Você pode me perguntar "como que um – nem tão – inocente jogo de verdade ou desafio na escola pode dar errado, ou acabar tão rápido? ".
A verdade que eu não sabia é que jovens mentes adolescentes já tinham evoluído seus métodos de manipulação acirrada para descobrir o que querem, ou para fazer tudo desabar de uma vez por todas em menos de uma hora.
E eu estar envolvida nesse meio fez com que o jogo ficasse estranho num instante, então qualquer pergunta meramente bem feita faria aquilo acabar num estalar de dedos.
— Rick verdade ou desafio? — perguntou uma garota ao meu lado e ele pensou por um momento.
— Verdade...
— O que você acha mais atraente em uma garota? — perguntou a ruiva com olhar provocante, passando a mão nos cabelos, tentando parecer sedutora, eu acho.
— Gosto para música e livros, com senso de humor e um pouco de ironia — se apoiou com os braços no chão atrás do corpo e concluiu —Não gosto de garotas vulgares e sem neurônios... — sorriu de lado e a garota pareceu nem notar crítica.
Coloquei a mão na frente da boca para disfarçar o impacto e um pequeno sorriso de incredulidade, aquilo foi um belo tapa verbal, e os olhos de Richard pararam em mim por alguns segundos, ele sorriu dando um ar de cumplicidade, e depois voltou a se concentrar na garrafa.
Mas ainda não havia chegado a minha vez, coisa que eu esperava que não acontecesse.
O interessante é que a simples atitude de pensar nisso levou a garrafa a virar para mim.
Pensamentos atraem era o que a minha avó dizia.
— Verdade ou desafio Katherine? — perguntou uma garota sentada ao lado de Rick.
— Desafio —falei pensando que aquela simples garota não tinha nada a dizer que pudesse me complicar.
— Vi você ontem com o gatinho da enfermaria, te desafio a ir lá e dar um beijo nele — clichê: garota mimada que quer me complicar, pois, provavelmente tem uma queda por Ethan Young.
Pisquei algumas vezes, em choque. E antes que eu respondesse, Ethan interferiu.
— Sem essa Zoe, ela não vai fazer isso.
— E por que não? — perguntamos Zoe, eu e Rick ao mesmo tempo. Eu interroguei curiosa, Zoe provocante e Rick falou em tom acusatório.
E todos os membros da roda pararam, encarando Ethan a espera de uma resposta.
— Porque não podemos sair dessa sala... — respondeu depois de um tempo.
Vi que ele ficou aliviado quando os olhos se desviaram dele e logo Rick sussurrou no seu ouvido alguma coisa que o fez fechar a cara e dizer "não enche cara". Meus sentidos me diziam que tinha alguma coisa ali, porém a minha intuição mais profunda me falava que eu não iria querer saber o que era, e também, não tive muito tempo para estudar suas expressões e deixar minha mente curiosa agir, já que Rick falou:
— O tempo acabou galera, estava ficando interessante, mas eu tenho outra aula agora.
A turma se dispersou e busquei meus livros. Coloquei a mochila nas costas e saí pelo corredor. Alguns passos mais para frente, a garota do jogo, Zoe, apareceu do meu lado, como se fossemos conhecidas há uma eternidade.
— Os boatos são reais?
— Que? Que boatos? — perguntei perdida.
— Os boatos de que vocês dois estão juntos. — eu ri.
— Ah — suspirei — não são, é apenas o trabalho que a Mery passou.
— Que estranho — ela parecia pensativa — todos os outros trabalhos que ela passou envolviam buscar histórias de livros ou de pessoas que passaram por um amor clichê e apresentar isso, já com vocês ela pediu o quê? Para se passarem por casal? — chutou e eu a encarei com uma cara que dizia "infelizmente" — Mentira! Qual o sentido disso?
— Eu me perguntei isso também, durante o final de semana todo, e ainda não entendi. Sinto muito se você queria fazer dupla com o Ethan.
— Ah não — ela riu como se fosse óbvio — odeio aquele idiota — a olhei por um instante, ela não parecia mentir — Sinto muito por você garota, deve ser difícil de aguentar... Mas, enfim, que aula você tem agora?
— Física — olhei os horários no meu celular.
— É melhor irmos então, temos números, letras e coisas completamente desnecessárias nos esperando. — resmungou.
— Já vi que não é de exatas... — sorri.
— A única coisa exata na minha vida é a minha certeza que não gosto de exatas — suspirou.
— Posso te ajudar se quiser...
— Seria perfeito, sério mesmo, obrigada!
— Que horas você pode e quando?
— Eu trabalho à tarde, pode ser a noite? O dia você que escolhe...
— Ok, quinta?
— Excelente — sorriu e entrelaçou seu braço no meu.
Sabe quando você é criança e é seu primeiro dia de aula, mas você não conhece ninguém? Então fica sozinha num canto e uma criança estranhamente simpática te tira de lá e vocês viram melhores amigas instantaneamente? Foi assim que aconteceu com Zoe e eu, futuramente eu descobriria isso, por agora eu apenas a considerava uma estranha suspeita. Mas desde aquele trabalho e a conversa que tive com Henry, eu estava disposta a ser mais mente aberta e deixar as coisas acontecerem sem a minha interferência e bloqueios.
Eu e ela, foi como nos filmes.
Ela, a garota que queria me "complicar", típico estilo de patricinha, com cachos perfeitamente definidos, pele morena bronzeada, sorriso deslumbrante, bonita e inteligente, acabou se tornando minha melhor amiga, logo de cara. Claro que a amizade se desenvolveria muito no decorrer dos anos seguintes, mas foi o início de como tudo aconteceu. E eis mais um clichê em minha vida, a garota que eu não gostei (por 5 minutos), a partir daquele dia virou minha melhor amiga.
Os famosos "às aparências enganam".
A pessoa que você não gosta de cara vai virar sua melhor amiga.
O MAIOR CLICHÊ DE TODOS.
Lista de erros:
16—Não ouvir o que Rick disse;
17—Me envolver (inconscientemente) em boatos;
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CLICHÊS, ROMANCES E KATHERINE Vol.1
Ficção Adolescente- História completa, sendo revisada - Katherine pode ser descrita como um desastre ou o romance em pessoa, isso é você quem escolhe. Mas apesar de suspirar por romances alheios dentro dos corredores da Priore School, ela não gosta nem de pensar em u...