistra que realiza seus desejos. Estas são combinações fatais que culminaram com a morte de várias pessoas, e a juventude do proprietário do aparelh...