Queria não ter participado daquele ritualzinho barato da Jenny, Achei que era só mais uma brincadeira como sempre. nunca acreditei que daria certo! eu não queria vê-los realmente.
não aguento mais ficar aqui...
Seria muita loucura da minha parte...
A fresta de sol que passava por uma pequena janela de ventilação com grades, incomodava os olhos, não aquecia como o sol de verão, era gélido, Mas ainda funcionava como o despertador natural de Hannah. Sempre acostumada a dormir no escuro, qualquer feixe de luz a incomodava.
Ainda fraca e com fome, Hannah levanta com seu mal humor matinal. Se desenrola do cobertor velho o jogando no colchão e vai até o lampião pegar suas roupas que haviam sido deixadas em volta da única fonte de calor do local para secar.
Apalpa sua face, imaginando o quão horrível devia estar. Afinal, havia chorado a noite toda, e seus olhos certamente estavam vermelhos e inchados.
A dor emocional de Hannah era tanta, que podia também, a sentir fisicamente em seu âmago.
Ela estava cheia de saudades de seus pais, sua vó, já doente pela idade avançada, e... Do mundo normal, O submundo é horrível! Apesar dela nunca ter saído para fora e visto onde exatamente está, ela sabia disso, uma verdadeira distopia, O clima era pesado, atmosfera Sufocante, por mais que ela puxasse o ar para seus pulmões, e o soltasse repetidamente, era impossivel tirar a sensação de ar estagnado de si.
É como se a morte vagasse por cada metro quadrado do prédio, Barulhos estranhos assustavam ainda mais a garota, gemidos, choros, ranger de dentes, unhas arranhando as paredes, E o pior, é que ela simplesmente não consegue mais identificar se é real, ou se é apenas sua mente lhe pregando peças. Tudo naquele lugar cooperava para prejudicar ainda mais seu psicológico, desde o lugar, até as "pessoas".
Hannah
Repouso meu corpo fraco até o colchão, e aqui, me sento abraçando os joelhos, e fico pensando em coisas que aparentemente você só deixa para pensar quando está em algum apuro.
TAM!* Um barulho na porta me assusta, empurro para o fundo da mente, todos os pensamentos que até agora eram prioridade.
Olho atentamente torcendo para não ser Ann, ou outro deles querendo me matar. Vejo então uma pequena portinha, semelhante á uma escotilha, se abrir na grande porta de ferro, não havia reparado nela, é realmente muito discreta, uma vasilha com algum liquido dentro e uma colher, é empurrada para dentro. Espero alguns segundos, e nada mais se mexe, silêncio.
"Oque é aquilo?" me pergunto, vou até lá, e me abaixo para pegar o pote, me parece uma espécie de sopa com uma cara ruim.
— Pior que o creme de milho da escola não deve ser.— Penso alto.
—Creme de milho da escola? Como ele é? — uma voz infantil e melodiosa ecoa de algum lugar na cela, um lugar bem perto.
Me arrepio por completo, olho para frente, e em um impulso salto para trás caindo no chão horrorizada. Há uma cabeça saindo da porta? E falando comigo ?! Não... Devo estar louca! Muito louca! Completamente pirada. Esfrego os olhos e chacoalho a cabeça bruscamente, abro os olhos na esperança que aquilo sumisse, mas ainda está lá, me parece real agora.
— Ei não vai me responder ?
— ahhh ! Sai ! — é tudo oque consigo dizer, me rastejando para longe da porta.
Olho novamente, para a cabeça estática com traços femininos, que mantém seus olhos vidrados em mim.
— Está com medo de mim? — ela pergunta, logo, um braço sai da porta.
— O que é você ? — pergunto baixinho, mas alto o suficiente para ela escutar.
—Eu sou eu óra!— a menina sorri , e então começa a entrar por completo na sala.
como se atravessasse a porta, uma garota de aparentemente 8 anos, cabelos cor de mel, olhos verdes, vestido rosa, e segurando um ursinho, entra na cela. Curiosamente ela está suja de sangue e barro.
Sally Williams?
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Ela me olha, e pega a tigela do chão.
— Come, trouxe para você.— ela entrega para mim, e eu pego tremendo.
Olho para seus pés, e ela está flutuando. "por que está tão surpresa? idiota, ela é um espírito sem paz" penso.
— Por que você não me responde? Fiz duas perguntas para você.— ela parece um pouco decepcionada.
— D-desculpe, pode perguntar de novo?
— está com medo de mim ?
Os olhos dela... É como se cobrassem sinceridade.
— não sei bem, acho que só estou surpresa por estar vendo você.
— am?
—bom é que... Sabe, você... Flutua. — prefiro não dizer agora que ela é uma lenda famosa no outro mundo.
Ela solta uma risadinha infantil e inocente, gostosa de se ouvir.
— como é o creme de milho da escola?
crianças...
— uma pasta amarela bem ruim com algumas coisas brancas que ninguém sabe oque são.
— igual essas coisas da sopa, ninguém sabe o que são. — em quanto ela ri, eu olho para a sopa e me enojo.
Mas estou com muita fome, na fome comemos qualquer coisa que não nos dê desinteira ou nos faça morrer. Mexo o liquido um pouco espesso com a colher e tomo coragem.
— pode comer, não é tão ruim assim.
— é sopa de que?
— am... Come primeiro, depois eu digo.
Olho para ela imaginando o que seja, carne de rato ? Bom vamos acabar logo com isso, como a primeira colherada, e não é tão ruim assim, apenas amarga no final, então tem que comer rápido, uma colher atrás da outra.
— Parece que você já entendeu como tem que comer — ela sorri.