_Podemos retomar as obras e a patrulha, Lord Comandante?
A pergunta parecia vir tão distante, pois Jon estava completamente imerso fitando a direção em que Sansa e sua comitiva seguiam para voltar a Winterfell. Demorou algum tempo até assimilar o que lhe era questionado.
_Siga com a ordem normal.
Já em Winterfell quando a Rainha chegou tratou de dispensar todos os pedidos e audiências para o dia seguinte, pois estava exausta da viagem e a verdade era que após deixar Jon na muralha, algo dentro dela se contorcia em revolta e estava sem paciência para questões de quaisquer natureza. Deu ordens para não ser incomodada. Se ao menos Arya estivesse ali para conversar e desabafar suas dores para a irmã...mas ela não retornara desde que partira a terras distantes em sua aventura desbravadora.
Ali, deitada embaixo de suas cobertas não era difícil pensar nele, nos seus toques, na sua boca a tomar-lhe o corpo inteiro, no cheiro masculino e delicioso que Jon exalava. Seu corpo já estava em combustão com a lembrança de que apenas alguns dias antes, ele estava dentro dela, fazendo-a sua, levando-a a todos os limites. E ele era muito mais que o encaixe perfeito para seus desejos. Seu primo era depois do pai, o melhor homem que conhecera.
Pensando em retrospecto, Snow a salvou de todas as formas que poderia ser salva. Hoje via que ele não entrou em uma guerra perdida apenas para retomarem o lar da família. Ele entrou nesta batalha por ela, porque disse que não mais se separariam e que a protegeria com a vida, se necessário. Ele trouxe a Rainha Dragão para salvar o norte, toda a Westeros e, principalmente, ela. Talvez pelo mesmo motivo matou Daenerys, pois sabia que ela iria se vingar da irmã.
Quando ela quebrou a jura que havia feito pelo segredo que ele lhe confiara, mais uma vez ele a perdoou. Ele poderia ter seguido a vida com a Targaryen, poderia estar no trono, que ao fim das contas por direito era dele, mas não o fez. Isso não o interessava. Tyrion lhe contou depois dos acontecimentos que desconfiava que a consciência pelo que aconteceria às irmãs, foi o que pesou na balança para Jon ter coragem de fazer o que fez.
Ela sabia que havia algo, sempre houve. Foi insuportável ver o jeito que a Rainha Targaryen olhava para Jon enquanto comemoravam a vitória sobre o Rei da Noite; levantou-se e procurou sair de perto o mais rápido que conseguiu, pois temia dizer ou fazer alguma bobagem. Ela era a anfitriã, mas mesmo que sua voz fosse polida e agisse com educação, seu rosto não conseguia disfarçar o quanto incômoda era a situação que se apresentava diante dela naquele momento.
No dia seguinte, não conseguiu se furtar as suas obrigações e entre tantos pedidos e consultas, teve que lidar com a recusa de dois pedidos de casamento feito por duas grandes casas. Sansa não sabia até quando poderia fugir, mas sabia que em algum momento teria que confrontar-se com alguém a respeito. Mas, uma certeza tinha. Não haveria poder, proteção ou morte que a obrigaria casar-se novamente por política ou por qualquer outra razão que não fosse por amor e por sua própria vontade.
Algumas semanas depois algo estava diferente. Sansa permanecia mais indisposta que o normal, tinha tonturas, enjoos e sentia muito sono. Não quis a princípio acreditar, mas quando seu sangue da lua não desceu já há muito tempo quando deveria, teve a certeza que tinha trazido consigo da Muralha mais que lembranças dela e de Jon.
Mesmo compreendendo o quão difícil seria explicar aquela situação diante dos seus, a Rainha do Norte, não sabia se ria ou chorava diante do pensamento que carregava um pedação dele dentro de si. Que teria um lindo garoto de olhos negros de corvo ou uma linda menina ruiva de olhos azuis. Sabia que não poderia esconder a situação por muito tempo, mas precisava pensar de que forma contaria.
Já imaginava que alguns conselheiros próximos talvez iriam lhe sugerir para livrar-se da situação, mas Sansa preferia perder o trono e até mesmo sua casa, pela devoção que já sentia à criança que carregava em seu ventre, filho de um grande amor, assim como ela mesma foi e assim como Jon também foi, o fruto de um amor trágico, mas imenso que deve ter transposto as barreiras do tempo e espaço.
Quanto mais Sansa soube a respeito de sua própria tia Lyanna e também sobre o príncipe Rhaegar, mais ela tinha certeza que não havia barreiras para um amor verdadeiro e ao menos no seu caso, tinha a esperança que as coisas se ajeitariam e ela e Jon poderiam um dia enfim viver em paz. Eles eram filhos de dois grandes homens e duas grandes mulheres. Tinham que ter herdado a força e um pouco daquela grandeza. O que Sansa conhecia sobre o príncipe até então era que ela tinha sido obcecado por sua tia e se tornado um sequestrador e estuprador. Hoje ela tinha noção da grandiosidade daquele homem e que o mundo teria sido um lugar muito melhor se ele tivesse ascendido ao trono de ferro. Mas se ele por amor, sendo o herdeiro direto da coroa, passou por cima de todas as convenções pelo sentimento desmedido por sua tia, o que ela tinha pela frente era muito pouco diante disso.
Mais uma vez Sansa foi tirada de seus devaneios por um bilhete do Rei, seu irmão:
_Sansa, você já deve imaginar que já estou a par da sua situação. Estou a caminho de Winterfell para resolvermos. Chamei Jon e ele chegará em breve. Brandon Stark, Rei dos Seis Reinos.
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The song of ice and pain.
RomanceQuando o destino de Westeros se definiu, profecias e destinos se cumpriram, novos caminhos foram tomados e coisas voltaram ao ponto de partida. O exílio de Jon traria um pouco da paz que lhe era tão cara e há muito tempo acreditava que na vida não a...