Capítulo 3

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             E lá está um insolúvel, uma jovem procurando um insolúvel e uma corujinha machucada enrolada em um casaco velho, mas acalentador. No caminho pego algumas folhas de erva-doce e não hesito em perguntar o que está acontecendo. Ela diz que dois anos depois da destruição do Comando P, muitos cidadãos se opuseram contra a Base e a presidente Willow, centenas deles fizeram passeatas, manifestações, divulgações contra o governo. Tudo isso durou um mês, até que no Dia W, do nada toda a praça foi bombardeada sabe-se lá pelo o que. Muita gente morreu, talvez isso foi um plano da presidenta para que parassem de ver ela como um inimigo, já que ela estava na cerimônia assim que começou a sessão de bombas. Mas isso não foi o suficiente, continuaram com a provável revolução. Até que um dia ela decretou que todo o país de Clywer fosse dividido em três comandos: Comando W que seria a parte mais rica do país e ficaria encarregado de todas as negociações; Comando Y que estaria fabricando e distribuindo alimentos, suprimentos e armas para a Base e os outros Comandos; e finalmente o Comando X que iria abrigar maior parte da população que se opôs contra a presidenta Willow, uma área totalmente cercada e com segurança 24h, onde existe uma rígida rotina que deve ser seguida e é sempre monitorada, resumindo, uma enorme prisão.

             Assim que chegamos acendo uma pequena lareira e coloco água com as folhas de erva-doce para ferver e trato de tratar o machucado da coruja, assim que termino todo o processo ergo uma caneca na direção da garota e ela agarra como sua vida dependesse daquilo, dentre um gole e outro a escuto sussurrar um obrigado.

            — Então, como você se chama ruivinha?

            — A maioria me chama de soldado C, mas pode me chamar de Celi — ela sorri.

             — Bem, um brinde a sua chegada soldado C. — brindamos nossas canecas — eu sorrio. 

             O sorriso dela me lembra Cecília, a garota que viveu comigo desde criança, que sempre beijava minha bochecha todas as manhãs de baixo daquela árvore, mas que agora está morta. Eu meio que me perco na conversa, pois quando a vejo ela está segurando o retrato das pessoas que eu amo e me observando com um olhar interrogativo.

            — Estes são... Sua família?

            — Eram — solto a caneca e sinto uma lagrima escoar do meu olho. 

            — Sinto muito. 

            — Obrigado, mas e você? Tem alguém lá fora esperando a sua volta? 

             Ela enfia a mão em dos bolsos do seu traje e retira uma fotografia desgastada pelo tempo, ela tem uma família. Começo a analisar todos os componentes até que me deparo com uma figura familiar. Oh, o cara da minha visão. Ele realmente existe.

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