O regicida

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Sua respiração ofegante e abafada não podia ser ouvida na madrugada. Apenas, os olhos vermelhos do lobo gigante o fitavam de forma que parecia estar prestes a verbalizar seu pesar e preocupações. Mais uma noite, acordava na madrugada com o corpo ensopado de suor, a despeito do frio intenso que fazia, e o mesmo e cruel pesadelo a atormentar seu inconsciente.

Os olhos projetados de uma Daenerys que acreditava em seu discurso repleto de tirania, ser a libertadora de um povo que ela mesma dizimou e o não entendimento mesmo quando a adaga atravessava-lhe a carne ao mesmo tempo que os lábios do amado cobriam os seus. O que ele, Jon Snow, não daria para que jamais precisasse chegar a um ato extremo e deplorável como esse ?!

Teve dúvida, embora soubesse que não haveriam outras alternativas, mas tentou mentir a si mesmo que ela não era assim. Trouxe-lhe à razão, porém, o Lannister, sempre aquele engenhoso Tyrion a dizer a coisa certa no momento mais inoportuno. Estava saindo da cela quando ele disparou a temida pergunta: _ E quanto a suas irmãs? Sansa jamais se dobrará.

Claro que Sansa jamais se dobraria. A irmã hostilizou a rainha desde o primeiro minuto em que a viu. A lady de Winterfell era dotada do orgulho e da teimosia nortenha, embora não pudesse ser criticada, pois reerguera o norte e também o castelo dos Stark Pensar na ruiva sendo pulverizada pelo dragão fez com que um buraco se abrisse no chão e ele mergulhasse ali para não mais emergir.

Nunca! Jamais permitiria que algum mal acontecesse a Sansa e Arya. Prometera que a protegeria e não tinha intenção de quebrar promessas, pelo menos não as que fizera a ela. Desde que a viu depois daquele período repleto de horrores em que ali, naquele mesmo lugar, vivera e morrera, e observou o grande portão da muralha se abrir e por ele aqueles cabelos ruivos que reconheceria no meio de uma multidão, por ele passarem.

Era insano crer que, diante de si, estava a chave de seus sentimentos encerrados na masmorra que construíra dentro da própria alma. Vê-la justo ali quando decidia que rumo tomar em sua destroçada vida, trouxe-lhe de novo a doença, mas trouxe-lhe também a cura.

Olharam-se, mergulharam um no outro antes dos braços fortes dele, abrigarem ela inteira. Seu calor, seu perfume, sua pele macia, tudo nela convidava-o a dar o último passo para o precipício. Sansa veio como um anjo portador da espada, cujo gume era afiado para o bem e para o mal. Ele não queria mais travar batalhas, mas dela não mais poderia se separar. Não desejava mais sangue derramado, porém precisava do sangue Bolton extirpado. As coisas que faria ao maldito quando pusesse as mãos nele...assim como em Mindinho e cada um que a ferira e a magoara.

E teve aquele constrangedor momento que o atormentava ainda mais que qualquer outra lembrança pavorosa e ele tinha muitas. Já estava recolhido em seu quarto, aquele mesmo quarto em que agora refletia sobre tudo, e uma batida na porta fê-lo pular ligeiro e em alerta, como sempre estava desde que fora morto ao que pareceu tanto tempo atrás.

Sansa envolta em sua capa segurando um lampião olhava-o aturdida no beiral da entrada:

_Sansa, o que houve? Aconteceu alguma coisa?

_Jon, posso entrar? Por favor, preciso de você...

POv Jon

Eu sabia que era inadequado ficarmos sós durante a madrugada no mesmo quarto, mas o que podia fazer diante do que ela me pedia?

Cedi lugar à porta e ela entrou.

_ E então? Conte-me o que a aflige.

_Os malditos pesadelos. Não consigo dormir sem mergulhar no horror que mortifica minha mente. Por favor, Jon. Deixe-me ficar aqui hoje. Deixe-me ter um pouco de proteção e de paz.

Atravessou-me a alma ouvi-la falar daquela forma. Como eu poderia negar-lhe algo, quando eu mesmo horas antes afirmei que para sempre iria protege-la?

