XVI

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— Música do capítulo: Fix you, Coldplay. Não esqueça de votar e comentar. —

Harry sentia todo o corpo latejar, sua cabeça parecia pesar cinquenta quilos e ele mal tinha forças para abrir os olhos, mas nada disso se comparava a dor emocional que estava sentindo. Ele havia perdido Louis, não haveria volta. O garoto se perguntava como não havia passado por sua cabeça que se os pais descobrissem sobre Louis eles estariam em uma situação dez milhões de vezes a que ele estava agora.

Desmond encontraria uma maneira de ferir Louis, ele sempre conseguia o que queria e se machucar Louis fosse sua escolha ele a faria.

Harry suspirou enquanto as lágrimas quentes escorriam por seu rosto. A enfermeira, que ele descobriu se chamar Maria, o olhou com tristeza. Ela era afetuosa e Harry gostava dela, não que ele quisesse ficar naquele local mais que o necessário, mas estava feliz em tê-la como companhia.

— Vejo que conseguiu fazer o garoto de olhos azuis ir se cuidar. — Ela sorriu fraco achava que as lágrimas do jovem paciente fossem de dor. — Ele deve gostar muito de você! Passou a noite inteira ao seu lado. — A intenção de Maria era doce, mas apenas fez Harry chorar mais e mais.

Ele se sentia tão culpado. As lembranças do final de semana voltando com tudo em sua mente, como se elas fizessem isso apenas para tortura-lo. Claro que a mente de Styles também estava lhe pregando peças ao misturar cenas dos garotos se divertindo a imagens de Louis machucado em algum beco.

— Me diga onde dói, querido. — Maria falou doce enquanto alisava os cabelos dele. — Vou lhe trazer outra poção.

Harry soluçava, não conseguia expressar em palavras que apesar de amar Louis não poderia tê-lo. Sim, ele o amava, descobriu isso da pior maneira, ao perceber que se o pai o machucasse ele não aguentaria. Harry não poderia suportar a ideia de Desmond se quer se aproximar de Louis. Ele amava o pai, tanto quanto amava a mãe, mas temia o homem mais que tudo.

Desde muito cedo Harry aprendeu a andar na linha. Ele encarava o anel em seu dedo com os olhos embaçados, um constante lembrete de que havia falhado com o família  e que certamente, mais cedo ou mais tarde pagaria por aquilo.

Maria retornou alguns minutos depois segurando um copo com um líquido amarelo, ela o ofereceu a Harry sem dizer nada e o garoto bebeu sem fazer perguntas. Tinha gosto de camomila e maracujá, era quente e reconfortante e ele se permitiu aproveitar aqueles instantes em que seu corpo relaxou. Maria lhe lançou um sorriso pequeno de contentamento.

— Descanse, querido você passou por maus bocados, irei trazer algo forte para comer. — Ela ajeitou os cobertores envolta do corpo de Harry e saiu.

Harry sabia que não lhe faria bem ficar evocando aquelas lembranças de Louis a sua mente, mas não conseguia evitar. Era demais para ele lembrar o modo como algumas ruguinhas apareciam nos cantinhos dos olhos de Louis quando ele sorria, ou em como ele arrumava a franja a cada dez segundos, ou como aqueles lábios finos e rosados se encaixavam de forma perfeita aos seus próprios. Ainda era capaz de sentir os dedos dele passearem por sua pele, cada centímetro dela, como se ele fosse a coisa mais preciosa no mundo.

Enquanto sentia o sono chegar ele lembrou da imensidão azul que eram os olhos de Louis. Límpidos e brilhantes, como o céu ou um oceano. A maneira como os cílios dele eram longos. O brilho em seus olhos ao ver alguma comida gostosa. Como Louis conseguia transmitir todos os seus sentimentos apenas com um olhar.

E Harry caiu no sono com o olhar ferido de Louis gravado em sua mente.

[...]

Troye observava enquanto Harry dormia tranquilamente. A aparência do cacheado estava bem melhor do que na noite anterior, a maioria dos arranhões haviam fechado graças às poções da enfermeira e o maior corte, em sua testa, agora tinha apenas um pequeno curativo. Os tons arroxeadas ainda pintavam o rosto e braços de Harry, mas ele não parecia tão destruído. Troye suspirou pesadamente enquanto se lembrava do motivo do sumiço de Harry.

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