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Os olhos cheios de lágrimas da menina denunciavam sua decisão dolorida, não queria que seus pais perdessem tudo que tinham, se é que tinham algo, se não aceitasse a proposta de Defteros ela teria que morar na rua, visto que tudo tomaria um rumo horrível daqui para frente, Sasha não tinha opção, ia se sacrificar pelo bem de toda sua família, assim como seu pai a ensinado que deveria ser.

— O que aconteceu Sasha? — replicou Shion se aproximando da menina. — Aquele homem te fez alguma coisa?

— Não! — ela respondeu de imediato, não queria defendê-lo, mas também não podia acusá-lo. — Eu já sei de tudo. — a garota caminhou para o sofá e se jogou no móvel como se tivesse mostrando sua desistência.

— Tudo o que? — Yuzuriha estranhou.

— De todas as dívidas, dos empréstimos, de tudo. — explicou a mais nova sentindo um misto de ódio e tristeza tomar seu coração. — Eu vou aceitar a proposta dele!

— Você enlouqueceu? — Shion gritou mostrando sua autoridade. — Não pode se casar com quem não conhece!

— Pai, você não entendeu, acabaram as opções, ou me caso com Defteros, ou vamos morar na rua! — a garota respondeu em mesmo tom. Ambos tinham personalidades parecidas, exceto pelo orgulho que Shion possuía, ele não queria que tivesse que aceitar ajuda de ninguém. — Ligue para ele. — continuou a garota de cabelos lilases olhando para a mãe.

— Vamos arrumar outra solução. — o mais velho passou a mão pelos cabelos. — Filha eu não quero te ver casar com quem não ama, não quero que tenha que passar por algo assim porque eu não fui capaz de erguer nossa família.

— Pai, eu faria qualquer coisa por vocês. — insistiu. — Ele não parece ser alguém ruim, tenho certeza que o senhor pode impor algumas condições sobre esse trato.

— Shion, desculpa, mas Sasha tem toda razão. — os lábios de Yuzuriha se forçaram um contra o outro ao ver a expressão do marido, que completamente bravo subiu as escadas sem responder mais nada.

— Mãe… — Sasha olhou a loira com preocupação, mas esta sorriu passando ar positivo para a filha.

— Ligue para ele, deixe seu pai comigo. — piscou para a mais nova.

Yuzuriha conhecia o marido muito bem e mesmo sabendo que este possuía um orgulho enorme, ela sentia em seu interior que o empresário precisava de uma chance com sua filha. Apesar de não conhecê-lo, seu sexto sentido feminino não falhava jamais, ela tinha certeza absoluta que Defteros era uma boa pessoa, e pensando nisso estava disposta a arriscar o próprio pescoço. Subiu as escadas calmamente e entrou em seu quarto, onde encontrou o rapaz de cabelos verdes sentado sobre a cama, precisava dizer á ele sobre o que pensava, mas não via uma boa forma.

— Amor… — a mulher se ajoelhou frente ao homem e puxou o rosto do marido para si. — Vamos conversar?

— Não. — revidou o outro. — Já sei que você quer me convencer a deixar ela ir com ele. Nem tente.

— Para com isso, Sasha é uma mulher já. — os dedos delicados da loira deslizavam pelo rosto do homem em forma de carinho. Ela sabia que somente desta forma Shion iria ceder a algo. — Vamos dar uma chance?

— Uma chance, amor? — o mais velho a olhou sério. — O que quer dizer com uma chance?

— Que podemos dar uma chance a ele e se não der certo desistir. — insistiu, Yuzuriha sabia que se algo saísse errado ela quem ficaria com a culpa, mas sabia também que seu coração jamais deu palpitação falsa. — Vamos lá, eu prometo que faço todas as suas vontades caso você permita.

— Você sabe a minha vontade agora. — o homem suspirou e a puxou para seu colo. — Só tem uma coisa que eu queira mais do que matar o Defteros: você.

A mulher sorriu e sentiu seu corpo ser jogado sobre a cama, Shion as vezes era imprevisível, tudo que ela podia prever era que ele a amava e daria tudo por ela e pela filha, mas como iria demonstrar isso ela não tinha ideia, as vezes podia ser fazendo amor, mas também matando quem ficasse de gracinha com Sasha. As unhas médias de Yuzuriha passeavam pelos cabelos do marido enquanto este a beijava calorosamente, apesar de terem Sasha, eles ainda eram novos o suficiente para desfrutar de todo o calor de um casal recém-casado.

Enquanto seus pais aproveitavam no quarto, Sasha estava na rua procurando um telefone para que pudesse ligar para Defteros. Entrou calmamente numa loja em que o dono já a conhecia e pediu para usar o telefone, esperou paciente para ser atendida.

— Alô? — uma voz feminina atendeu a chamada. Era visível a insatisfação no rosto da pequena.

— Alô, por favor, eu gostaria de falar com o senhor Defteros, diga que é a Sasha. — a garota respondeu mantendo a paciência, pois pensou que talvez fosse a secretaria do rapaz. Ouviu um pequeno barulho e logo pôde sentir a potência da voz do empresário.

— Alô, Sasha? — perguntou o menino dando atenção redobrada para o celular.

— Preciso de você. — confessou a garota com uma vez baixa. — Não demore. — e bateu o telefone no gancho.

Defteros sorriu e girou sua cadeira comemorando pelo chamado de sua amada, ele sabia que Sasha o procuraria e estava feliz por seus planos estarem a dar certo. Pediu a secretaria para que desmarcasse seus compromissos e desceu o prédio para pegar o carro. Enquanto dirigia pensava nas possíveis formas de pedi-la em casamento daqui um mês, ele não conhecia seu coração, mas sabia que ela o esconderia até o último momento e seria uma tarefa difícil fazê-la gostar dele. Mas não era impossível, e isso era o suficiente.

Sasha batia os dedinhos contra a própria coxa enquanto esperava pela chegada do rapaz, seus pais pareciam ter prolongado os beijos e estavam demorando a descer. Ela já estava impaciente quando ouviu uma batida na porta, levantou-se rapidamente, vestia um vestido branco e estava somente de meia, não queria sujar o piso que sua mãe tinha levado horas no dia anterior para limpar. Quando girou a maçaneta da porta vislumbrou os belos olhos azuis do mais velho a olhá-la, seu desejo era agredi-lo, mas não podia.

— Estou aqui, senhorita. — ele sorriu se aproximando, mas logo percebeu que ela não gostou da proximidade. — Posso entrar?

— Pode. — ela abriu passagem fazendo um rosto emburrado e logo viu o empresário se sentar, como se já lhe fosse íntimo.

— Onde estão seus pais, querida? — ele perguntou passando os olhos pela casa.

— Estão lá em cima. — a menina se sentou no sofá oposto ao homem. — Se importa de esperar? Eles estão… Fazendo coisas de adulto.

— Coisas de adulto? — Defteros sorriu com a expressão usada pela menina. — No meio do dia?

— E só pode fazer á noite? — Sasha o olhou como se questionasse o horário correto realmente e não estivesse a debochar.

— Não, não. Basta ter vontade, ai se pode fazer o horário que quiser. — ele explicou tranquilizando a menina. — Espero que não demorem.

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