Caminhando para a cama estreita, ela tirou a capa e estava apenas com uma camisola de tecido branco e fino. Sentou-se na beira e com um aceno pediu-me que fosse ao seu encontro. Custei a crer no pedido dela. Deitar-se ao seu lado? Era isso que ela me pedia?

_ Não posso. Não seria...adequado a sua honra, a sua reputação.

_Depois de tudo o que passei nos últimos anos, Jon, minha reputação é a menor de minhas preocupações. Por favor, por favor...me mantenha aquecida. Sinto medo e frio.

Incerto e devagar me aproximei de onde ela estava sentada. Tirei minha capa e também sentei-me ao seu lado. Ela me tomou as mãos e levou-as aos lábios. Não podia acreditar que teria que viver a tortura de nossos corpos ficarem assim e ainda mais próximos. Sansa sabia o que me pedia?

Empurrei-a levemente para os travesseiros e ainda um pouco relutante deitei-me ao seu lado de frente para ela. Puxei a coberta e procurei manter ao menos aqueles saudáveis poucos centímetros de distância. A cabeleira vermelha espalhada no lugar embriagou-me com seu perfume tão característico.

_ Ainda tenho frio. – disse isso e se aproximou inteira de mim, colando seu corpo ao meu que, reagiu de imediato o que estava me causando ainda mais constrangimento e repulsa por mim mesmo.

Quanto mais duro eu ficava mais ela se apertava contra mim. Meus braços ganharam vida própria e a envolveram inteira de encontro ao meu corpo. Minhas insolentes mãos acariciavam suas costas, enquanto as delas se enfiavam por dentro de minha camisa tocando meu peito, tateando minhas cicatrizes e se demorando um pouco mais nelas.

Foi inevitável puxar um pouco sua roupa para baixo. O suficiente para ver os bicos róseos dos seios aparecerem rijos e gloriosos.

_Não fale nada...- sussurrou ela em meu ouvido. _ Fique comigo. Ao menos hoje, fique comigo e me faça esquecer.

Não podia lhe negar aquilo que talvez fosse o que mais quis no passar de toda sua vida.

Jogando o último resquício de sensatez para o inferno, tomei-lhe os lábios e o beijo foi como uma fogueira, queimando-nos as bocas, a briga que as línguas travavam. Apertei os seios e eram lindos, perfeitos. Chupei um de cada vez enquanto ela gemia em meu ouvido o meu nome.

Puxei sua roupa inteira e ela estava ali, nua e entregue. Nem que eu quisesse, e obviamente eu não queria, poderia parar. Era o certo, mas como fazer se o meu corpo protestava para enterrar-me nela?

Meus dedos tomaram sua intimidade e com os movimentos precisos, ela tremeu entregando toda sua satisfação pedindo-me manhosa: _ Eu te quero agora. Pelo menos hoje, me faça sua.

Deitei sobre ela, afastei suas pernas e comecei a penetrá-la. O mundo poderia parar ali, naquele momento mágico e inacreditável. Eu não podia mais me controlar, não conseguia mais e a puxei pelas nádegas me enterrando cada vez mais fundo e mais rápido. Era frio, mas meu corpo estava coberto de suor, como agora.

Sai de dentro dela e a virei de costas. Aquilo parecia um tanto animalesco, mas correspondia ao que éramos naquele momento. A fodi de quatro segurando-lhe pelo quadril e vendo meu membro sair e entrar enquanto ela se abria, apertada, para recebe-lo. O choque dos corpos era audível no quarto inteiro, assim como o cheiro de sexo tomava todo o ambiente.

Ela gemia coisas desconexas e eu prolonguei ao máximo o jorro do gozo que estava prestes a vir, mas quando senti ela me apertar num último momento e seus tremores de prazer fecharem-se ao redor de mim, me despejei inteiro nela e neste instante não quis mais pensar, nem medir meus atos. A satisfação exauriu-nos por completo e assim dormimos, nus, colados um ao outro e sem dizer qualquer palavra.

The song of ice and pain.Onde histórias criam vida. Descubra agora