No dia a seguir Olivia acorda sozinha na cama, começa a apalpar o outro lado onde estaria Nathan e nada, senta-se esfregando os olhos e bocejando enquanto que se espreguiça esticando os braços para cima. Quando abre finalmente os olhos não vê ninguém e decide ir a procura do telemóvel para ver as horas. Levanta-se e dirige-se ao sofá em que se encontrava, para além da sua mala as suas roupas bem direitinhas. Abre a mala e tira o telemóvel que marca 10:00 em ponto. Vai a casa de banho fazer o seu xixi matinal. Senta-se na sanita e após uns segundos ouve a porta da entrada abrir e logo a seguir a fechar-se. Apavorada mete-se bastante reta e começa a olhar para os lados a procura de algum objeto com que se possa defender. Agarra num ferro, que antes estaria pendurado para meter as toalhas, e levanta-o para trás das costas do seu lado direito. Sai sorrateiramente da casa de banho e vai com pezinhos de lã até a cozinha, quando chega vê um rapaz loiro de costas. A dúvida começa-se a apoderar dela, seria Nathan ou Ben que estaria ali? Pois de costas são os dois muito parecidos a única diferença é que um tem os olhos castanhos e outro azuis. Levanta o ferro para cima da cabeça e quando ia atacar, o rapaz vira-se e ela para.
- O que estás a fazer? – pergunta Nathan confuso por a namorada estar com um ferro pronto a ataca-lo.
- Ah, nada. – diz Olivia baixando o ferro e metendo-o de lado, estava embaraçada por quase ter atacado o namorado.
- Olivia por acaso estavas a pensar atingir-me com isso? – pergunta Nathan encostando-se a pequena ilha da cozinha.
- Não, achas? – perguntou Olivia abrindo a boca tentando se mostrar chocada, mas Nathan não foi na conversa e apenas ficou a olhar para ela a espera que desembucha-se. – Ok, sim ia atingir-te, mas foi só porque achei que eras o Ben. Sabes vocês de costas são muito parecidos.
- E que tal da próxima vez que tiveres dúvidas chamares a pessoa ou algo do género, antes de aleijares alguém. – diz Nathan pegando no ferro e atirando-o para cima do sofá. Não queria mais nenhum acidente. Nathan não se encontrava chateado com a namorada, mas sim preocupado com o que poderia estar a passar na cabeça desta.
- Sim tens razão. Mas na altura fez sentido, desculpa.
- Não tens nada que pedires desculpa, anda vamos tomar o pequeno almoço que fui buscar, ainda deve de estar quentinho. – diz tirando de um saco umas caixas com waffles e dois cafés da Starbucks em cima da bancada de ilha. Nathan sabia que ela preferia chá a café, aprendeu isso numa das tardes que ela passara com ele no hospital. A mãe do Nathan havia ido buscar café para todos e Olivia recusou o dela dizendo que não bebia, era pouco comum alguém desta cidade ou até mesmo deste país não gostar de café. Contudo se o café estivesse misturado com bastante leite ela o bebia.
A manhã passou-se e ficaram sentados no sofá a ver televisão, nada em específico, apenas a fazer tempo até ele leva-la de volta a casa. Perto da hora do almoço lá foram eles embora do seu pequeno covil. O caminho foi calmo e bastante rápido não havia quase ninguém na estrada. Chegaram a casa de Olivia e esta abriu a porta, uma vez mais não estava trancada, tal como ontem. Prometesse a si mesma que começara a trancar a porta todos os dias.
- Filha. – dizia Natalie, com grandes olheiras, mal viu Olivia – Como estás?
Olivia não sabia o que dizer e olhava alternadamente para Nathan e para a sua mãe. Não estava nada bem, mas também não o queria admitir. Sentia-se muito envergonhada com o que lhe acontecera para o meter em palavras. Só queria esquecer aquele pesadelo e seguir em frente com a sua vida.
- Não tens que te preocupar com nada já tratei de tudo ontem a noite com a Cat e ela já pediu uma ordem judicial para ele não se aproximar de ti. – dizia Natalie, ontem depois de receber o telefonema de Nathan jurou a si mesma que não deixaria Ben aproximar-se mais da sua filha. Ficou bastante aterrorizada com a situação e sentia-se culpada por não ter feito logo queixa dele naquela manhã. Só que nunca havia passado por uma situação daquelas e não estava propriamente informada de como se poderia fazer queixa. Será que se podia fazer queixa por alguém dizer palavras obscenas a outras? Ou ninguém liga a isso? Será que se podia fazer queixa por alguém tentar beijar-te? Ou a justiça não iria querer saber sobre isso? Até que ponto é que se podia começar a chamar de violação?
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Lentes da Vida
Novela JuvenilA auto descoberta de uma rapariga de 16 anos, chamada Olivia Davis. Quando tudo na sua vida parecia estar a desmoronar. No meio desta jornada ela batalha com o seu amor-próprio, a sua confiança e a sua coragem. Que todas as histórias tem duas versõe...