Capítulo 1 - O apartamento de Kyungsoo

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- Feliz aniversário.

Kyungsoo me olha com desdém enquanto termina de abotoar o blazer escuro que o deixa com aparência ainda mais franzina. Só está com essa expressão porque lhe parabenizo com uma semana de atraso, mas ele bem poderia entender que não havia como nos encontrarmos até então.

- Feliz aniversário, porra!

Eu repito, dando ênfase na importância do cumprimento com um palavrão ao final da frase. Ele suspira e se senta na cama, agradecendo baixinho, como se realmente estivesse ferido pela anterior falta de consideração, mas parece se lembrar das coisas que fizemos naquele quarto meia hora antes e olha para mim, entrando na brincadeira:

- Obrigado, porra!

Dou risada. Ele é um carinha de dezenove anos que gosta de ser fodido, mas também é o que eu posso chamar internamente de meu terceiro segredo - os outros dois são Baekhyun e Yixing. Kyungsoo vive como um personagem de As Ligações Perigosas e certamente seria o aprendiz favorito da Marquesa de Merteuil.

Há mais ou menos quatro meses eu o via apenas como uma oportunidade de sacanear o palerma do Sehun em dobro, mas agora gosto de sua companhia e admito isto em voz alta, porque sei que criar laços pode ser proveitoso em certos momentos.

- Por que não se veste e vamos até o hotel? Café da manhã completo? - Kyungsoo propõe, mas não gosto da comida servida nos hotéis de sua família.

- Não quero encontrar com seu irmão - eu digo e o garoto murcha. Ele sabe que Sehun me odeia sem motivo (há motivos, motivos que o imbecil não consegue provar) e que um encontro nosso pode resultar em uma discussão repleta de insultos. A princípio, isto o contém, mas uma inesperada energia começa a crescer dentro dele e, de repente, Kyungsoo está extremamente animado com a possibilidade de uma cena entre seu queridinho meio irmão e seu amante gostoso. Eis o que corre na mente dele: um ménage à trois temperado com incesto.

- Então vamos para a sua casa - ele sugere, mas preciso evitar suas visitas antes que Baekhyun comece a desconfiar de nós.

No fim das contas, o convenço a permanecer em seu apartamento com a desculpa de que ali ninguém iria nos importunar. Ele dá de ombros e volta a desabotoar o blazer, porque sem o brunch do hotel, ele teria de chupar outra coisa no lugar dos cubinhos de açúcar. Antes que mude de ideia, eu mesmo me precipito e puxo ambos os lados do casaco, arrancando-lhe um botão.

Kyungsoo sabe sobre Baekhyun e talvez tenha sido este detalhe a deixa para ele se lançar para minha cama. Ele me seduziu, atrevido, e quando neguei a aproximação, mencionou uma possível chantagem. Coisa de família, pois foi com eles que aprendeu a conseguir tudo o que quer, custe o que custar. Recordo-me de tê-lo analisado da cabeça aos pés sem um pingo de pudor e ele gostou tanto disso que sequer esperou pela minha decisão. Se eu transava com o inimigo? Não era mais frequente, mas eu adoraria que voltasse a ser. Dormir com Baekhyun e dormir com Kyungsoo tinha pontos distintos que deixavam a coisa toda muito melhor do que manter relações apenas com um deles. Eu nunca estarei a salvo em ambos os casos, um risco a mais não fará nenhuma diferença.

O apartamento é minimalista e há um grande abuso das cores escuras. O quarto tem as paredes pintadas de preto e os lençóis cobrem a cama deixando-a no mesmo tom. O piso é de madeira e combina com o armário de portas lisas. As únicas cores claras do cômodo vêm da janela e das lâmpadas amarelas das luminárias penduradas uma de cada lado da cama. No lugar da cabeceira há duas grandes barras de ferro horizontais instaladas não por segurança ou estética, mas para serem usadas quando Kyungsoo está de quatro e minhas mãos precisam de apoio para fodê-lo com força - é uma ideia que ele teve bem antes de nos conhecermos, mas teve a decência de me explicar quando ficamos sozinhos ali pela primeira vez.

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