MENSAGEM FRANCESA

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LUGAR DESCONHECIDO – 14 DE FEVEREIRO DE 2004

Acordou pela segunda vez com o sol no rosto. Encontrava-se deitada na areia e começou a levantar ainda tonta. A vista ainda estava turva, mas ela já conseguiu identificar que estava numa praia. Levou a mão até onde havia recebido a pancada e viu que o ferimento já fora tratado e estava parcialmente cicatrizado.

Quando deu falta da mochila, levantou assustada procurando-a. A avistou a meio metro de onde tinha acordado correu até ela. Abriu a mochila e logo procurou o artefato. Ele ainda continuava lá, intacto. Lara soltou um suspiro de alívio.

– Deve ser muito importante o que você achou aí. – Disse o piloto atrás dela. Lara se virou e o viu com alguns mamões não mão. – Foi o que achei logo ali. Não é um banquete mas deve servir por enquanto. Está com fome?

O piloto se chamava Charles Hoff. Era um homem de cinquenta e poucos anos, cabeça raspada no estilo militar e olhos azuis. Era um antigo soldado da aeronáutica inglesa, que agora aposentado, pilotava para clientes que não queriam ser identificados nos lugares aonde pousavam. Lara já o havia contratado em outra oportunidade e apreciava principalmente a discrição de Charles.

– Sim obrigada. – Respondeu pegando um mamão. Charles estendeu uma faca para que ela abrisse uma fruta. – Aonde estamos?

– Não sei ao certo. Em algum lugar do pacífico provavelmente. – Charles respondeu se sentando ao lado de Lara.

– Conseguiu emitir um pedido de socorro antes de cairmos? – Indagou ela enquanto partia o mamão ao meio.

– Pedido de socorro? Não seria um voo discreto se emitíssemos pedido de socorro senhorita Croft. – Disse o piloto com sarcasmo.

– Então estamos por conta própria? – Perguntou Lara.

– Temo que sim. Mas considerando o que você já passou, acho que vamos nos virar bem. –Respondeu o piloto ainda coma boca cheia.

Lara já sofrera um acidente de avião antes. Aos nove anos caiu na Cordilheira do Himalaia. Caminhou por dez dias até Katmandu onde foi resgatada e levada até seu pai. Amélia Croft, mãe de Lara, desapareceu nesse acidente. A herdeira Croft foi criada pelo seu pai, que ao perder a mulher, começou a perder também a sanidade. Felizmente, Lara depois de adulta, conseguiu provar que o pai não era maluco ao entrar a bordo do Endurance em busca de Yamatai, a lenda que seu pai perseguiu a vida toda. Lara encontrou Yamatai e provou ao mundo que seu pais estava certo. Porém Lara sabia que agora ela poderia não ter a mesma felicidade.

– Vamos torcer para ter a mesma sorte. – Retrucou Lara por fim.

– Algo me diz que teremos ainda mais sorte. Tomei a liberdade de explorar um pouco e vi construções abandonadas ali atrás. Sem contar que tem uma ilha ainda maior ali do outro lado. Lara olhou então para local aonde Charles apontava e pôde ver uma outra ilha ainda maior do que aquela que ela se encontrava.

– Vamos para esse tal local aonde tem essas construções. – Disse Lara.

Charles entrou em direção a mata e Lara o seguiu. Andaram por cerca de cinquenta metros mata a dentro quando avistaram algumas cabanas de madeira.

– Aí estão. – Concluiu o piloto. Lara adentrou na primeira cabana. Parecia não ser usada a anos. Começou a vasculhar a mobilha velha do lugar e a maioria estava vazia. Achou uma foto de pessoas com um macacão cinza e a logo de algum tipo de organização no peito. O símbolo era octogonal com umas listras negras e um círculo também negro no centro escrito DHARMA. Vasculhou outra gaveta e nesta encontrou uma Glock – G17 carregada com o mesmo símbolo entalhado.

– Acho que vamos ficar com isso caso seja necessário. – Disse Lara mostrando a arma a Charles.

