PORÃO
Os dois amigos chegaram cedo em frente o sobrado azul onde, a mais ou menos um ano atrás, Eduardo tinha comprado o notebook sobrenatural. Aplaca de vende-se permanecia fixada na janela do andar superior. Ele achou estranho que a casa não tivesse sido vendida durante aquele período. Eles tentavam olhar dentro da casa para saber se havia algo lá que denunciasse moradores. Nada; apenas a casa pura sem nenhum móveis.
- Eu posso ajudar vocês em alguma coisa? - soou uma voz cansada atrás dos dois amigos.
Eduardo perguntou reconhecendo a senhora de cútis escura que o tinha atendido da última vez: - Essa casa ainda não foi vendida?
-Foi sim meu filho, só que não ficaram muito tempo na casa. A família reclamou que a casa tinha muito barulho de madrugada e acabaram indo embora com medo.
- Então a casa está à venda de novo? - Guilherme perguntou.
- Está sim rapaz,parece que ninguém para nessa casa a não ser um velho esquisito que morou aí à algum tempo atrás.
- Obrigado pela informação senhora - Eduardo agradeceu.
- Não tem de quê -respondeu a senhora negra e esbelta. Antes de se virar e ir embora,ela olhou atentamente para Eduardo e comentou: - Eu já vi você alguma vez senhor? Seu rosto me parece familiar!
- Eu creio que não senhora, é a primeira vez que venho aqui - ele não queria dar explicações de como envelheceu quase vinte anos em apenas um.
- Eu poderia jurar que já o tinha visto aqui no ano passado, só que mais jovem, bem mais jovem - ela virou-se e começou a caminhar lentamente murmurando pra si mesma. - Não seria a primeira pessoa que conheci, e que envelhece tão rápido assim, o velhinho dessa casa também tinha essa doença de envelhecer rápido.
Os amigos ficaram surpresos com o comentário da idosa. Eles até pensaram em indagá-la, mas ela atravessou a rua indo se encontrar com outros idosos iniciando uma distraída conversa.
- O quê a gente faz agora Eduardo? - Guilherme chamava o amigo pelo nome de batismo, sem ser o apelido, quando estava realmente preocupado.
- Entra no carro,vamos na imobiliária comprar a casa.
- Como é que é?Comprar a casa? - Guilherme se surpreendeu com a declaração do amigo.
- Sim, comprar acasa. Da última vez que estive aqui até fingi ser um comprador pra ver a casa por dentro e não consegui descobrir nada, e como você acabou de ouvir, a velhinha falou que os últimos moradores foram embora por causa de barulhos na madrugada, então vamos comprar acasa e morar lá pra tentar descobrir alguma coisa! - Eduardo falava enquanto os dois entravam no Mustang.
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ESCRITOR PROFETA
Short StoryUm escritor frustrado. Uma inocente venda de garagem. Um notebook velho e misterioso. Uma criatura sinistra que realiza seus desejos. Estas são combinações fatais que culminaram com a morte de várias pessoas, e a juventude do proprietário do aparelh...