Amor além do tempo(Concluída)

vinte e oito

♫♪ Depois de sonhar tantos anos

De fazer tantos planos

De um futuro pra nós

Depois de tantos desenganos

Nós nos abandonamos como tantos casais

Quero que você seja feliz

Hei de ser feliz também ♫♪

Vê-lo partir daquele jeito e ainda concordando com o que definiram das suas vidas, foi o que a matou por dentro... ele não pôs objeções em nada, ele... ele concordou com o fim e era aquilo, era duro e ela tinha que engolir, ele amava Videl e Gine tinha razão, Bulma era a trágica distração na alegria e no futuro dele... era fato e ela sabia que ele a deixou ali e se casaria em poucos dias, sentiu o peito doer como se tivesse levado um tiro de canhão onde a bala estava repleta de sal. Mas foi o melhor que poderiam ter feito... Foram sinceros um com o outro e não haveria mais fingimento, estavam despidos e ela sabia que não havia mentiras da parte dele, mesmo que ainda houvesse dela. Sentada na cama, passou a mão sobre o bebê que parecia sentir alguma coisa em relação a tudo o que estava acontecendo, estava duro, contraído e até o ventre doía, como se o bebe se encolhesse com aquilo. Mais uma lágrima rolou ao pensar que Goten não conheceria o pai... Talvez ela pudesse fazer como a Gine... e só dizer que o pai morreu e que era um homem bom – porque Bulma só sabia essa verdade— Mais uma mentira? Não ela não poderia fazer isso com o filho... Falar a verdade? Também não...

Imaginou um garotinho de cabelos negros de mais ou menos 5 anos, voltando da escola triste por fazer um teatro ou estar com um convite para o dia dos pais e... O que ela diria? Como iria suportar fermentar uma mentira? Não, iria dizer apenas que o pai não o conheceu porque não soube da existência dele e ela mesma não sabia onde pai estaria. Mas tinha que aceitar que era uma ideia estupida, nada o impediria de depois de grande ir atrás do pai de verdade... e Bulma se lembrou de cada vez que viu Goku chorar ou sentir a ausência da presença paterna. A primeira vez que se falaram eles deveriam ter por volta disso, 4 anos, quando começaram a estudar e se descobriram como pessoas no mundo enorme...

Se aconchegou nos travesseiros e tentou firmemente dormir um sono que foi embalado pelo choro.

Depois de uma noite mal dormida, o despertador tocou avisando que o horário de ir trabalhar se aproximava. Odiou o próprio rosto no espelho que dava sinais que não dormiu bem... Que não estava bem há dias na verdade... Que a vida não estava boa... o que uma única noite é capaz de fazer com todo o resto...

— Vamos lá bebê, pelo menos eu tenho você. A única coisa boa em meio a tudo isso..., mas eu te prometo que quando você nascer, tudo vai estar melhor e você vai ser o único homem da minha vida... Goten Briefs.

Bulma passava maquiagem tentando disfarçar as olheiras e conversava com a barriga como se o bebê pudesse responde-la.

— Ah não vai me falar nada? De madrugada você se mexeu a noite toda! Agora que eu tô abrindo meu coração pra você, vai dormir? — Os olhos turquesas se voltaram para a barriga agora imóvel. Um sorriso curto surgiu ao sentir que o bebê mexeu, ao ouvir que o assunto era com ele.

·

Tirou o cinto, desceu do carro e ao apertar o alarme suspirou fundo ao entrar no prédio mais uma vez. Tinha que encarar a rotina que escolheu e que era o que lhe rendia o sustento e agora do futuro herdeiro. Trabalho... Era disso que ela precisava pra esquecer tudo... Só esquecer e torcer pra que os 9 meses chegassem de uma vez, assim ela não teria mais tempo pra pensar no pai do bebê, que àquela altura já devia estar aproveitando.