Trunfo

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Rachel Wase

Sento-me ao balcão e espero que o empregado chegue para pedir os nossos pedidos, o bar era realmente enorme e estava cá a faculdade em peso por isso haviam várias pessoas a trabalhar a estas horas. 

-O que vai ser? - um rapaz mais ou menos da minha idade, talvez mais velho, pergunta do outro lado do balcão. 

É bonito sem dúvida alguma.

Os olhos castanhos simples, sardas que lhe pintam o rosto e uns lábios carnudos o cabelo varia entre o castanho e preto deixando-me ligeiramente confusa com que cor atribuir. 

-Vais pedir alguma coisa? - ele ri e reparo que estava à demasiado tempo a olhar para ele. 

-São duas cervejas por favor. - digo um pouco atrapalhada. 

Ele desaparece durante alguns segundos para voltar com o meu pedido. 

-Não parece ser o teu género. - solta a frase de repente quando me ia a virar. 

-O que é que não parece ser o meu género? -pergunto curiosa. 

-Cerveja. - observa as latas que tenho na mão. 

-Se as pedi talvez faça mesmo. - tento mais uma vez decifrar a cor do seu cabelo, falhando completamente. 

-Muita gente faz pedidos só porque sim e não porque aprecia a bebida. - vira-se e começa a misturar algumas coisas num copo. 

Tento perceber se é a minha deixa para ir embora, mas então eu fico. 

-Aqui tens, prova. - ele entrega-me um copo com qualquer coisa lá dentro. 

Cheiro a bebida lá dentro e tem um aroma agradável, mas acho estranho estar-me a oferecer a bebida sem mais nem menos. 

-Aviso já que não vou pagar por isto. - esclareço e ele ri-se descontraído. 

-Fica por conta da casa, afinal fui eu que ofereci. - pousa os braços no balcão e perante a pressão eu provo a bebida misteriosa. 

Tem um sabor doce, mais doce do que eu costumo gostar, mas não deixa de ser incrivelmente boa e surpreender o paladar. 

-Então que tal? Melhor que a cerveja?

Quando eu ia responder eis que alguém ou melhor ele, é sempre ele, aparece ao meu lado e sorri de lado. O tipo de sorriso perverso que odeio desde os tempos em que o vi pela primeira vez, ahhh coisa irritante!

Ele tosse alto e de forma provocadora para nós os dois e o empregado de sardas no rosto olha para ele sem perceber, gostava de lhe dizer que nem eu o percebo.

-Queria uma cerveja. - ele diz, mas depois o sorriso volta, aquele sorriso... -Ou também me vais oferecer uma bebida? 

Mas quem é que ele pensa que é? 

-Sempre posso ver o que posso arranjar. - ele sorri também com quase o mesmo nível de intensidade em termos de provocação. 

Okay... mas o que é que se está a passar? 

-A Rachel não gosta de bebidas doces para que conste. - o Kit diz sem olhar para mim e o rapaz do bar volta a estranhar. 

-Rachel... -o par de olhos foca em mim. -Bonito nome. 

Sorrio pelo elogio e pela atenção, mas mentalmente o meu cérebro grita "Ethan,Ethan, Ethan" apesar de não estar a fazer nada... ou estou? 

Não estou. 

Choque ElétricoOnde histórias criam vida. Descubra agora