Feitiço;

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Cego pega fúria como não se sentia a milênios Meliodas pousa abruptamente no solo coberto de grama. É um vilarejo pequeno e afastado de tudo onde o mandamento de Merascylla vêm e o herdeiro dos demônios sabe a destruição que ela pode causar, sua fome insaciável por almas humanas antes já dizimou vilas inteiras e por diversão raras vezes ela trazia os mortos a vida apenas para ver o terror humano.

Ele por sua vez não era diferente, muito antes de conhecer Elizabeth, quando nem sonhava que um dia esbarraria em uma deusa e que alí selaria seu destino, Meliodas tinha suas formas de se divertir. Apesar de tudo nunca se importou muito com o clã dos humanos, em sua visão eram apenas criaturas tolas que por serem fracas e mortais sempre acabavam por fazer coisas estúpidas. Guerras, abusos e todo tipo de caos aconteciam com eles e depois tinham a audácia de apontarem os demônios como os malditos.

Certo que sendo herdeiro do trono e ostentando sempre um vasto poder Meliodas desprezou muitas vezes os outros clãs como inferiores, quando queria se divertir. Causava arruaça com os seus ou torturava gigantes que lhe enfrentavam, as fadas sempre foram as mais arredias. Tinham medo do que os demônios poderiam causar na floresta do rei das fadas. 

Todavia com suas amplas formas de se divertir o loiro jamais escolheria humanos, essa era a diversão apenas no mandamento da fé.

A força usada ao pousar é grande fazendo os os pés descalços afundar na terra úmida e sem esconder as manchas ou as asas Meliodas anda em passos duros, o solo treme a cada pisada mais forte e sem se importar com as vidas mortais que podem habitar o local o demônio ergue a mão e a move na horizontal como se cortasse o ar. Um ruído alto seguido de um estrondo ensurdecedor ocorre e as casas de madeira partem ao meio e voam pelos ares, os orbes de ébano vistoriam atentamente por algo fora do comum e o príncipe dos demônios franze o cenho parando de repente de andar, às suas costas uma movimentação estranha lhe atraí e sem se virar Meliodas apenas gesticula com a mão e tudo se destrói.

A demora para encontrar o mandamento lhe enfurece mais ainda e ele grunhe sem controlar o miasma que infecta o ar. Finalmente cansado de esperar ele ergue o braço esquerdo e o membro é tomado pelas manchas que forma uma garra  a marca da escuridão em sua testa duplica de tamanho e Meliodas ri sonoramente abaixando de uma vez o braço, o vilarejo pequeno desaparece ao ser engolido por um buraco enorme que se abre no chão e o demônio chega até a beirada do mesmos. Em seu interior o mandamento pulsa.

As asas grotescas projetam-se em suas costas mais uma vez e o loiro pula na cratera que acabou de abrir, porém antes que consiga chegar ao seu fim ele é entra em uma área desconhecida. O mandamento da fé está alí, à poucos metros reduzido a quase pó, entretanto tem o mesmo poder de quando habitava o corpo daquele demônio. Confuso Meliodas tomba a cabeça para o lado e move a mão para destruir o mandamento, todo o poder que aplicou para o golpe é repelido e volta três vezes mais forte irritando-o. 

Aquela bolha imita sua técnica.

Quando está prestes a contra atacar de forma mais violenta Meliodas para e tomba para frente sem entender o que acontece, a marca da escuridão em sua testa diminui e as manchas em seu corpo tremulam. De joelhos ele ofega e grita evocando junto de seu poder as labaredas do fogo do inferno que apesar de tudo não destroem o local mágico que o aprisiona. A defesa mágica absorve o fogo e por sua vez paralisa o loiro completamente, aos poucos Meliodas se sente fraco e fecha os olhos sem conseguir se manter consciente por muito mais tempo, aquele bolsão estava roubando seu poder.

Antes de entrar em um estado de inconsciência completa ele se lembra de Elizabeth e sua reencarnação inocente e frágil.

- Desculpe, meu amor.

×

Curvada sobre a mesa Merlin ofega e tenta não gritar ou demonstrar a dor que sente por tentar aprisionar o poder de Meliodas. Mesmo para sua magia infinit é muita coisa pra que consiga suportar, por si só o bolsão onde o herdeiro dos demônios está já requer muito dela. Afinal o tempo está congelado em seu interior enquanto fora corre normalmente.

A estrela da manhã gira em um círculo parado sobre a palma de sua mão e lentamente a maga respira corretamente e arruma a postura. Já que não suporta guardar o poder demoníaco de Meliodas ela o manterá no mesmo feitiço que conjurou para mantê-lo preso.

- Merlin! - A pequena Elizabeth grita ao acordar assustada de seu sono, visivelmente sentindo alguma coisa ela vem correndo até a mulher que escondeu Aldan e estende os braços para que a mesma lhe pegue no colo. - Cadê o Sir Meliodas? Quelo ele!

- Infelizmente o rei precisou que Meliodas voltasse, Ellie.

- Sem me dá beijo? - Ela questiona chorosa.

- Sinto muito, querida.

- Quelo ele de volta.

Esse havia sido o motivo para Merlin tomar medidas tão drásticas. Se desde o início Meliodas foi o motivo para a morte de Elizabeth, o que seria diferente desta vez se ele não a deixasse sozinha? 

O destino que desde o começo estava guardado para a deusa era morrer por amar e compreender aquele que deveria odiar e repudiar, se mais uma vez, mesmo que agora sendo sua reencarnação, Elizabeth se apaixonasse por Meliodas. Seu destino seria morrer mais uma vez.

- Me desculpe, querida.

O remorso por causar uma separação tão abrupta lhe dói o peito e ela afaga as costas da menina como se desta forma pudesse também aliviar sua dor. Dor por amar quem jamais lhe amará da mesma forma, dor por não saber se tomou uma atitude correta.

O choro magoado de Elizabeth irrompe o silêncio do fim de tarde e acompanhando suas lamúrias Merlin chora silenciosamente, abraçada a garotinha.

Milhares de quilômetros longe Meliodas permanece inerte dentro daquela bolha de poder feita pela maga.

My Demon - A reencarnação da deusa.Onde histórias criam vida. Descubra agora