| Impuro |

XIX

Harry encarava Louis com intensidade. Assim que ouviu a voz dele dizendo que eles deveriam conversar um milhão de coisas passaram pela sua mente. Louis se aproximou um passo ou talvez tenham sido dois, e Harry recuou a mesma distância. Ele olhava em volta com medo de que alguém os visse junto e contasse a Desmond.

— Eu não posso. — Sussurrou como se fosse um segredo e olhou para trás novamente.

Louis franziu o cenho, toda a preocupação que seus amigos e colegas de time haviam dito ter presenciado em Harry não estava ali, no lugar existia um Harry aparentemente confuso e paranóico.

— Hazz. — Louis começou doce, seu objetivo era conversar e resolver sua situação com o cacheado, ele não queria brigar ou aumentar o abismo entre os dois. — Fala comigo, Harry o que está errado?

A voz aveludada de Louis fez com que Harry amolecesse, ele sentiu os olhos marejarem enquanto balançava a cabeça e mordia os lábios. O garoto queria contar tudo a Louis, lhe dizer que estava tão apaixonado por ele que as vezes era difícil respirar, mas ele tinha medo. Medo de que alguém ouvisse ou visse e contasse tudo a Desmond. Medo de que Louis enfrentasse Desmond de alguma maneira e acabasse se machucando.

Apenas essas possibilidades eram assustadoras demais para Harry.

Ele havia pensado sobre isso, e sobre sua reação a queda de Louis, e padecia em desespero toda vez que apenas imaginava Desmond descobrindo sobre Louis.

— Eu não posso, é arriscado. — Ele respondeu ainda de forma baixa. — Desculpe-me, Louis, mas eu preciso te manter seguro.

E dito isso ele virou-se no corredor e saiu em passos apressados. Louis ficou parado como da última vez, as palavras rodando em sua cabeça "eu preciso te manter seguro",  e de repente, Zayn parecia mais certo do que nunca. Ele suspirou pesadamente e decidiu naquele momento que não desistiria.

Não desistiria de Harry.

[...]

Louis vagava pelos corredores do sétimo andar, ele não sabia ao certo como havia chegado ali, seu plano inicial era ir até a biblioteca no primeiro andar procurar um livro e voltar para seu salão comunal, ele não estava no clima para quadribol. Porém ali estava ele parado em um dos corredores do sétimo andar.

A voz de Harry ecoava em sua mente "eu preciso te manter seguro", ele queria muito entender sobre o que o cacheado falava, mas ele não entendia e aquilo o estava sufocando. Ele pensava em uma maneira de conseguir conversar com seu garoto a sós, talvez na cabana ou em algum lugar da cidade que havia próxima a escola quando deu de cara com uma porta.

Bom, não era de todo estranho ele ver uma porta em um corredor, mas aquela porta específica parecia diferente. Apesar de ser aluno da escola por pouco tempo, ele já conhecia cada pedacinho dela, ou pelo menos achava que conhecia, Louis já havia passado vezes o suficiente pelo sétimo andar para decorar tudo que havia ali. E aquela porta escura e grande era uma novidade.

Ele se aproximou, as mãos formigando em curiosidade por descobrir algo, aparentemente, novo. Ao girar a maçaneta constatou que estava destrancada, seu coração se agitou um pouco. Ele estaria prestes a encontrar um mistério? O que aquela porta escondia?

Ao abrir a porta por completo, se decepcionou um pouco. Não havia nada demais ali.

Era uma sala comum. Havia uma parede repleta de livros, um sofá enorme em frente a uma lareira. Uma mesa de centro e algumas almofadas espalhadas pelo chão. Era relativamente pequena, como uma versão menor de um salão comunal, comparando ao tamanho da porta o que fez Louis franzir o cenho meio confuso. Ele deu de ombros e foi até até a parede onde os livros estavam dispostos em prateleiras. Leu as lombadas rapidamente e achou um chamado "animais fantásticos e onde habitam", ele pegou o exemplar e colocou debaixo do braço, fez o caminho para a saída e bateu a porta dando de ombros.