De todas as dúvidas que assolavam suas mentes, uma certeza eles tinham: o inverno chegaria. O pai prometia-lhes e essa era a verdade mais leal do Norte e do além muralha, até onde o horizonte branco contemplasse aos olhos. E eles eram nortenhos. O frio rígido, intenso, cortante, não os assustava, embora devotassem-lhe profundo respeito. Assim como o navegante que reconhece o poder do mar.
Os cabelos vermelhos destacavam-se na imensidão branca. O pequeno grupo seguia a passos acelerados por pedido da própria rainha. Ela rejeitara a ideia de uma grande escolta e foi enfática sobre a questão de ser transportada em liteira e não montar a cavalo como alguns conselheiros sugeriram. Ela não era mais um passarinho. O que pensavam dela? Havia algo ainda a provar acerca de sua força, sua capacidade e determinação?
O coração acelerava ainda mais a medida que se aproximava da muralha e de toda a lembrança que deixara lá. O reencontro passado vinha-lhe sempre a mente e os braços de Jon a recebe-la, a apertar-lhe forte junto os seu corpo, era uma preciosidade que guardava no fundo da mente e do coração. Quando o viu, depois de tanto tempo e depois de tanta dor, soube no mesmo instante o que passou a vida inteira negando a si mesma. Era uma tola, fútil e sonhadora quando partiu de Winterfell para King's Landing e era uma mulher adulta e quebrada quando veio para Jon procura-lo na muralha.
E o que dizer de si mesma hoje, novamente indo ao encontro dele, e mais uma vez no mesmo local. Descobriu ali, nos braços dele, no calor dos seus beijos e na junção dos seus corpos como era possível existir algo bom e verdadeiro entre um homem e uma mulher. A perversa ironia é a que maltratou seus sentimentos desde sempre. Ele era seu irmão. Mas, por que nunca o sentiu como tal? Por que ficava nervosa cada vez que seus olhares sem querer cruzavam? Ele era lindo. Era o rosto e o corpo dele que imaginava sempre que pensava em seus contos de príncipe encantado.
Os devaneios faziam-na trotar ainda mais rápido, se pudesse estaria a galope para chegar ainda mais rápido, para vê-lo o quanto antes nem que fosse por uma vez mais. Quando estavam juntos sempre lhe parecia que era a última vez. Sofreu tanto e por tantas vezes com as partidas dele. A cada vez era uma dor diferente e maior que a anterior. Quando ele foi para Pedra do Dragão ela temia por sua vida, por sua honra e também por ciúme, pois sabia que a Targaryen era uma mulher bela e só.
Parte de seus temores concretizaram no momento que ele cavalgava ao lado dela e seu grande exército adentrando em marcha os corredores gelados de Winterfell. Cada troca de olhares, principalmente da parte de Daenerys, a feriam no mais íntimo de sua alma. Sansa sabia que Jon não lhe devia fidelidade, mas ainda assim sentia-se traída tanto pela lealdade que ele jurou a outra, como pelo fato de estar frequentando a cama dela. Parte de si entendia que ele precisava encontrar uma mulher digna e forte ao seu lado e que, claro, não poderia ser a sua meia irmã. Amaldiçoava-se sempre que pensava que era justamente um motivo de altania, ser uma Stark, que a impedia de viver plenamente sua história de amor.
Por mais que a memória dos pais e tudo o que fez para honrá-los reconquistando sua casa e o domínio sobre o Norte fosse seu maior orgulho, trocaria tudo para ser uma vassala de sua casa e poder viver ao lado dele, ser sua esposa e mãe de seus filhos. Jamais teriam partido para lugar algum e estariam juntos desde sempre se a vida tivesse sido mais fácil e desta maneira.
Agora a poucos metros do portão grande, mas nem sombra do que fora antes do dragão de gelo tê-lo destruído, podia ouvir a corneta anunciando a chegada da comitiva e não imaginou que assim estaria, mas sentia-se nervosa e eufórica como uma adolescente virgem prestes a estar diante de seu contos de fada com o príncipe encantado.
