:(
— Verdade ou desafio? — Kim Taehyung indagou, sorrindo feliz.
— Desafio — respondi de cara, sem enrolações.
O nome do jogo era verdade ou desafio, todavia, ali, ninguém parecia se importar com o tópico verdade. Nem mesmo eu, que sentia a adrenalina ansiosa passar por minha espinha sempre que a famosa pergunta era proferida.
Estávamos em plena última aula do dia, que havia se tornado vaga, ao que o professor de química fez questão de faltar, como em grande parte das vezes fazia nas terças-feiras.
Eu não me lembrava de quem tinha tido a ideia de jogar aquela idiotice. Só sei que, antes do sinal para a aula tocar, estava sendo interrogado por meus colegas sobre os supostos sentimentos que eu nutria em relação a um certo aluno... Lee Felix.
Era óbvio que ele gostava de mim. O próprio já havia admitido — não diretamente a minha pessoa, lógico—, e de tanto ouvir piadinhas sobre isso, acabei por começar a me interessar por ele também. Estranho, não?
Sempre fui emocionado com essas coisas, mas não a ponto de deixar tão na cara como daquela vez estava sendo.
— Eu desafio você a dar um beijo na bochecha do Felix! — ele continuou. O Kim estava até pegando leve, sabia que eu era difícil para essas coisas, um poço fundo de timidez e incertezas.
Concordei, levantando-me do banco e apoiando a mão esquerda no ombro de Jeongin, que ia comigo para se certificar que eu realmente cumpriria o desafio — o que deixava muito na cara que estávamos jogando, porém ninguém se importava. O Lee estava do outro lado do pátio, junto de seus amigos, Yeonjun, San e Seungmin.
Caminhávamos igual bêbados até o grupinho, até eu me posicionar de frente ao ruivo, o chamando vagarosamente, mesclando meu acanhamento com a súbita onda de coragem.
— Felix... — Ele levantou o olhar, que antes estava focado na tela do celular, provavelmente distraído em um game que eu não conhecia. — Posso te dar um beijo na bochecha?
Ele não pareceu pensar muito, apenas ergueu as sobrancelhas e sorriu tímido, assentindo com a cabeça e sussurrando um "pode". Eu, de decoração aflito, peguei fôlego nos pulmões, curvando a coluna até ficar de seu tamanho, já que ele estava sentado no banco baixo do pátio. Segurei seu queixo, deixando em sua bochecha direita um beijinho rápido. Jeongin dava pulinhos histéricos, enquanto os amigos do Lee se preocupavam em não dar a mínima para o acontecido.
E lá estava eu novamente no banco, agindo como se nada tivesse acontecido. Virei o lápis (ninguém possuía uma garrafa e o único ser que tinha não quis emprestar).
Os desafios bobos seguiram, rendendo risadas altas e por vezes um olhar de tédio, até que a ponta do grafite parasse em mim novamente.
— Desafio — fui direto, sorrindo para Yeji, a melhor amiga de Taehyung.
— Eu desafio você a ir no Lix e dizer que gosta dele! — Junhan começou a rir do meu lado, já se levantando, na intenção de ir comigo e testemunhar mais um momento vergonhoso. Minhas bochechas queimaram.
Suspirei e novamente fui até Lee Felix, do outro lado do ambiente, o chamado mais uma vez diante de seus amigos.
— Felix... eu — cocei a nuca, meio sem jeito — ... eu gosto de você!
As palavras arranharam minha garganta como se fossem cócegas, tirando de dentro de mim uma sensação diferente. Quase como um alívio.
— Eu já sabia — sua resposta acompanhava um sorriso arteiro, destacando seus dentes bonitos e dando destaque aos olhos que tanto me hipnotizavam.
Deveriam ter gravado minha cara nessa hora. Eu realmente fiquei indignado com a audácia dele.
Outra vez sentado no banco, só que agora em outro lugar (convenhamos, eu já estava cansado de tanto levantar), girei o lápis novamente. Seria aquilo algum carma?
