Sem Revisão
A cidade está em luto. Em todos os meios de comunicação atuais só se fala do assassinato do prefeito Jonas Ferreira. Era óbvio que isso viria à tona, ainda mais pelo modo que ele foi morto.
Nesses últimos dois dias me senti um lixo, um ser repugnante. Tive parte na morte de Jonas, isso vai ficar marcado para sempre na minha memória. Não consegui fazer ou falar nada. A letargia não passava. Tive crises de pânico duas vezes, dessa vez a foi minha barriga que sofreu nas minhas unhas.
Cada vez que fecho os olhos minha mente repente a cena horrível da morte. O sangue, os gritos. Não dormi e nem comi, passei as noites em claro. Minha aparência pode assustar qualquer um.
Mas dessa vez preciso sair desse estado que me encontro. Tenho um funeral para ir.
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O corpo de Jonas foi cremado. Agora está sendo realizada uma pequena cerimônia no salão da prefeitura. Marília Souza, ex mulher de Jonas, me pediu para estar presente. Ela soube que eu estava ao lado de Jonas quando ele foi morto. Deve saber como me sinto, não é? Pior do que eu estava. Suspiro cansada. Ver os filhos e amigos de Jonas chorando quebra cada pedaço do meu coração.
Cogito ir embora, morrer, chorar, gritar. Quero fazer tudo isso. Mas não dá, tenho muitos motivos, mas não posso fazer isso.
As pessoas vêm até mim e sou tratada como uma vítima pela cena que presenciei, que uma jovem moça não deveria viver aquilo.
Todas essas palavras, afagos no ombro, sorrisos de pena. Eu só queria sumir.
- Senhorita Tavares? - uma voz doce e gentil soa atrás de mim. Viro e deparo-me com Marília. Meu peito aperta ao ver seus olhos vermelhos e inchados. Ela está segurando a mão de uma criança, seu filho para ser mais exata.
- Sinto muito...
Ela tenta sorrir, mas não consegue. Eu simplesmente desmorono na frente dela. Deixo toda a dor e culpa saírem de mim. Ela diz algo para o menino e ele vai embora. Sou envolvida em um abraço afetuoso. Não mereço nada disso.
- Sinto muito que a senhorita tenha presenciado aquilo. - Marília diz. - Mas vamos encontrar quem fez aquilo.
Tem como ficar pior?
É óbvio que sim. Ainda mais quando meus olhos encontram Alek Seveskoy me encarando.
Cada passo que ele dá na nossa direção faz cada parte do meu corpo entrar em alerta. A crise de pânico ameaça aparecer e abraço Marília mais forte. Não. Não. Por favor, agora não.
- Marília? - Alek pergunta.
A mulher tenta se soltar, mas simplesmente não consigo deixá-la ir.
Várias vozes soam aflitas ao meu redor. Minha visão começa a ficar turva e então sinto o vazio e escuridão.
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- Ela vai ficar bem? - a voz de Marília é baixa.
- Sim. São crises de pânico. Não é muito frequente, mas ela vai ficar bem.
Alek. Como ele sabe disso?
- Bem, Lucas dormiu e eu tudo o que mais preciso e descansar.
Ouço seus passos distanciarem.
- Sinto muito pela morte de Jonas. - Alek diz. - Ele era uma boa pessoa.
- Obrigado.
O som da porta fechando e os passos pesados faz eu abrir os olhos.
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Perigo Extremo - Duologia Assassinos (IM) Perfeitos #1
RomanceQuando Stella Tavares descobre que seu irmão foi sequestrado, ela contrata os serviços do assassino russo Alek Seveskoy. A renomada advogada está envolvida em uma teia de mentiras e poder, onde o mais forte sempre vence. Com a ajuda do belo e brut...