Ninguém.

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_Para resolvermos. Para resolvermos. Para resolvermos. – as palavras martelavam sua mente o tempo inteiro. O que, acaso, Bran imaginava ser a resolução para sua situação? O quanto seu irmão perdera da sua humanidade quando depois de um vidente, tornou-se também o homem mais poderoso de Westeros? Não queria nem imaginar que ele ousasse sugerir que ela tirasse sua criança. Teriam que matá-la junto, essa era sua única certeza.

Levou um certo tempo para outro pensamento surgir-lhe à mente. Ele disse que Jon chegará em breve. O que ele pretendia? Será que infringiriam a ele ainda mais alguma punição pelo que eles fizeram? Não suportaria perder Jon; nunca mais o perderia. Renunciaria ao nome, à casa, ao Norte, a tudo, se isso significasse que poderia viver livre e em paz com o homem que amava. Com o homem que sempre amou. Agora sabia, mais do que nunca não lhe restava dúvida. Era sempre ele. A implicância, os sonhos juvenis, tolos e furtivos, sempre pensava em tudo que o bloqueasse em sua vida, que o afastasse dela e de seus instintos quanto a ele.

Batidas na porta de seu quarto a tiraram de seus devaneios. Já amaldiçoando quem a chamava uma hora daquela, levantou-se e abriu a porta. Deparou-se com os olhos assustados e temerosos de Arya. Por um segundo ficou paralisada e teve vontade de chorar, pois a irmã, valente e guerreira, definitivamente não era nem assustada, nem temerosa. Era a pessoa mais corajosa que já conheceu. Tinha a impressão que há muito tempo Arya Stark não conhecia mais o medo ou a insegurança. E Vê-la ali parada em sua porta, quando imaginava-a a milhas de distância, fez suas pernas sumirem por um instante. Só podia significar uma coisa. Algo aconteceu. Com Bran ou...com Jon.

_O que houve? – perguntou já sentindo as lágrimas esquentando sua face.

Arya olhou-a uma vez mais e jogou-se em seus braços. Ficaram assim por aquilo que pareceu segundos ou talvez horas e quando a menor precipitou-se a falar, pegou na mão de Sansa e a sentaram-se em sua cama. _ Sansa, Bran me enviou um corvo. Eu estava navegando não tão longe daqui, mas infelizmente, longe o suficiente para poder evitar...

_Evitar o que? – disse em um sopro de voz.

_Jon...eles o capturaram. No momento que ele se afastou algumas léguas do Castelo Black pela Estrada do Rei, Verme Cinzento e um grupo de Imaculados, o espreitaram. Bran conseguiu daquela forma estranha dele ter o pressentimento, mas somente no momento em que já acontecia. Eles o espancaram e assassinaram dois companheiros que o acompanhavam. Mas, ele ainda está vivo. Ainda, mas não por muito tempo, segundo a ameaça do Verme, que percebendo a ave negra a observá-lo compreendeu que ali estavam os olhos e ouvidos de nosso irmão. Ele disse que trará a cabeça de Jon para espetá-la no muralha de Winterfell.

Sansa contorceu-se e começou a vomitar até perder suas forças e Arya ficou apavorada gritando pelas aias.

_Corram, ajudem-me com sua rainha.

_Sansa, minha irmã...acalme-se, ainda temos uma chance. Acalme-se.

Ela já estava inconsciente e nada mais ouviu. Mergulhou em sua obscura mente e já nada sentia, apenas um torpor.

Muito mais tarde, com a irmã o tempo todo ao seu lado, começou a despertar, apenas balbuciando coisas desconexas para Arya: - O filho....a criança...viver...Rhaegar...Lyanna...amor...não me olhe assim...Jon...meu amor.

Aquilo a intrigou, mas Arya apenas sussurrou como se estivesse se dirigindo a um bebê: _Shiii, shiiii, fique calma, descanse. Ela se virou e mergulhou novamente em um sono inquieto e nada repousante.

Arya chamou a aia pessoal de Sansa, que a conhecia em quase toda sua intimidade e perguntou-lhe diretamente. _ O que está acontecendo com minha irmã? Como ela tem se comportado nos últimos tempos, preciso saber tudo. conte-me cada detalhe.

The song of ice and pain.Onde histórias criam vida. Descubra agora