— Eu nem preciso dizer, né?
— Eu te desafio a beijar ele... na boca, beleza? — Taehyung sorriu meio diabólico. Ele estava com a ideia de que iria me juntar com Felix, estava se achando algum tipo de cupido fodão.
Eu apenas o olhei por um tempinho, até me levantar por mais uma vez, sentindo o sedentarismo implicar com minhas pernas. Dessa vez, todo mundo se levantou junto, até Hoseok, que não estava brincando, também me acompanhou até o outro lado do pátio. Ok, eu estava apreensivo, mais do que das demais vezes, sem saber exatamente se aquela coragem toda ainda seguia comigo.
— Eu vou perguntar se ele deixa, caso contrário, não vou fazer nada — sussurrei antes de enfim chegar à frente do rapaz.
— Tá legal, o que é dessa vez? — Ele até já sabia. Senti vontade de sair correndo, tão envergonhado com toda aquela bobagem que poderia gaguejar. — O que vai me pedir agora? — Ele tinha um puta sorriso lindo no rosto, divertindo-se com meu rosto avermelhado, tão gentil e descarado ao mesmo tempo.
— É... Uhm... Eu posso, posso te dar um beijo? — enrolei um pouco, sem saber ao certo como pedir.
— Pode — ao contrário de mim, foi sucinto ao responder
E foi naquele momento que eu saquei que não tinha me preparado. Meus amigos gritavam igual idiotas e eu ali, parado, olhando o mais novo à minha frente sem saber dizer um mísera vogal.
Eu não tinha experiência nisso, beijos não faziam parte da minha rotina, mas bola pra frente. Minhas mãos foram para suas bochechas, grudando nossas bocas em um simples selinho, rápido e estalado, entretanto suficiente para sentir o calor e a maciez de seus lábios. Ao soltar, acabou que ele bateu a cabeça na parede, o que resultou num eu desesperado e pedindo desculpas, e todos — inclusive ele — rindo da cena.
Ok, não foi aquele beijo, mas pelo menos teve algo. Era o suficiente para um coração adolescente apaixonado.
E depois daquilo ninguém se importou mais com o jogo, o assunto foco era o eu gostar dele e ele gostar de mim. Hyunjin ia de lá para cá, perguntando-me mil vezes a cada ida se eu realmente gostava de Felix. E eu, bom, eu dizia que sim, de um jeito confuso, não querendo admitir, mas eu dizia.
Naquele mesmo dia, antes da aula acabar, Felix me pediu em namoro, e eu disse não.
Claro, foi uma brincadeira sem graça, porque logo depois eu sorri amarelo e disse sim, afinal, eu queria muito aquilo.
— Quantos filhos vocês querem ter? Espera, vocês são muito novos. Não me invente de aparecer grávido, viu, Changbin? — Jeongin mudava as expressões de cinco em cinco segundos, me fazendo ficar confuso.
— Primeiro que eu não tenho útero. Segundo que tá na cara que o Felix seria o passivo! — Felix me olhou de canto, de bochechas coradas. Fofo.
— Gente, por que vocês não deixam os meninos sozinhos, hein? — Seungmin sugeriu para a multidão ao nosso redor.
Parecia que aquilo era algo realmente interessante para todo mundo ali, mas metade não sabia o que estava acontecendo, de fato.
— Então, é isso... Nós estamos namorando, Changbin...
desculpa se houverem erros, não revisei!! eu nunca sei oq dizer nas notas, então só vou dizer oi... oi!
edit 14.04.2023 |
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{As ᴍᴀ́ɢᴏᴀs ᴅᴇ Cʜᴀɴɢʙɪɴ} changlix
أدب الهواةChangbin se sentia triste. Se sentia triste por ter feito Lee Felix sofrer. Porém nunca tinha sido sua intenção, não queria ser o motivo de uma infelicidade. Talvez deixar Felix ir embora fosse a melhor opção, mesmo que seu amor explodisse o peito...