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O sentimento de um pai é algo nunca perecível, mesmo com o tempo envelhecendo a ausência, ele ainda sabia quem era ela, mesmo tendo a visto uma única vez nada vida. Igualzinha a mãe. Os cabelos e os olhos, tudo, quem sabe também deveria ter o mesmo jeito doce e ingênuo, a mesma força e a mesma determinação. Krest ganhou distância da escada, parando ao lado do filho, e ao olhar Sasha nos olhos pôde ter a certeza que ela o aceitaria, mesmo depois de tanto tempo e mesmo sem conhecê-lo.

— Olá… — a timidez falou mais alto naquele momento, ela não queria chorar, mas parecia inevitável.

— Oi… Minha querida… — a voz de Krest soou tão suave e aconchegante que ela conseguiu se sentir a vontade para se jogar aos braços do pai, que mesmo sendo um aquariano rabugento, a abraçou de volta. — Parece que não precisei de muito… — o mais velho a apertou contra si enquanto afagava seus cabelos. — Minha pequena…

— Me desculpa por sumir… — ela não tinha culpa, mas entendia que deveria recompensar o tempo que ficou longe. — Eu prometo ser presente agora…

— Não é sua culpa. — ele sorriu, sim, sorriu, porque as únicas pessoas que tinham o dom de fazer ele sorrir eram sua mãe e ela. — E estou vendo que o Defteros realmente conseguiu te namorar… — seus olhos pousaram sobre o geminiano. — Como foi isso?

— Para namorar a mamãe o papai sofreu muito. — Degel explicou sorrindo, ele e o pai eram muito amigos.

— E não pense que foi fácil com ela. — Defteros alarmou levantando as mãos. — Demorou até ela pegar confiança.

— Porque você sempre foi meio idiota. — Sasha admitiu rindo, seu pai a conduziu para o sofá e a sentou ao lado dele. — Mas eu gosto de você.

— Vou lembrar disso. — o geminiano fez-se de ofendido e logo olhou para o joelho da amada, ela havia ganhado três pontos e ainda não havia tomado o analgésico para aliviar a dor. — Vou a cozinha. — anunciou se retirando. Por ser amigo de infância de Degel, ele tinha muita intimidade com a casa, eles sempre se reuniam nela para aprontar alguma coisa.

— Mas apesar de tudo, eu fico feliz que seja o Defteros. — Krest admitiu, ainda estava agarrado a filha e pretendia ficar assim por um bom tempo. — Se fosse o Kardia ou o Manigold eu realmente ficaria preocupado.

— Eles só são incompreendidos, sogro. — Serafina ousou dizer, Kardia era o melhor amigo de Degel, e consequentemente dela também. Apesar do aquariano sempre ter um pouco de ciúmes. — E o Mani está namorando, faz bastante tempo.

— Só não faz mais tempo que vocês dois. — rebateu o mais velho, não era porque era pai que passaria a mão na cabeça de Degel. — Quando vai pedi-la em casamento, filho?

— Logo… — Degel revirou os olhos.

— Logo não é sinônimo de tempo. — Defteros adentrou a sala segurando um copo com água, ajoelhou-se a frente de Sasha e a entrou-o junto a um comprimido. — Está sentindo dor ainda?

— Bem pouco. — a menina sorriu e foi aceitando a ajuda do mais velho. Engoliu o comprimido junto a água e o agradeceu com um beijo na testa. — Obrigada… — Krest e Degel observavam a ação dos dois, o empresário parecia ser muito preocupado com Sasha, mas ele não sabiam dizer se era amor ou paranóia.

— Ralou o joelho, princesa? — o aquariano mais velho questionou olhando a filha.

— Levei alguns pontos… — ele franziu o cenho, então Defteros não estava exagerando.

O geminiano podia até ser meio maluco, mas cuidava bem do que tinha, e Sasha era a coisa mais importante para ele, cuidar dela era o mínimo que podia fazer depois de metê-la em tantas confusões.

A conversa continuou ali, Krest mostrou para Sasha algumas fotos da mãe dela, e realmente, ela conseguiu reparar na aparência que era tão parecida. Ela desejou ter conhecido a mãe de sangue, não que Yuzuriha não fosse uma boa mãe, pelo contrário, ela era maravilhosa, o problema era o vazio que se instalava em seu coração, mas para afastá-lo ela tinha o pai e o irmão, também a cunhada e um namorado muito amoroso. Não tinha como desejar uma vida melhor, mesmo com toda a reviravolta e com toda confusão. Morar com Defteros não tinha sido uma escolha ruim, muito pelo contrário, graças a ele, ela descobriu um mundo diferente, além do que seus olhos podiam ver, agora podia enxergar também com o coração, o que era muito melhor.

Eles almoçaram todos juntos, como uma família enorme, ela sentia falta de algumas pessoas, mas sabia que com o tempo poderia colocá-las ao seu lado. Não iria deixar de morar com Defteros, na realidade, já sentia que podia dizer uma coisa para ele, uma coisa que ele desejava ouvir há muito tempo. Os dois estavam no mesmo quarto, não iam dormir juntos, mas antes de dormir ela desejou um tempo para ficar ao lado dele, para que pudesse dizer.

— Defteros… — estava vestida numa camisa dele, como sempre, o quarto era aquecido, o que a fazia não se preocupar com o tamanho da roupa. Ele estava sentado sobre a cama a olhando de forma curiosa.

— Estou aqui. — a olhou curioso, não sabia ao certo o que ela queria, mas deveria ser algo importante. Surpreendeu-se quando ela se sentou sobre seu colo.

— Obrigada… — não era essa a palavra certa. — Mesmo com toda a confusão que você causou, você me deu as maiores felicidades da minha vida. — o geminiano seguia a olhando curioso. — Eu…

— Você…? — incentivou.

— Eu te amo… — admitiu, seus braços se enrolaram por ele puxando-o contra si. Essa era a maior alegria que ela poderia dar para ele, amá-lo. Amá-lo sem nenhuma justificativa, amá-lo por ser ele, e não pelo dinheiro. Uma lágrima solitária desceu por seu rosto enquanto seus braços a aconchegavam em seu colo. — Idiota!

— Eu também te amo. — ele sorriu, mesmo admitindo ela ainda era marrenta. A deitou sobre a cama trazendo os cobertores para cima de ambos. — Posso ficar aqui? — ela negou com a cabeça. — Mas amor, vou ficar alguns dias sem te ver. — choramingou.

— Ta bom… — ela riu e foi se aconchegando ao peito do mais velho. Adorava dormir nessa posição, e ele não desgostava também, pelo contrário, dormir com ela havia se tornado um costume que já não conseguia mais perder.

No dia seguinte, Defteros acordou mais cedo, não quis acordá-la pois sabia que ela teria um dia cheio pela frente. Escreveu um bilhete se despedindo e beijou-a na testa, ele sempre a protegeria, mesmo que isso fosse uma das tarefas mais difíceis de sua vida.

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