Capítulo 1

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"Mesmo estando longe eu sinto você. Sinto seu amor, seu carinho... E por um instante, uma brisa me traz o seu cheiro como alívio para essa saudade toda..."

      "Cristian Peterson, 1719 

      Uma visão sem dúvida extasiante. 

      Lá estava ela. 

      Sentada de frente para o oceano anil que se estendia até a linha do horizonte, com seus belos cabelos castanhos ao vento. 

     Seu semblante transmitindo a mais pura das serenidades, os traços de seu rosto sendo realçado pelo astro reluzente que ocupava o seu lugar no céu. 

     Ao longe as gaivotas sobrevoavam o mar, cortando o ar em busca de pequenas sardinhas. 

    Consigo sentir a sensação inebriante sendo emanada de seu corpo e da brisa refrescante ao seu redor. 

      Ela é mais que um celeste anjo. 

     Mais que uma rara beldade. 

     Mais que a essência pura da mulher.  

     Ela é minha amada. "

      Finalizo fechando o meu velho diário de couro.
  

     Faz-se apenas onze dias em que a deixei no pequeno porto de minha terra.

     Onze dias sem ver sua beleza.
     

     Onze dias sem sentir seus toques.

     Onze dias em que minha aflição sem vê-la corrói meu ser.

      E a única coisa na qual sou obrigado a me contentar, são as ilusões que me prendem durante as longas noites no mar.

      Sonhos e mais sonhos. 

      O único meio capaz de suprir a falta em que ela me faz.
      

      Fecho meus olhos, dando um longo suspiro, na triste esperança de tentar amenizar a sensação de saudade que me encobrira. 

 
      Abro a pequena gaveta da escrivaninha e de lá retiro o pequenino objeto.

      Seu luzente brilho dourado, como o sol de um lindo amanhecer me fascina, e ali no topo, um pequeno, porém valioso diamante, capaz de cativar o olhar de qualquer ser.

      Somente esperando o dia de meu retorno.

      Somente esperando o dia em que enfim, encontrará algo tão belo quanto ele.

      Caminho em direção a janela, afim de admirar a vista.

      Sempre detestei navios, não sei como fui capaz de concordar com Brian, quando ele me pediu para que o acompanhasse.

      Não consigo me sentir bem em alto mar, ficar longe das pessoas que amo é um verdadeiro desafio para mim.

      Há apenas uma coisa capaz de equilibrar esta balança, ou pelo menos tentar equilibrá-la. 

     As belas vistas marítimas são cativantes.

      O sol aproximando-se vagarosamente do zênite, brilhando majestosamente ao mergulhar nas águas profundas e escuras do mar.

      Uma visão que poucos podem observar.

      Porém não é isto que encontro ao olhar pelo vidro da pequena janela.

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