FUMAÇA NEGRA

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VILA DHARMA – 25 DE FEVEREIRO DE 2004

– Hoje faz dez dias que vim para a Vila Dharma. – Disse Lara ao gravador. – Descobri muito pouco dessa ilha até então. Não me deixam sair do acampamento e aqui dentro não consigo ver nada além de uma vila de pessoas comuns. O que descobri até agora é que a vila fica na ilha principal. Quando nos derrubaram na floresta lá na outra ilha nos trouxeram para cá enquanto estávamos desacordados. O homem chamado Benjamin Linus parece liderar as coisas aqui. Mas segundo o que ouvi no meio de conversa de outras pessoas é que ele responde a outro homem chamado Jacob. Nunca o vi. A vila é cercada por uma espécie de cerca sônica que, segundo ouvi dizer, é para nos proteger de alguma coisa na floresta. Um sistema de segurança, dizem alguns, um monstro, dizem outros, os relatos divergem. As pessoas que estão aqui não fazem parte da iniciativa Dharma com eu acreditava. Segundo Linus eles são nativos da ilha e todos da Iniciativa Dharma estão mortos. Quando indaguei mais sobre a morte deles, Linus desconversou. Por fim, existe um homem chamado Richard Alpert. Ele apareceu a três dias aqui na Vila Dharma. Estranhamente ele estava de lápis preto no olho e não mora na vila. Aparentemente vive na floresta. Tentei fazer leitura labial da conversa que ele tinha com Benjamin Linus, mas não consegui entender muita coisa. Acho que ele é quem traz instruções do tal Jacob. Minha estadia na vila Dharma tem se tornado uma total perda de tempo. Se pretendo descobrir sobre a ilha, devo fugir daqui o mais rápido possível.

Lara terminou a gravação e foi tomar um banho. Ao terminar vestiu-se com uma roupa que Linus havia disponibilizado para ela. Vestiu botas de caminhar, uma calça estilo militar e uma camiseta regata preta. Amarrou os cabelos em um rabo de cavalo.

– Charles. – Chamou Lara e o piloto apareceu em seguida. – Preciso sair da Vila Dharma esta noite.

– Ótimo pois já estava ficando entediado. – Respondeu o piloto, animado.

– Preciso de uma distração. – Disse Lara.

– Deixe comigo. – Charles saiu da casa com um sorriso no rosto.

O dia passou arrastado. Parecia nunca ter fim e a ansiedade de Lara aumentava a cada minuto. Quando deu cerca de 19 horas. Charles reapareceu na casa pedindo para ela aguardar cinco minutos que ele estaria de volta com a solução para saírem dali.

Exatamente cinco minutos depois ouviu-se uma gritaria do lado de fora da casa. Lara foi verificar e viu que a oficina estava em chamas. Várias pessoas corriam para o local do fogo para ajudar a conter o incêndio. Segundos depois surge uma Kombi azul vindo em direção a ela em alta velocidade. Charles a estava dirigindo. Reduziu a velocidade ao se aproximar de Lara que saltou para dentro do carro que estava com a porta aberta.

– Bem pontual. – Exclamou Lara. – Já sabe como vamos passar pela cerca sônica?

– Vamos derruba-la.

– O que? – Indagou Lara.

Charles acelerou a Kombi no máximo morro abaixo se aproximando cada vez mais da cerca sônica. Mirou o carro em uma das pilastras da cerca descendo em alta velocidade. Quando estava a cerca de 2 metros gritou.

– Pula.

Ambos saltaram do carro e saíram rolando pela grama. Atrás deles vinham dois homens armados de rifles e vestindo macacões Dharma atirando contra eles. Levantaram-se de relance e passaram por cima da pilastra derrubada pelo carro. Os homens continuavam a atirar e um dos projéteis passou raspando o rosto de Charles. Adentraram na floresta correndo desesperadamente. Seus perseguidores seguiam logo atrás se aproximando com facilidade. Correram por mais uns duzentos metros quando um dos perseguidores pulou por cima de Charles o jogando no chão. Lara parou para ajudar o piloto e deu de cara como segundo homem de rifle apontado para ela.

– Parada aí garotinha. – Disse o homem armado. Charles se debatia no chão tentando enfrentar o seu captor. Parou quando viu que Lara estava sobre mira de uma arma. – Afastem-se e mãos na cabeça.

Lara obedeceu e Charles ao se levantar também. Estavam sobe a mira da arma com as mãos na cabeça quando começaram a ouvir um barulho de metal rangendo vindo da floresta. O barulho ficou cada vez mais alto e os dois homens armados colocaram uma expressão de desespero no rosto. Ouviram depois um grande estrondo vindo do mato e logo atrás de Lara uma arvore foi arrancada pela raiz e arremessada em meio a mata. Os dois homens armados correram para o meio do mato e de repente uma cortina de fumaça negra saiu do meio das arvores em direção aos homens. Lara sentiu um terror possuir seu corpo. Charles saiu correndo em direção oposta. Lara estava paralisada sem conseguir se mexer. A fumaça negra de alguma forma agarrou o pé de um dos homens e o puxou arrastando-o pelo chão. Logo em seguida arremessou o homem contra uma arvore o pegando novamente, ainda no ar e batendo o corpo dele no chão. Largou o corpo já sem vida no chão e seguiu em direção ao outro que ainda corria pela mata. A fumaça pareceu desaparecer por alguns segundos no meio das árvores, mas reapareceu logo em seguida arremessando o corpo do último homem para o ar acima da copa das árvores. O homem quebrou o pescoço ao tocar o solo novamente. A fumaça seguiu em direção a Lara e só então ela pensou em correr, mas já era tarde. Lara se viu cercada pela fumaça negra e já não via mais nada além da escuridão turva. A fumaça, porém, não parecia ataca-la. Os rangidos metálicos seguiam ainda mais rápido e agora pequenos clarões parecido com raios surgiam em meio a fumaça negra que a cercava. Lara percebeu que em meio aos clarões ela podia ver flashes do seu passado. Viu o pai lendo para ela quando ela tinha 3 anos. Viu também a mãe a carregando no colo. Em outro flash viu o professor Von Croy a levando pelo Egito. Já em outro pôde ver o acidente que havia sofrido aos nove anos. Outras lembranças de Lara seguiam sendo representadas nos flashes em meio a fumaça e tudo aquilo parecia estranhamente sem explicação. Depois de alguns minutos a fumaça negra foi se dissipando e ficando menor. Quando assumiu menos da metade do tamanho anterior ela foi se afastando e sumiu em meio as árvores.

Lara ficou parada tentando processar o que havia acabado de presenciar. Alguns minutos depois ouviu um barulho vindo do mato. Quando olhou, era Charles.

– Está tudo bem Lara? O que aconteceu? – O piloto parecia aterrorizado.

– Eu não sei. Eu não consigo explicar o que aconteceu aqui. – Respondeu Lara atônita.

– Vamos. – Disse o amigo pegando-a pelas mãos. – Precisamos sair daqui.


LOST IN THE TOMB RAIDER [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora