Capítulo 4

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Ele não estava com a roupa que estava mais cedo, usava um boné e óculos escuros, quase irreconhecível no meio das pessoas que, como sempre, passavam apressadas. Provavelmente não o reconheceria se eu não fosse eu e ele não fosse ele, e, por esse mesmo motivo, eu atravessei a rua com um sorriso que não conseguia esconder.

-Pensei que estava bem disfarçado. -Ele fez uma careta por baixo dos óculos escuros.

-E está. Só achei estranho um cara parado na calçada no centro de New York e aí quando prestei atenção deu pra reconhecer. - Menti, enterrando a unha na própria palma da mão, como um auto castigo por ter mentido para ele.

-Tem sentido. -Concordou. -Vim cobrar o café que você falou que tomaria comigo. -Comentou, indicando com o polegar o estabelecimento logo atrás dele.

-Claro. -Sorri, assentindo, seguindo-o logo depois para dentro da cafeteria.

Ele puxou uma cadeira para mim em uma mesa mais ao fundo, longe das vitrines, meio escondido, e se sentou na cadeira da frente. Pedimos o café assim que a garçonete se aproximou e quando se afastou voltamos a nos olhar.

-Desculpa os óculos, sei que já está escurecendo... -Comentou, tirando o óculos e colocando-o sobre a mesa. -Esses últimos dias tem sido uma doideira com paparazzi e tudo mais.

-Tudo bem, eu entendo. Quero dizer, imagino que deve ser chato isso o dia todo, né? -Comentei, espremendo os lábios na tentativa de demonstrar minha solidariedade.

-Cansativo. -Concordou. -Desculpa ter aparecido sem avisar. Não confirmei nada hoje cedo porque estava com medo de aparecer um compromisso de última hora e ser obrigado a desmarcar.

-Sem problemas. -Sorri, simpática, tamborilando os dedos no mármore escuro da mesa.

Antes que o silêncio constrangedor pudesse se instalar, a garçonete já estava de volta com nossas bebidas, o que me fez agradecer silenciosamente.

-Depois do nosso momento íntimo no provador, nada melhor do que um bom café, não é mesmo? -Ele ergueu seu copo para brindar com o meu, o que me fez rir, aceitando o brinde. -Por mais momentos íntimos no provador! -Completou, me fazendo tapar a boca com uma das mãos para conter o riso, enquanto brindava.

-Na próxima vez que vocês vierem o trocador fixo já deve estar terminado. Ai será mais difícil acontecer esse tipo de incidente. -Comentei, dando de ombros, "fingindo" uma súbita tristeza.

-Então já vou começar a pensar em uma outra desculpa. -Ele coçou o queixo como se estivesse pensando o que me fez rir pelo nariz e, provavelmente, corar, bebendo meu café quando notei que não sabia o que falar.

-Ai! -Afastei o copo da boca rapidamente, colocando os dedos sobre os lábios doloridos.

-Queimou? -Ele franziu o cenho e eu assenti, rindo da minha própria estupidez. -Quer um beijo pra sarar? -Sorriu malicioso e meus olhos se arregalaram sem que eu conseguisse me conter. -Calma, estou brincando! -Ele ergueu as mãos, com certeza interpretando mal o meu espanto, o que me fez rir sem saber o que dizer novamente. Joe Jonas dando em cima de mim e, como sempre, eu estragando tudo.

-Acho que esqueci que café é quente. -Comentei, me arrependendo logo depois de me ouvir, o que pareceu ainda mais estúpido, mas ele só riu de leve e abriu um sorriso encantador, que me fez sorrir junto.

-Está um pouco vermelho. Melhor colocar um gelo ou algo do tipo. -Comentou, e antes que eu pudesse falar qualquer coisa ele fez um sinal para a garçonete e pediu água com gelo assim que ela se aproximou.

-Obrigada. -Comentei, pegando um guardanapo e passando-o levemente sobre a boca para ter certeza que não tinha me sujado de café. -Está muito ruim? -Perguntei, passando a língua de leve pelos lábios para sentir se doía ou não.

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