Capítulo 8 - nova residencia

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Duas semanas se passaram. Félix fechou contrato de venda da casa com o Sr. Benjamim. Durante uma tarde de sábado, minha família e eu começamos a fazer os preparativos para a mudança. Meu irmão e eu ajudamos nossa mãe a guardar as roupas nas malas. Meu pai e mais dois homens levavam os móveis para um caminhão que se encontrava a duas quadras da viela.

Alfredo e eu fomos para a varanda após alguns minutos. Nós dois nos sentamos no banco da varanda. Félix e os dois auxiliares saíram da casa com alguns objetos. Nós os perdemos de vista quando os três dobraram a esquina.

Nesse momento, Ernâni e Alan entraram na viela e se aproximaram da residência deles. Os dois usavam apenas chinelos e shorts. Eles pareciam nervosos. Ambos pisavam devagar no chão como se quisessem evitar fazer barulho. Eu não entendi o comportamento estranho deles.

Ernâni e Alan se enveredaram por um corredor estreito que havia entre as nossas casas. Nesse momento, o Sr. Asafe saiu por uma porta dos fundos da casa e se pôs na frente dos dois meninos. Ernâni e Alan ficaram paralisados por alguns segundos ao verem o pai deles. Asafe olhou para os filhos e lhes disse:

— Cadê as compras, seus filhos da puta?

— Fomos assaltados quando saímos da mercearia. Levaram tudo de nós — falou Alan, tremendo.

— Um ladrão roubou o nosso dinheiro também. Não podíamos fazer nada — disse Ernâni.

— Como vocês puderam voltar de mãos vazias, seus cretinos? — falou Asafe.

— O cara que nos assaltou tinha uma faca e ele era mais forte do que nós — disse Alan.

— Eu vou dar uma surra em vocês, seus vadios! — falou o pai deles.

Em seguida, uma sequência de eventos ocorreu tão rápido que mal pude processar. O Sr. Asafe deu um soco na boca de Alan enquanto Ernâni corria em direção ao cercado que havia em frente à casa deles. Eu fiquei em choque naquele momento. O Sr. Asafe nunca os agrediu fisicamente na minha presença antes. Até então, eu não imaginava que Asafe espancava os seus dois filhos.

Alan ficou tonto e caiu no chão. Quando Ernâni abriu a porta do cercado, Asafe o segurou pelo braço e jogou o menino contra a parede lateral da casa. Ernâni caiu no chão em seguida e começou a chorar.

Logo após, Asafe os arrastou para a porta dos fundos da casa que se fechou com estrondo logo após. Então, escutei sons altos de choro. Eu conheci um dos lados mais sombrios de Asafe naquele dia. Eu entendi a razão de Ernâni ser tão agressivo: O garoto era violento, pois o Sr. Asafe tratava seus filhos com violência. Eu tive medo daquele homem desde o primeiro instante em que o vi. O sujeito sempre tinha um olhar assustador. Qualquer general era uma menina perto do Sr. Asafe. Ele possuía a mesma energia pesada do meu pai.

Algumas horas depois, Mariane, Alfredo e eu entramos no caminhão de mudança. Nós três nos sentamos à direita do motorista. Papai decidiu ir de ônibus, pois não havia espaço no carro para mais um.

O caminhão partiu. Após alguns minutos de viagem, chegamos em um condomínio que se localizava no bairro Nilo Peçanha. O local fazia parte da periferia da cidade. Meu pai já estava nos esperando em frente à nova residência quando o resto da família chegou.

Mariane, Félix e o motorista começaram a levar os móveis para os aposentos da casa. Alfredo e eu fomos para o quintal. Havia um lago e uma floresta nos fundos da propriedade. O condomínio era muito arborizado ao contrário do outro bairro.

***

Como havíamos nos mudado para a nova casa no meio do ano, Alfredo e eu perdemos o ano letivo. O antigo colégio ficava muito longe do novo endereço. Eu fiquei feliz quando me livrei daquele colégio chinfrim.

O  Segredo de HugoOnde histórias criam vida. Descubra agora