Capítulo 04 - O Confronto

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Kyungsoo e Chanyeol estão dentro da floricultura quando Baekhyun liga para mim. Quer saber onde estou e se estou ocupado. Tenho vontade de informá-lo de que tenho como companhia seu cunhado e seu ex-namorado, mas apenas respondo que estou resolvendo algumas coisas. Combinamos de nos encontrar no fim da tarde em minha casa e, quando acho uma boa hora para questioná-lo sobre seu tom de voz aparentemente nervoso, ele desliga.

Os dois voltam para o carro, e pergunto para quem são as flores que encomendaram.

    - Para um amigo. - Chanyeol dá de ombros e entra no banco de trás. Kyungsoo se senta no banco do motorista e me dá uma piscadela.

    - São para o ex dele. Ironicamente as flores se chamam "coração sangrento" - Ele aponta e Chanyeol abre a boca para contestar e dizer que é mentira. - As minhas são para minha mãe. Está tão preocupada com Sehun ultimamente que tenho de agradá-la para lhe lembrar de que tem um filho biológico.

    - Algo errado? - Quero saber e ele responde que não, que são coisas do hotel.

Quero bisbilhotar, mas não tenho chance com Chanyeol visivelmente agitado no banco de trás. Kyungsoo o deixa na porta do Le Kims e seguimos para o seu apartamento, onde ele me conta que o rapaz, agora arrependido de ter terminado com Baekhyun por um motivo qualquer, está fazendo o impossível para que possam, ao menos, voltar a se falar. Dou risada porque sei que ele está perdendo tempo, uma vez que Baekhyun não parece querer se livrar de Sehun nem para ficar apenas comigo - embora eu nunca tenha cogitado dar-lhe esta ideia.

- Quem de nós dois é o melhor? - eu pergunto e Kyungsoo ergue as sobrancelhas para, em seguida, cair na gargalhada. - É sério, sou ou não sou melhor do que Chanyeol?

- Em que sentido? Porque depende bastante da circunstância - ele diz, parando para me olhar da cabeça aos pés. Acho que está imaginando o motivo de eu ainda não tê-lo fodido na cozinha, mas estranho o modo como continua de pé sem dar nenhum sinal de que quer fazer algo mais do que bater papo. Percebo que tem algo a contar, mas está ensaiando para fazê-lo. Eu o encaro, sentando-me confortavelmente no sofá vermelho, deixando um espaço generoso para que ele suba no móvel e engatinhe até mim, mas ele dá a volta por trás e desce as mãos por meus ombros, apertando-os como se me massageasse.

Não preciso pedir para que ele fale, porque sei que não irá aguentar guardar seja lá o que for consigo por muito tempo. E não dá outra.

- Soube que se encontrou com Jo Eun - ele diz, os dedos afundando em minha pele com um pouco mais de força. Questiono-o sobre como fez esta descoberta e ele responde que não sou o único a ter contatos. Sei que quer cavar o assunto porque está com ciúmes e a confirmação vem em seguida. - Ela te ensinou algum truque novo? Alguma posição escandalosa em cima da mesa de reuniões? Uma rapidinha com a saia levantada no meio do expediente?

Rolo os olhos e me levanto, forçando-o a me soltar. A expressão de divertimento se transforma e ele agora sorri de forma sarcástica, como se quisesse me ver ajoelhado confessando o pecado de ter provado carne sendo vegano. Informo que nada aconteceu entre nós dois e que só havia ficado curioso sobre o que a levou a ter pedido demissão.

- E teve de encontrá-la pessoalmente para saber? - ele indaga e sinto uma pontinha de raiva por estar se intrometendo. Respondo que só queria me certificar sobre a verdade e ele faz uma careta. - A verdade? Como se você não conhecesse Sehun tão bem quanto eu... Não deve ter sido a primeira em quem ele bateu...

É verdade. Isso me faz lembrar de quando ainda éramos estudantes e Sehun atirou uma das garotas contra a parede da piscina numa festa em que estávamos. Jurou para mim que ela tinha gostado e não me interessei realmente em verificar a versão dela, uma vez que vi os dois se beijando depois do ato. Mas era assim que ele agia, certo? Tão sereno e tão bonzinho, tão sério e tão "o príncipe dos meus sonhos" que as pessoas nunca imaginam do que ele é capaz - mas no fundo, bem no fundo, ele não consegue se controlar.

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