Antes de dizer qualquer coisa a Arya, Jon teve um espasmo e se não fosse a irmã tão pequena em estatura, mas tão ágil, teria se estatelado ao chão. Perdeu os sentidos e Arya pode ver naquele instante, o quanto o irmão estava ferido e entendeu o enorme sacrifício que ele fizera ao empunhar sua pesada espada e lutar com tanta bravura. Mais um sacrifício na vida de Jon.
Arya rasgou um pedaço da própria camisa e fez um torniquete na perna dele, já que ali o sangue empapuçava. Viu que ele tinha um corte na cabeça que ficava bem visível agora que seus cabelos estavam consideravelmente mais curtos. Sua testa estava quente, ardia em febre. Neste instante ela começou a se desesperar, pois não sabia como conseguiria leva-lo sozinha, naquele estado, para Winterfell. Talvez não daria tempo.
Desesperada, ela gritou por ajuda, por Bran; sabia que não deveria fazer isso, pois a floresta poderia esconder perigos maiores ainda, mas já não se importava. Parecia inacreditável ter superado todas as improváveis chances de resgatá-lo com vida e ele morrer em seus braços, decorrente dos ferimentos de seu cativeiro. Amaldiçoou aquele Verme Cinzento e todos os outros. Chorou por Jon, chorou por Sansa. Estava ali paralisada, não sabia o que fazer.
Mas, suas preces foram atendidas, pois não tardou chegar até ela, o chefe da guarda de Winterfell e mais alguns soldados da comitiva do Rei Brandon. Arya suspirou e agradeceu silenciosamente.
_Como vocês nos acharam?
_Sua Majestade, o Rei Brandon, nos deu as coordenadas, milady. Lamento não termos chegado antes em seu auxílio, apesar que podemos ver que a senhora não precisaria de nós. – disse olhando os corpos ao redor.
_Não conseguiria sozinha. Tive a ajuda de Jon e de Fantasma. Mas, vamos, precisamos buscar ajuda para meu irmão. Talvez não dê tempo dele chegar a Winterfell, precisamos achar um meistre antes disso.
_Não há nenhum lugar habitável aqui nestas terras, senhora. A única chance de vosso irmão, digo, vosso primo, é chegarmos a Winterfell, onde ele poderá ter os cuidados de que necessita.
Arya assentiu. _ Então, vamos. Apressem-se.
Conseguiram colocá-lo sobre o cavalo e o Comandante foi com ele a galope. Era um exímio cavaleiro e ao mesmo tempo que foi em alta velocidade, também soube ser cuidadoso para o estado de Jon não agravar mais ainda.
Raiavam as primeiras luzes do dia quando avistaram os grandes muros do castelo e as flâmulas do lobo cinzento dos Stark. Arya nunca sentiu tanto alivio e felicidade ao avistar seu lar. Tinha se tornado uma pessoa do mundo, uma desbravadora, mas ali sempre estariam suas raízes e sempre seria seu lar.
Bran e Sansa que não dormiram aguardando notícias e o desfecho do resgaste, ouviram a trombeta da chegada de cavaleiros. Sansa deu um pulo da cama, colocou seu roupão por cima da roupa de dormir e disse a Bran: _Vamos, meu irmão. Deve ser notícias dele ou...alguma outra coisa.
_Sansa, mande preparar um quarto para Jon e ordene que chamem o meistre imediatamente, pois ele está ferido.
_Como você sabe? Se você sabia, porque não me disse que ele voltaria com vida? – disse já com a voz alterada.
_Porque eu não sabia se ele voltaria com vida. Mas, se não formos rápidos ele não terá muito tempo de vida.
Sansa saiu em disparada, mandou que chamassem o meistre até seu quarto e que arrumassem a cama para Jon. Quando viu Arya, suja, desgrenhada entrando pelo corredor, jogou-se nos braços da irmã.
_Mais uma vez eu te devo tudo, minha irmã.
_Shiiii, não deve nada. Os homens estão arrumando uma maca para trazer Jon. Você tem certeza que quer cuidar dele em seu quarto?
_Claro, aonde mais ele ficaria?
Mal terminou a frase e soldados com uma maca e um homem ferido nela aproximavam-se. Sansa sequer olhou para a cama improvisada. Ordenou imediatamente que o levassem ao seu quarto. O meistre chegava naquele exato momento e quando a Rainha fez menção de entrar, ele pediu que ela ficasse do lado de fora, por conta de seu estado.
_Jamais. Nenhuma força entre o céu e a terra me afastará de perto dele.
_Como queira, Majestade.
Ela entrou, porém, ficou um pouco afastada da cama, ao lado dos irmãos. Todos demonstrando muita preocupação, até mesmo Bran. O meistre começou a cortar as roupas de Jon e em poucos instantes ele estava nu, em cima da cama dela. Inúmeras marcas podiam ser vistas no corpo dele. Marcas de chicote, pequenos cortes e um grande ferimento na perna esquerda. Seu cabelo estava curto e tinha sangue coagulado em um lado da cabeça. Sansa deu um pequeno grito e os olhos marejaram quando viu as marcas em suas costas.
_Sansa, vamos esperar ali fora. – disse Arya, muito preocupada.
_Não. Eu não arredarei pé daqui.
O meistre deu-lhe leite de papoula para aliviar as dores e ele dormir, e começou a tratar todos os inúmeros ferimentos. Um grande tempo depois, Jon já estava limpo, suturado em seus cortes, com unguentos nos machucados maiores e o meistre pingava um elixir dentro de seus lábios para tentar conter a febre.
Mas talvez a medicação não tenha sido tão forte, pois ele começou a se remexer na cama. Estava em delírio quando começou a balbuciar:
_Dany, não matar...são inocentes. Perdoa. Sansa, não. Não permitirei que faça mal a Sansa. Sansa, não somos irmãos.
Por um momento todos os três temeram pelo que ele diria, além do meistre tinha o guarda e outros empregados no quarto.
_Bran...não desvie os olhos. Papai está olhando e ele vai saber se não olhar. Arya...sua loba selvagem. – falou com um sorriso nos lábios. _ Não é uma espada de brinquedo. Aponte ela e enfie bem no meio do peito.
Ambos, Bran e Arya, sorriram com as lembranças que só a eles pertenciam. Jon estava misturando o tempo em seu delírio febril.
_Lord Comandante Mormont, não posso aceitar. Garralonga é a espada de sua família. Sansa...Sansa. Meu amor. Minha mulher. Quero toma-la sempre. Venha. Faremos amor até o dia nascer. Você é tão linda...perfeita.
Um silêncio absoluto caiu sobre o quarto. Nem as respirações eram ouvidas, exceto a de Jon.
Sansa aproximou-se pela primeira vez da cama e disse perto do ouvido dele, mas de forma que todos pudessem ouvir: _ Sim, meu senhor. Você me tomará todas as vezes que quiser. Porque eu sempre te amei e sou sua mulher. E teremos muitos outros filhos para fazer companhia a este que já carrego em meu ventre. Seu filho, meu amado Jon.

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The song of ice and pain.
रोमांसQuando o destino de Westeros se definiu, profecias e destinos se cumpriram, novos caminhos foram tomados e coisas voltaram ao ponto de partida. O exílio de Jon traria um pouco da paz que lhe era tão cara e há muito tempo acreditava que na vida não a...