" Em mares nunca navegados, o que parece mais profundo, pode ser imensamente raso... "
" Seus cabelos castanhos dançam conforme seus passos, estes que agora, começam a acelerar o ritmo enquanto os meus se aproximam.
Sua doce voz chama meu nome, sendo acompanhada de uma suave melodia sinfônica.
Sinto o torpor começar me invadir, mas o ignoro e tento em vão, alcançá-la.
Vagarosamente sua silhueta começa a desaparecer em meio as árvores, fundindo-se a uma escuridão que até então era inexistente.
Sua voz clama por mim, enquanto minha alma clama por ti.
É incompreensível!
É como se algo chamasse por mim.
Algo que não fosse a minha amada..."
- Cristian! - Desperto assustado com a voz de Abraham.
O sol cega-me por alguns instantes até que finalmente meus olhos se acostumam com a claridade.
Olho na direção de meu companheiro e o vejo curvado de dor, apresso-me indo em sua direção, tentando inutilmente ignorar a persistente dor de cabeça e o efeito do sono ainda presente em meu corpo.
- Oobr... obrigado... - Força-se a dizer assim que finalizo o curativo, que se encontrava mais para tiras de pano com o resto de um frasco de iodo, encontrado próximo aos destroços da navegação.
- Não precisa agradecer. - Falo involuntariamente.
Observo a costa da praia ainda repleto da presença da morte, meus olhos umedecem e como naquele fatídico dia, uma mão recaí sobre meus ombros.
- Os males andam lhe perseguindo? - Abraham pergunta olhando em meus olhos.
- Com... Como disse? - Minha voz fraqueja perante a dor em que aquela simples pergunta me trouxe.
- Pesadelos. Apenas lhe acordei por que não parava de chamar um nome – Vendo que não me prontifiquei a falar, ele continua – Cristian, você realmente está bem?
Confesso que por um breve tempo, eu não soube o que responder àquele marinheiro de cabelos e barba negra que avaliava atentamente a minha situação.
Eu estou bem, apesar da forte dor em minhas costelas e a incessante dor de cabeça.
Me encontro muito bem em comparação aos outros que não sobreviveram e até mesmo a ele, que recebeu um corte profundo na lateral da barriga.
Apenas temo não suportar esse grande fardo, essa amedrontadora maldição que está a me perseguir.
Como lidar com tantas mortes diante de si e a saudade que tende a aumentar?
Eu realmente preferia estar morto...
- Estou bem, Abraham – Limitei-me em dizer – Fique aqui e descanse, irei tentar encontrar alguma comida em meio a essa bagunça. - Talvez ele tenha percebido algo, mas resolveu apenas assentir, antes de eu me levantar escondendo a dor que surgiu em minhas costelas.
Caminho atento pela areia quente da praia, enquanto meus olhos vasculham por algo em meio a costa, qualquer sinal de comida, será bem-vindo na situação em que nos encontramos.
Fadados ao esquecimento, ao exílio do mundo e das pessoas que amamos.
Me pergunto o que minha doce amada está a pensar?
Que não a amo?
Que lhe abandonei?
Que estou morto?
Não, eu não consigo!
Não conseguirei suportar esse maldito destino!
Essa angustiante falta em que ela me faz!
Meus sonhos fundiram-se a pesadelos e cedo ou tarde, eles irão acontecer.
O esquecimento já começou a chamar meu nome, tão logo ele começará a gritá-lo em meus ouvidos, até que finalmente meus tímpanos estourem, trazendo-me alívio ou uma possível destruição.
[ ... ]
Sabe quando você pensa que sua vida não poderia piorar?
Que não há nada que possa acontecer para destruir o que resta de sua vida?
Ficar longe do meu amor foi como um punhal cravado em meu peito, perfurando todos os órgãos de meu corpo.
Quando aceitei embarcar no navio junto com Brian nunca cogitei o fato de que o perderia. Meu único amigo que me acompanhou desde a tenra infância.
E agora finalmente findo a minha sentença.
Voltar e encontrar Abraham se contorcendo, já agonizando de dor e em seus últimos momentos de vida, foi o decreto do fim da minha esperança.
Não consegui encontrar uma forma de ajudá-lo.
Ver seus olhos cheios de lágrimas, esperando o fim que se aproximava, foi uma visão que se perpetuou em meu espírito.
Já não sei mais o que posso fazer.
Não há mais vida em meu corpo.
A vida que antes aqui habitava, agora caminha para o fim vagarosamente, carregando não só um fardo, não só um torturoso infortúnio, mas sim, a pior de todas as sinas.
A morte.
•⌑•⌑•⌑✩•☀•✩⌑•⌑•⌑•
❤ Hei, mine store kjærligheter i mitt liv!!! ❤
Terceiro capítulo postado com sucesso e já chegamos a metade de nossa história...
Obrigado a todos que estão acompanhando!! Amo muito cada um de vocês!!
Não se esqueçam das tão queridas estrelinhas e dos comentários, irei ler cada um deles ❤
❤ Et stort kyss til alle!!! ❤
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Coração ao Mar
Historia Corta#CONCURSOM.S "Seus cabelos castanhos dançam conforme seus passos, estes que agora, começam a acelerar o ritmo enquanto os meus se aproximam. Sua doce voz chama meu nome, sendo acompanhada de uma suave melodia sinfônica. Sinto o torpor começar...