Nota da autora: O final de uma coisa tão especial como foi Game of Thrones nos deixa devastados. Ainda que não aconteceu o que queríamos, ao meu ver houve coerência e na nossa imaginação ainda há sim, chance desse reconhecimento de almas tão esperado. Acredito que esta seja a última vez que eu escreva fics sobre o assunto, porque este shipper virou um obsessão e viverá, pelo menos neste espaço. Beijos e espero que gostem! Com todo carinho...
**************************************************************************************
Milhares de anos de conquista, sangue, magia e proteção ruíram diante de todo o extremo norte quando os White Walkers e Viseryon fizeram a transposição da muralha. Encantamentos antigos foram desfeitos tamanho o poder de destruição, mas ainda assim, ela não se envergara por completo. Existiam partes que permaneciam iguais, porém todos sabiam que outros milênios nasceriam até que ela voltasse a ter a força anterior, até que parecesse de fato o que era.
A neve caía espessa e o fazia muito lembrar o lema dos Stark "the winter is coming" . Passara pouco tempo desde o seu retorno à Guarda da Noite, mas parecia que tudo tinha acontecido em outra era. Nunca pensou tanto no Lord Comandante Mormont, em Meistre Aemon e Eddie Doloroso como agora. Conhecimento, comando, amizade, tudo perdido. Como tudo o que perdeu desde que saiu, pouco mais que um garoto, da proteção de Winterfell. Desde que vira pela última vez aquele que julgava ser seu pai e que lhe disse para jamais esquecer que ele, Jon Snow, era do seu sangue.
Seu pequeno irmão que escalava muralhas e paredes, hoje é o rei de Westeros. Assim como ele, Bran também teve que cumprir um destino que não merecia e, muito menos, desejava. Era consciente de que sua traição teria sido punida com a morte, fosse outro que não um dos seus, o novo soberano. Talvez tivesse sido melhor e apagasse de suas memórias para sempre o redemoinho de tormentos em que se transformara sua mente e desta vez não haveria feiticeiras vermelhas para trazê-lo de volta.
Tyrion lhe perguntou quando estava prestes a ser executado o que encontraria do outro lado, se de fato existisse um. Era desconfortável, o constrangia pensar, logo, jamais exporia em voz alta, o período em que esteve morto. Não quis assustar o anão com o conceito que estava claro para ele, era o inferno.
Seu corpo ressentia-se da dor pela longa cavalgada na mais longínqua vastidão de frio que encontrou ao, junto de Tormund, conduzir o povo livre até um novo lar, distante e seguro. Dias cavalgando sob intensa nevasca havia maltratado seu corpo, já não mais tão jovem assim. Seus cabelos estavam novamente compridos, assim como sua barba, longa e descuidada; voltara a vestir o negro e sabia que morria ali toda e qualquer vaidade que pudesse em algum momento ter tido.
Em honra dos grandes homens que conheceu desde que se tornou um "corvo", como os selvagens os chamavam, dedicaria sua vida à reconstrução da muralha e a formar uma nova Guarda da Noite, uma vez que, novamente era o seu Lord Comandante, como se a vida andasse em círculos e ele estivesse voltando ao ponto de onde já havia partido.
Por vezes tentava esquecer o porquê de estar ali, mas ainda sentia o cheiro do sangue de Daenerys impregnando-lhe a pele e do aço derretido do trono a provocar-lhe náuseas. Para ele, a lenda do Azor Ahai, era apenas uma das histórias antigas que a velha ama contava, nunca prestara muita atenção a essa. Um príncipe prometido que assassinava sua amada para poder salvar todo o seu povo.
Haviam elementos semelhantes, porém ainda assim não acreditava que isso se aplicava a ele. O olhar exasperado dela era uma imagem que também o magoava profundamente; foi a coisa mais difícil que precisou fazer em sua existência. Sabia que ela o amava e confiava nele. Por algum tempo ele também imaginou que a amasse e embora o tivesse dito por mais de uma vez, também sabia que já não era mais daquela forma de amor que se referia. Isso não foi pela descoberta do parentesco, não foi pela disputa do poder. Apenas foi uma constatação, pois em seu íntimo, no lugar mais escuro e protegido, Jon Snow sabia quem de fato amara.
Sentia-se ainda mais sujo e levou muito tempo até que pudesse admitir o sentimento para si e, ao mesmo instante, enterrá-lo da maneira mais profunda. Já deitado em sua pouco confortável cama com Fantasma a observá-lo, aquele que foi Rei do Norte tinha a mente perturbada por memórias que daria tudo para apagar
Não contou a Tyrion sobre o outro lado, porque o que viu e viveu, causou-lhe imensa vergonha. Um Jon criança revivendo cada mágoa, cada humilhação pela sua condição de bastardo. Olhares e palavras ácidas de Catelyn Stark o inquirindo, o perseguindo, enquanto ele era apenas um menino. Pequenos lampejos de inveja que ele dirigia a Robb, e ele sabia que aquilo não podia ser verdade, pois amava o irmão. Assim como não podia aceitar aquela primeira memória em que adolescentes, com cerca de 13, 14 anos, encontraram-se no rio.
Fazia calor para os padrões nortenhos, e foi junto com Robb nadar no rio. Não sabia, porém que Sansa e duas outras filhas de vassalos também lá estavam. Quando as viu, segurou Robb pela camisa e fê-lo parar, atrás de um cipreste.
_Vamos embora, Robb, Sansa banha-se no rio com as outras donzelas, não é correto ficarmos a espiar.
_Só um pouquinho, Jon. Depois prometo que iremos. Deixe-me apenas ver as pernas da Lady Myrian e Lady katerine.
Jon, sempre com seu senso de honra acima de tudo, não queria ficar, porém quando elas viraram, se eles saíssem dali, iriam se denunciar. Procurou não olhar para as senhoritas, mas quando uma cabeleira ruiva virou-se abruptamente e aquela camisa branca encharcada colando-se ao corpo delgado, com os seios visíveis pelo tecido transparente, o porte longo e esguio, os olhos azuis como um dia de sol, suas pernas amoleceram. Não sabia o que era a sensação da garganta secar e as pupilas dilatarem. Maldita seja a morte que o fazia reviver um tormento e com cores ainda mais vibrantes, da primeira vez que a olhou não como irmão, mas com o desejo de tocá-la de formas que, além de impróprias eram absolutamente proibidas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The song of ice and pain.
RomanceQuando o destino de Westeros se definiu, profecias e destinos se cumpriram, novos caminhos foram tomados e coisas voltaram ao ponto de partida. O exílio de Jon traria um pouco da paz que lhe era tão cara e há muito tempo acreditava que na vida não a...