– Espero que não seja. – Disse o piloto com um sorriso.

– Eu também. – Respondeu Lara e continuou a vasculhar a mobília.

– Será que isso funciona? – Disse o piloto ao encontrar um rádio.

– Tem bateria? – Disse Lara se aproximando. Charles ligou o rádio e ouviu-se uma estática. Os dos sorriram esperançosos e o piloto começou a procurar uma frequência. Foi quando acharam um sinal que emitia uma voz feminina dizendo:

Iteration 17294530 : ... Si qui que ce soit puisse entendre ceci, ils sont morts. Veuillez nous aider ! Je vais essayer d'aller jusqu'au Rocher Noir. Il les a tués. Il les a tués tous.

Iteration 17294531 : Il est dehors. il est dehors et Brennan a pris les clés. Veuillez nous aider. Ils sont morts. Ils sont tous morts. Aidez-nous. Ils sont morts.

Iteration 17294532 : Il est dehors. Il est dehors et Brennan a pris les clés. Veuillez nous aider. Ils sont morts. Ils sont tous morts. Aidez-nous. Ils sont morts.

Iteration 17294533 : Ils sont tous morts ! Aidez-nous. Ils sont morts. Si qui que ce soit puisse entendre ceci

Iteration 17294534 : Il est dehors. Veuillez nous aider. Veuillez nous aider !

Iteration 17294535 : Si qui que ce soit puisse entendre ceci, je vais essayer d'aller jusqu'au Rocher Noir. Veuillez nous aider ! Ils sont tous morts ! Ils sont morts. Il les a tués. Ils les a tués tous. Je vais essayer d'aller jusqu'au Rocher Noir.

– O que é isso? – Perguntou Charles.

– É Frances. – Respondeu Lara. – Uma mensagem de socorro. – Continuou prestando atenção na mensagem que começava a se repetir.

– Se alguém puder ouvir isso, eles estão mortos. Por favor, nos ajude! Vou tentar ir até o Black Rock. Ele os matou. Ele matou todos eles. – Traduziu Lara a primeira frase. – Ele está lá fora. Ele está lá fora e Brennan pegou as chaves. Por favor, nos ajude. Eles estão mortos. Eles estão todos mortos. Nos ajude. Eles estão mortos. Eles estão todos mortos! Nos ajudem. Eles estão mortos. Se alguém puder ouvir isso... Ele está lá fora. Por favor, nos ajude. Por favor, nos ajude! Se alguém puder ouvir isso, eu vou tentar ir até o Black Rock. Por favor, nos ajude! Eles estão todos mortos! Eles estão mortos. Ele os matou. Ele matou todos. Eu vou tentar ir até o Black Rock. – Terminou Lara de traduzir e a mensagem voltou a se repetir sem parar.

– Mas que merda é essa? O que é Black Rock? – Indagou o piloto.

– Não faço ideia. O único Black Rock que já ouvi falar... – Dizia Lara pensativa até ser interrompida por Charles que continuava a proferir perguntas sem respostas.

– O que matou todos eles? – Interrompeu Charles.

– Também não sei. Mas algo me diz que essa belezinha vai ser usada. – Disse Lara apontado para Glock.

– Se esse rádio está captando esse sinal. Ele deve vir de algum lugar da ilha. Seja lá onde for, precisamos achar e ver se conseguimos emitir um SOS de lá. – Sugeriu o piloto.

– Parece que essa francesa tentou a mesma coisa. E se esse número que se repete antes de cada transmissão for um contador, ela gravou essa mensagem a cerca de... – disse Lara fazendo contas de cabeça, – dezesseis Anos atrás.

– Não pretendo ficar aqui nesta ilha dezesseis anos. Tem alguma outra ideia? – Disse Charles nervoso.

– Não, aparentemente essa é a melhor ideia que temos. Já vai escurecer. Vamos dormir nessas camas. Amanhã voltamos a explorar. – Disse Lara incisivamente.

LOST IN THE TOMB RAIDER [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora