''Quando olhava dentro de seus olhos, sentia-me como se estivesse sozinho no fim do mundo, numa praia oceânica batida pelos ventos. Sem nada, além do rugido macio das ondas.''
"O constante ritmo do vai e vem das ondas sobre meus pés me causam uma sensação inebriante.
O aroma salgado trazido pela brisa suave do vento se fazia presente entre nossos corpos.
Porém não conseguia encobrir o doce perfume exalado de seus lindos fios castanhos, uma essência que adentrava minhas narinas de uma forma surpreendentemente avassaladora, fazendo com que minha mente vagasse perdidamente pela costa da praia, como se estivesse só, em meio a toda aquela beleza.
O mar, com toda a sua grandeza se mostrava calmo e tranquilo.
As gaivotas deslizam pelo céu como se estivesse em uma perfeita sincronia com tudo a sua volta.
Sua cabeça pousava delicadamente sobre meus ombros e seu sorriso me causava um efeito desestabilizante.
Era como se nada, nem ninguém fosse capa de quebrar esta onda presente em nossos corações.
Inesperadamente sinto uma sensação estranha percorrer todo meu corpo, causando uma náusea incessante em meu estômago.
Tudo ao meu redor começa a girar, desaparecendo gradativamente, a água do mar me encobre absurdamente rápido.
Tento nadar de volta a superfície, mas é como se o oceano estivesse a me engolir, puxando-me para o breu de suas profundezas, querendo que eu me torne parte de suas águas gélidas.
Tento novamente lutar contra o peso da água, mas meu esforço é em vão, minhas forças esvaíram-se.
Minha visão fica turva e antes que eu pudesse perceber eu já estava a me afogar em suas águas."
Abro os olhos sobressaltado, me deparando com uma vasta faixa de areia diante de meu rosto.
Sinto a água subir pela minha garganta e começo a tossir excessivamente, até que todo meu organismo já a tenha expulsado para fora.
Apoio os dois braços em baixo do corpo e tento me levantar, sinto uma dor irromper minhas costelas e se espalhar por todo meu tronco. Grito e meu peito vai de encontro ao chão.
Fico de quatro e consigo me levantar aos poucos.
Sinto uma tontura me invadir, e ainda desequilibrado, tropeço e quase vou ao chão novamente.
Forço minha mente a se recordar do que havia acontecido.
Imagens começam lentamente a preencher minha visão e quando dou por mim, já me encontrava de joelhos em meio a areia, observando aterrorizado, o que se encontrava diante de meus olhos.
Os destroços da embarcação se espalhavam por toda a praia, ao longo pude notar o que restara de seu casco.
Todavia, não era isso que me causara esse terror, e sim, os vários corpos que se encontravam dispersos por toda a costa.
O sol já começava a adormecer lentamente e eu me encontrava caminhando entre a morte.
Apesar da forte dor de cabeça e da dor insuportável em minhas costelas, juntei minhas forças, as poucas que restavam e me obriguei a procurar uma mísera faísca de vida em meio àquela cena fúnebre.
Já próximo ao que restava da navegação vejo o corpo de meu amigo em meio as águas.
Minhas pernas movem-se involuntariamente, enquanto meus olhos já constatam o que meu coração lutava para não acreditar.
Brian, meu amigo de uma vida inteira, assim como todos os outros tripulantes jaziam sem vida.
As lágrimas perfuram minha face, deixando eternas cicatrizes em minha alma.
Tudo em mim começa a ceder e a escuridão à espreita se aproxima vagarosamente.
Porém ela não chega até mim, é impedida por um leve gemido de dor vindo de trás de uma pedra...
[ ... ]
"-Abraham..."
Este foi o nome sussurrado por seus lábios antes que perdesse a consciência e que meus olhos encontrassem o motivo de tamanha fraqueza.
Um profundo corte se encontrava em seu abdômen e as águas ao seu redor se encontravam rubras devido ao sangue que se espalhava.
Após o esforço de trazer seu corpo inerte de volta a paria, cuido do ferimento do jeito que posso e improviso um lugar para que fique no mínimo confortável.
Checo novamente sua respiração.
Fraca e pesada, mas ao menos está respirando.
Eram-se mais de trinta tripulantes a caminho do novo continente e agora só restou eu e o pobre Abraham ainda vivos.
Os únicos que foram concedidos com a graça de ainda estarem vivos.
E os únicos, que levarão a morte de seus amigos cravados em suas memórias.
Uma dádiva e uma maldição.
Ambos caminhando lado a lado até o dia em que o próprio destino nos livrará desta terrível sina.
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❤ Bonjour à nouveau mes chers!! ❤Trago-lhes hoje o segundo capítulo de Coração ao Mar!!
Espero que gostem do caminho em que a história estará tomando e já lhes aviso que o próximo capítulo será incrível!!
Segurem os coraçõezinhos que no próximo domingo teremos mais.
Não esqueçam das queridas estrelinhas do Wattpad ✩✩✩
E por favor me mandem um feedback •^^•
❤ Un gros bisou à vous tous!! ❤
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Coração ao Mar
Historia Corta#CONCURSOM.S "Seus cabelos castanhos dançam conforme seus passos, estes que agora, começam a acelerar o ritmo enquanto os meus se aproximam. Sua doce voz chama meu nome, sendo acompanhada de uma suave melodia sinfônica. Sinto o torpor começar...