Cinderella - Once upon a daydream

Eu sempre voltarei para você

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— Não faça isso, por favor... - Ela abaixa novamente o objeto e toma uma de minhas mãos. — É só que... - Novamente hesita.

— É só que...? - Me aproximo e questiono quase em um sussurro.

— Antes você parecia enfeitar o meu cenário perfeito, mas agora... Faz com que ele pareça completamente irrisório.

Sinto-me corar violentamente enquanto meus batimentos se aceleram ainda mais.

Com a mão esquerda segura delicadamente meu queixo para que nos fitemos, enquanto sua mão direita ainda segura a minha.

— A harmonia de seus detalhes... Esse sim é o cenário perfeito.  - Ela conclui, me roubando um sorriso bobo.

— Então é esse o seu ofício... - Digo sorrindo em um sussurro sem deixar de fitá-la. — ...Encantar a todos como fez Orfeu?

— Escrever poemas assim como ele, na realidade. - Ela sorri. — Mas fico feliz em saber que estou conseguindo encantá-la.

— Agora entendo o porquê das palavras tão doces. - Continuo sorrindo para ela. — De fato só poderiam vir de uma verdadeira poetisa.

— Apenas uma aprendiz com a sorte de ter encontrado uma ótima inspiração essa noite. - Deposita um casto beijo nas costas de minha mão a qual segurava, sem romper nosso contato visual. — Gosta de poemas?

— Principalmente na dramaturgia.

— "Meu coração amou antes de agora? Essa visão rejeita tal pensamento, pois nunca tinha eu visto a verdadeira beleza antes dessa noite." - Recita uma das frases poéticas da mais conhecida tragédia romântica.

— Ah, o amor... "A mais discreta das loucuras, fel que sufoca, doçura que preserva." - Acrescento com uma frase da mesma obra, atraindo seu olhar surpreso e lhe roubando mais um sorriso.

— "E o que o amor tem possibilidades de fazer, ousa logo tentá-lo." - Ela se aproxima um pouco mais.

— Há definitivamente mais perigo em seus olhos do que em vinte espadas. - Confesso, ainda usando uma das famosas frases de Romeu e Julieta como inspiração.

— Por que tenho a impressão de não ter sido apenas uma récita dessa vez?

— Porque de fato não foi. - Levo minha mão até seu rosto num carinho suave.

— Se capazes de refletir as mais puras e sinceras intenções de minha alma, que tipo de risco poderiam meus olhos a oferecer? - Questiona chegando ainda mais perto enquanto acaricio delicadamente seu rosto angelical.

— Talvez o que eu mais temesse desde quando os vi pela primeira vez. - Sussurro enquanto encosto nossas testas, mantendo a carícia. — O risco de me apaixonar por você.

Seguro seu rosto graciosamente agora com as duas mãos e ela leva as suas até minha cintura.

Afasto minimamente nossos rostos, apenas para poder fitá-la mais uma vez.

Seus olhos estavam ainda mais brilhantes, seu coração visivelmente estava tão acelerado quanto o meu naquele momento e ela mantinha um sorriso bobo nos lábios, assim como eu.

Aproximo meu rosto do seu de forma sutil, fechando meus olhos ao senti-la tão próxima a ponto de se fundirem as nossas respirações.

Ela esfrega delicadamente as pontas de nossos narizes e deposita um pequeno beijo no canto de minha boca, me fazendo sorrir.

Sinto suas mãos mais firmes em minha cintura e acaricio sua nuca quando finalmente nossos lábios se encontram num toque suave que me faz estremecer.