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— Mas se me matar não vai saber. — o rapaz sorriu e deixou a colher que segurava de lado. — Você sabe que dividas públicas aumentam, certo? Como acha que seus pais pagam as contas de água e luz, que são serviços que ainda usam?

— Talvez eles ainda tenham dinheiro guardado. — respondeu a mais nova exalando esperança no olhar. Mas Defteros mordeu o lábio inferior negando com um balançar de cabeça. — Como sabe das dívidas ?

— Algumas são públicas e outras são com o banco. — o empresário moveu os olhos para encarar a garota. — Seu pai precisou fazer empréstimos para pagar algumas coisas e infelizmente usou a sua casa como garantia.

Sasha olhou o homem de cabelos azuis e se levantou decidida, não iria ficar para ouvir mais nenhuma palavra. Andou até o balcão e depositou o dinheiro sem ao menos pensar se poderia ou não receber o troco. O mais velho se levantou e fez que não com a cabeça, enquanto pagava pelo sorvete ele avistou a garota passar ao lado do vidro que dava para a rua. Dentro do coração da jovem predominava uma imensa desconfiança, mas não era maior que seu medo, se isso fosse realmente verdade, o que iriam fazer quando perdessem a casa? E quando seus pais lhe contariam sobre? Quando não houvesse mais chance de ajuda?

Defteros andou pela calçada tentando alcançar a amada, mas tudo que pôde ver foi a mesma se bater com um homem muito mais alto e que não parecia nem um pouco amigável.

— Já pensou em olhar por onde anda, pirralha? — o homem perguntou enquanto a segurava pelos ombros. — Vou te perdoar por ser tão bonitinha assim.

— Eu estava distraída. — ela respondeu tentando se soltar.

— Talvez eu possa te distrair um pouco mais, que tal? — o mais alto perguntou se aproximando do rosto da menina.

— Não será necessário. — a voz de Defteros soou perfeitamente para Sasha. O geminiano passou os braços ao redor do corpo da mais nova e a puxou para que se colasse ao corpo dele. — Eu já a distraio muito bem. — o empresário sorriu e depositou um beijo no rosto da menina, que ficou estática sem saber o que dizer.

— Oh. — o homem sorriu. — Eu não sabia que ela era sua garota. Me desculpe.

— Ela é sim. — Defteros sorriu. — Estamos noivos inclusive.

— Meus parabéns! — o homem disse enquanto se retirava. Deu um tapinha no ombro de Defteros como se estivesse o parabenizando e logo foi saindo sem olhar para trás. Em retribuição Sasha deu uma cotovelada na barriga do geminiano que o fez a soltar de imediato.

— Grossa. — riu enquanto se afastava. — É perigoso andar por aí sozinha, devia ter me esperado.

— Eu não preciso da sua proteção. — era evidente a irritação nos olhos da garota, que de braços cruzados continuou andando. — Já pode ir embora!

— Irei te acompanhar até em casa, para garantir que fique segura. — insistiu o outro enquanto se colocava ao lado da menina e andava. — E não adianta fazer show, irei e pronto.

— Ninguém se importa com tua presença Defteros, você estando ou não, da no mesmo. — respondeu.

— Eu irei te provar que não, existirá um dia que se você sentir medo, meus braços serão o primeiro local que vai desejar estar. — explicou o homem enquanto sorria. Sasha podia até ser brava e muito grossa com ele, mas ele tinha uma coisa que não o deixaria desistir, o amor por ela.

— Eu ainda não entendi qual é a sua. — admitiu a menina parando os passos e olhando o empresário nos olhos. — Veio até um bairro como este; chantageou meus pais; levou inúmeros foras e ainda continua aqui?

— Isso se chama amor, minha cara, ao contrário da senhorita, eu tenho coração. — o rapaz respondeu de forma tão séria que Sasha se calou, não teve coragem de continuar. — Deixe de achar que só por possuir dinheiro eu perdi a essência de um verdadeiro homem, não sei se te ensinaram assim: mas antes de pedir a garota se deve pedir ao pai dela. — Defteros queria dizer que mesmo tendo feito certas coisas que não houvessem justificativas ele a amava, e era isso que realmente importava. — Infelizmente você só consegue notar o lado ruim, presta atenção, você mesma acabou de dizer, acha mesmo que eu gastaria meu tempo para vir aqui se não a amasse de verdade? Você não me conhece Sasha e se continuar agindo e pensando desta maneira não terá nem a chance de tentar.

— Quem você pensa que é pra falar assim comigo? — a menina olhou-o incrédula, ele tinha razão, mas isso ela jamais admitiria

— Sou um homem. — ditou o geminiano puxando-a pela cintura para deixá-la ainda mais perto. — Olhe bem nos meus olhos e tire suas próprias conclusões.

— Eu só vejo um garoto mimado que acha que pode ter tudo que quer. — ela respondeu colocando as mãos contra o peito do rapaz.

— E se tudo que eu queira for você? — ele perguntou enquanto deslizava a mão pelos longos cabelos da menina. — Será que posso ter?

— Nunca!

Sasha o empurrou livrando-se de seus braços e correu na direção da casa dos pais. Defteros, como prometeu, a seguiu, mas deixando-a numa distância suficiente que pudesse apenas vê-la de longe. Queria poder correr atrás dela e a convencer de seus sentimentos, mas se bem lembrava de um conselho de Hasgard, ela precisava de tempo e quando tivesse refletido o suficiente ela o chamaria, disso ele não tinha dúvidas.

A garota parou uma casa antes da sua para esperar o empresário, seus olhos transbordavam lágrimas que insistiam em querer cair, mas ela resistia e olhando para o chão refletia sobre sua real situação. Quando sentiu a presença de seu pretendente ao seu lado ela se virou, mostrando a linha d'água preenchida. Defteros sentiu uma profunda dó em vê-la daquela forma, mas devia ser duro agora.

— Você está a salvo. — ele suspirou. — Irei me retirar.

— Onde vai? — a garota perguntou enquanto sentia a lágrima lhe molhar as bochechas.

— Trabalhar. — respondeu enquanto limpava as lágrimas da amada. — Pare de chorar, e se precisar de mim, sabe onde me encontrar.

Sasha não imaginava que ele poderia ser tão sério e naquele momento começou a reparar no chantagista como um homem. Os longos cabelos azuis davam ao meio das costas e o rosto juvenil era muito chamativo, os olhos azuis combinavam com o tom de pele e o corpo, por mais que tivesse coberto por toda aquela roupa elegante, era muito bem trabalhado. Enquanto entrava em casa ela pôde se lembrar da força dos braços que a agarraram momentos atrás, será que era nesses braços que ela queria estar?

— Sasha? — Shion chamou olhando a filha. — O que aconteceu filha?

— Precisamos conversar, pai. — a menina suspirou limpando os olhos.

Saint Seiya - The Reason Onde histórias criam vida. Descubra agora