MEGA-SENA

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MEGA-SENA

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MEGA-SENA





Eduardo Lancastre, em pé, no ônibus lotado, mais uma vez sentiu raiva da família Gutemberg. "Senão fosse a indenização que tive que pagar para àqueles desgraçados, eu estaria dentro do meu carro do ano tranquilo,curtindo um som legal, se refrescando no ar condicionado",pensou irado com o suor escorrendo por suas têmporas e costas grudando sua regata no corpo.

O trânsito caótico dificultava a locomoção do transporte público deixando ele mais irritadiço. O ônibus parou para desembarcar um passageiro em frente à uma casa lotérica. Um vapor tórrido adentrou o coletivo arrancando queixumes dos passageiros por causa do calor excessivo, mesmo furioso, uma ideia lhe surgiu ao ver uma faixa pendurada na fachada da casa lotérica anunciando o prêmio da mega-sena, cento e trinta e seis milhões de reais. Ele, assim que desvendasse o enigma daquele poderoso notebook, tendo a certeza de que aquele aparelho não traria nenhum dano a sua existência, pois temia isso por causa das sensações sombrias que tinha sentido, iria usá-lo para ganhar o prêmio milionário e acabar de vez com sua mísera situação financeira. Se seu precioso aparelho pode realizar aqueles acontecimentos impossíveis, com certeza poderia lhe deixar rico, sua raiva se extirpou por alguns minutos pensando no que poderia fazer com todo aquele dinheiro, seria egoísmo de sua parte desejar ser rico com tantos problemas acontecendo no planeta? Ele poderia desejar acabar com a fome no mundo, até mesmo desejar a paz mundial, era apenas digitar um parágrafo no notebook que tudo era possível, mas um sentimento cruel passava por sua cabeça, "foda-se a paz mundial, foda-se as pessoas que estão passando fome, eu sempre se virei sozinho e nunca tive ninguém para me ajudar, porque ajudaria a humanidade?" Um sorriso cruel e egoísta aflorou em seus lábios finos, porém, a raiva voltou quando o ônibus parou em outro ponto embarcando vários passageiros fazendo ele ficar espremido no meio de pessoas suadas naquele ônibus abafadiço.


A casa onde ele comprou o notebook ficava próximo ao hospital particular (Copa Dor).Após sair de uma das sessões de fisioterapia, tentando recuperar os movimentos de sua perna esquerda quebrada em três partes, decidiu seguir a recomendação da fisioterapeuta dando uma longa caminhada.Acabou se deparando, no bairro vizinho, com uma venda de garagem,algo um pouco incomum no Brasil, mesmo assim ficou tentado com o preço super barato do computador, já que precisava de um notebook para escrever seus livros, pois o outro havia se espatifado no acidente, e dispunha de pouca grana para comprar um novo, acabou comprando o aparelho velho mesmo. Mal sabia ele que aquele notebook tinha um surpreendente poder sobrenatural.

Uma voz cansada e estridente soou atrás de si. - Eu sempre achei que essa casa tem uma atmosfera sombria - ele levou um susto com a pessoa que falou com ele. Se virou e viu uma senhora alta e esguia, com feições de idade avançada, mas com uma entonação de segurança na voz, em pé na calçada cimentada atrás dele.

ESCRITOR PROFETADonde viven las historias. Descúbrelo ahora