A parte racional a atemorizava, pois Jon não disse com todas as palavras em Porto Real que a perdoava por sua indiscrição traindo o seu segredo. E, apesar do risco, não estava arrependida. Nada mais justo que ele, um homem bom, honrado e justo ser o merecedor do trono. Que cessasse enfim o governo de tiranos. Era grata a Daenerys Targaryen por tudo o que fez pelo seu povo, por sua bravura na luta contra o exército dos mortos, mas era nítido também que a sua natureza era tão ou mais violenta que a de Cersei Lannister.
Jon ou agora, Aegon Targaryen, era sim a pessoa perfeita para reinar. E ao lembrar do que sentiu quando descobriu que não eram irmãos, eram parentes sim, mas nada ultrajante como irmãos que se deitaram e se desejaram por toda a vida. Estava explicado diante de si toda as circunstâncias e maiores medos e vergonhas que a perseguiram.
Tocou os lábios tentando sentir ainda a última vez que eles os tocou, momentos antes de partir para a guerra que travaria no Sul. Ela sabia que ele estaria nas criptas pedindo a benção daquele que sempre considerou seu pai e foi até ele. Precisava. Tinha que lhe dizer uma vez mais.
POv Sansa
_O pai estaria orgulhoso de você e tia Lyanna, sua mãe, certamente o observa com amor ao lado de Rhaegar aonde quer que estejam, Jon.
Ele apenas se virou e olhando em minha direção puxou-me pela cintura, tirando uma luva, tateou todo meu rosto como se quisesse guarda-lo e se demorou um pouco nos meus lábios. Colocou a mão por dentro de meus cabelos, puxando minha nuca e unindo nossas bocas, num beijo repleto de paixão e desespero. Quando suspirei dentro de seus lábios, num sussurro quase inaudível que o amava, ele me levantou jogando-me em cima de um dos jazigos. Tocou meu sexo e viu que eu estava pronta para recebe-lo. Sempre estaria.
Abaixou um pouco sua calça e eu toquei em seu membro, segurei movimentando, incerta, mas decidida a dar-lhe tudo o que quisesse de mim. Já não raciocinava mais; queria apenas sentir, queria apenas dar-lhe uma última memória pra não me esquecer, caso esta fosse a vontade dos deuses. Me abaixei e tomei-lhe com meus lábios. Ele jogava a cabeça pra trás e gemia baixinho.
Suguei toda sua extensão como se nossas vidas dependessem disso. Meus tremores aconteceram sem sequer me tocar, somente pelo prazer derradeiro que estava oferecendo a ele. Meu amor, meu príncipe, meu homem, meu Jon. Não protestei, nem senti qualquer vergonha quando ele derramou-se dentro de minha boca. Engoli seu prazer, quase que no mesmo instante ouvimos vozes baixas que direcionavam-se aonde estávamos. Antes de nos refazermos, ele se abaixou a minha frente e me beijou de forma ardorosa, de um jeito que eu sabia que nunca teríamos com mais ninguém. Ele me levantou e nos recompomos quando adentraram Sor Davos e Brienne.
Ela nada percebeu, mas ele olhou-nos de forma um tanto intrigada e até um pouco constrangida.
_Lady Stark...- disse com reverência.
_Jon, é chegada a hora de partir.
Ele assentiu e quando começamos a sair, Brienne a frente, Sor Davos e eu logo em seguida atrás, senti um ligeiro puxão e ele esbarrou em meu corpo, colando sua boca em meu ouvido e dizendo: _ Aconteça o que acontecer vou te amar até meu último suspiro. Nunca duvide que você é a mulher da minha vida.
E passou a frente de todos seguindo rápido como se quisesse fugir logo dali e acabar com todos os seus tormentos se afastando de mim, enquanto ainda restava-lhe alguma força para fazê-lo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The song of ice and pain.
RomantizmQuando o destino de Westeros se definiu, profecias e destinos se cumpriram, novos caminhos foram tomados e coisas voltaram ao ponto de partida. O exílio de Jon traria um pouco da paz que lhe era tão cara e há muito tempo acreditava que na vida não a...