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Um novo dia amanheceu em Veneza, apesar de gélido, ele trouxe alívio para o Conti, Defteros havia se preocupado tanto com o bem estar de Sasha, havia ficado tão nervoso só de pensar em como ela poderia reagir diante toda a situação, mas não tinha dúvidas da maturidade que a amada tinha, diferente de muitas garotas de sua idade, Sasha jamais se comportou como alguém que vivesse longe da realidade, ou até mesmo, que acreditasse que os pais nunca pensassem em seu bem estar, como a maioria dos adolescentes se comportam. Ela tinha em mente que, por serem pais, eles iriam sempre cobrar dela alguma coisa, mas não que isso fosse ruim, pelo contrário, os pais aprendem a serem pais com o caminhar para a vida, e todo pai erra, as vezes erros maiores do que esperamos, mas jamais podemos cobrar deles algo que os faça imaginar que devem ser perfeitos.

Ele a tinha do lado, dormindo num sono tranquilo, coberta pelos cobertores quentes e ao lado o homem que a amava. Diante tudo que aconteceu, o geminiano sequer podia imaginar que tudo fosse dar tão certo, aquilo era como um alívio para seu coração.

O celular vibrou sobre o criado mudo, anunciando a chegada de um torpedo, ele se esticou para olhá-lo, era Regulus, seu primo mais novo, que outrora havia anunciado que viria para Itália, precisava cancelar a viagem por causa de um imprevisto, precisavam entregar os modelos urgentemente para a confecção. Defteros riu e agradeceu, seria horrível manter Regulus, Sísifo e Aspros no mesmo lugar, e podia apostar que até mesmo ele perderia a cabeça. Mas agora, longe de toda essa preocupação, ele queria aproveitar o domingo ao lado da namorada.

— Amanheceu? — a voz manhosa saiu abafada, mas não deixava de ser bela.

— Sim, mas ainda é cedo. — ele anunciou calmamente, seus dedos deslizavam pelo cabelo da garota fazendo carícia. — Não se esqueça que vai pra casa do seu pai hoje…

— Eu não esqueci. — sentou-se, mas assim que notou o frio, abraçou-o para esquentar-se. — Vamos tomar banho, e ai podemos ir.

— Tudo bem, dorminhoca. — Defteros passou os braços pela a amada e a foi levando para o banheiro.

Pelo que Degel havia explicado, eles ainda moravam na mesma casa da época de faculdade, essa ficava numa área mais de campo, afastada de todo barulho. O que tinha ficado mal explicado era de onde eles se conheciam, e como, porque pareciam tão íntimos.

— Defteros. — a mais nova chamou enquanto se olhava no espelho, vestia uma calça jeans preta, camisa social feminina cinza e estava ainda descalça. — Você e o professor Degel se conhecem tão bem… — ela direcionou o corpo para o mais velho, e tentava escolher uma camisa que combinasse com a jeans que usava. — Você menos formal até parece alguém normal.

— Mas eu sou normal. — ele sorriu, os cabelos ainda úmidos deixavam gotas de água caírem por seu peito. — Eu, Kardia, Defteros, Asmita e mais alguns, fomos amigos de escola e depois de faculdade. Mas com o tempo cada um tomou seu rumo.

— Entendi. — ela sorriu se aproximando. — Deixa eu escolher, você demora demais. — a mais nova arrancou uma risada do azulado enquanto buscava por uma camisa, pegou uma branca sem detalhes, de um tecido fino e mangas longas. — Pronto.

Após vestidos, eles foram para o café da manhã. Sasha levava consigo uma pequena mochila com tudo que ia precisar, Defteros voltaria na segunda de manhã para justificar a falta de Degel e Sasha a escola, mas ela ficaria até pelo menos Aspros ir embora, o que era imprevisível, logo, seria Degel a levá-la no encontro com a escritora do livro. 

Depois da refeição ambos foram para o carro, demoraram um pouco até chegar a casa, mas valeu a pena. Eles entraram por uma trilha de árvores que formava um arco gigante acima, aos lados era possível ver muitas árvores frutíferas, quando chegaram a casa, Sasha pôde notar que não era apenas uma simples casa, era uma mansão, um pouco maior que a de Defteros e com uma arquitetura mais rústica. Dois andares, e com uma escadaria que dava para a porta de entrada. As paredes tinham um tom de areia, que se misturavam com o verniz das portas e janelas deixando um olhar aconchegante do local.

— Nossa... — a roxeada sorriu cheia de surpresa. — Eu achei que você era exagerado.

— Ahh Sasha, você as vezes é tão boba. — o mais velho segurou-a pela mão, mal sabia ela que toda sua gestação havia sido nessa casa, e que toda a sua infância também deveria se passar por ali.

— Bom dia para vocês. — Degel vinha descendo as escadas, parecia calmo e principalmente, feliz. — Irmãzinha… Deixe esse rabugento para lá, venha comigo. — o aquariano puxou-a para si, deixando Defteros sozinho.

— Depois não venha me chamando de amor. — o geminiano revidou brincando, e essa foi a deixa para a garota mudar totalmente de cor, ela só o tinha chamado assim algumas vezes.

Ao início da escada, havia uma linda mulher, os cabelos azuis chegavam até a cintura e os olhos eram tão límpidos quanto o céu. Vestida num vestido branco que ia até os pés, essa era Serafina, a namorada de Degel.

— Quem é ela…? — Sasha perguntou segurando a mão do irmão com firmeza.

— Ah… É minha namorada. — ele explicou sem delongas, mas para a garota isso parecia muito estranho, não conhecia ainda um lado do irmão que pudesse namorar. — Viu, ela não é linda? — perguntou a companheira assim que chegaram acima das escadas.

— Ela é muito linda. — a azulada concordou sorrindo. — E é tão parecida com sua mãe, seja bem vinda, Sasha. — a mulher não se controlou, puxou a menina para um abraço apertado, e claramente Sasha retribuiu.

Serafina conhecia a família de Degel desde criança, afinal, o aquariano sempre foi melhor amigo de seu irmão, Unity, assim ela sempre teve noção do sumiço da irmã do namorado, e ela sempre o deu muito apoio para procurá-la, sendo até um dos motivos para ele não ter desistido.

— Vamos entrar? — Degel chamou enquanto abraçava uma das meninas com cada braço e as foi conduzindo para dentro. — Não fica triste não Defteros, eu já devolvo sua namorada.

— Tudo bem, eu entendo, mas só desta vez. — o geminiano brincou enquanto adentravam a sala da casa.

Assim como era por fora, por dentro também era um imensidão. O tapete da tinha um tom roxeado, as escadas que davam para o segundo andar formavam um arco e abaixo delas tinha uma imensa lareira, que creptava lenha mantendo a casa quentinha. Logo a garota notou uma outra figura se aproximando para descer as escadas, os cabelos brancos desciam até a cintura, parecidos com o de Degel, vestido num sobretudo negro com um lenço branco em seu pescoço que fazia papel de cachecol, o semblante calmo denunciava a paciência que deveria ter. Esse era Krest.

— Pai… — Degel olhou para a figura que já se aproximava deles. — Essa aqui é a Sasha.

Saint Seiya - The Reason Onde histórias criam vida. Descubra agora