um

6.8K 570 141
                                    


Henry

Estava saindo do treino daquele dia e fui para a estação de metrô, como sempre haviam pouquíssimas pessoas. As vezes só eu e uma menina que havia me emprestado uma garrafinha de água uma vez.

Não a conhecia mas ela me parecia familiar de algum lugar. Dessa vez ela não estava lá, estranhei já que há algumas semanas sempre via a menina no mesmo lugar.

Foi só eu entrar no vagão para ver ela descendo as escadas e em passos apressados entrar também. Como quase sempre, éramos só nos dois ali. Peguei meu livro de dentro da mochila para ler mas quando já estava com ele em mãos vi que a garota estava chorando. Eram lágrimas finas que desciam por suas bochechas e ela limpava as mesmas antes de caírem por seu pescoço.

Pensei em ignorar mas talvez ela precisasse de ajuda. Pensando nisso me levantei e sentei ao seu lado.

— Você tá bem? - ela só pareceu me perceber ali quando falei, virou o rosto levemente vermelho e inchado em minha direção. Quando ela fez isso eu reparei em como ela era linda, mesmo com o rosto depois do choro e os cabelos loiros todos bagunçados. Ela fez que sim com a cabeça voltou o olhar para as próprias mãos em seu colo.

— Certeza? Não quer nada? Ligar pra alguém talvez? - tentei de novo.

— Não obrigada. - sua voz saiu quase como um sussurro e eu mordi o lábio pensando em como ajudá-la.

Continuei em silêncio ao seu lado, vi com o canto do olho que mais algumas lágrimas começaram a rolar e sem nem pensar direito levantei seu rosto a fazendo olhar para mim e limpei suas lágrimas. Foi estranho, eu não deveria ter feito isso já que nem a conheço mas por outro lado queria ajudá-la. Foi bom sentir sua pele quente nos meus dedos e seu olhar intenso no meu. Ela entreabriu a boca e se desvencilhou com calma do meu toque para em seguida olhar novamente suas mãos.

— É a minha mãe. - depois de alguns minutos de silêncio ela disse, não mais que um sussurro mas me surpreendi com o fato dela falar comigo, talvez precisasse desabafar.

— Ela tá doente. - mesmo não sabendo exatamente o que a mãe dela tinha deveria ser algo ruim para ela estar chorando e conversando com um estranho no metrô, não sabia o que fazer para conforta-lá já que não tínhamos intimidade e eu nunca havia passado por nada parecido. Como ela não recusou meu toque anterior decidi arriscar e a abracei de lado.

Ela deixou e encostou a cabeça no meu ombro, foi um pouco estranho já que éramos desconhecidos mas me senti bem. Percebi que ela deixou mais algumas lágrimas caírem molhando um pouco minha camisa, eu não me importei. Quando chegou na sua parada eu não sabia como me despedir daquela quase estranha mas ela apenas disse um obrigada, beijou minha bochecha e desceu. Por algum motivo eu esperava vê-la de novo logo.

⭐️⭐️⭐️

Cassie

Já faziam alguns dias desde que soubemos que minha mãe estava com câncer, foi descoberto logo no início então ela tinha grandes chances de ficar bem mais nada era capaz de aliviar a dor que eu sentia só de pensar em algo ruim acontecendo com ela. Eu estava meio aérea nos dois últimos dias, esses em que evitei pegar o metrô, e meus amigos já haviam percebido.

Depois que chorei abraçada a um estranho no metrô, eu voltei os outros dias para casa andando. Não tinha como eu encarar aquele menino de novo e eu não arriscaria ir na estação e dar de cara com ele.

— Cassie... alô? Terra chamando. - Isak disse ao mesmo tempo em que Violet estalava os dedos na minha cara.

— An? Que foi? - respondi saindo dos meus pensamentos que hora alternavam entre a doença da minha mãe, hora no garoto do metrô. Ele tinha sido tão fofo em me ajudar e me deixar chorar abraçada nele. Eu precisava desabafar nem que fosse um pouquinho e ele esteve lá naquele momento mesmo sem sequer saber meu nome. Tão fofo...

— Cassie? Você tá me ouvindo? - Isak perguntou já começando a ficar estressado. — Ninguém nunca me escuta ou presta atenção em mim. - falou fazendo drama antes mesmo de me deixar responder.

— Ah, não começa Isak. - Julie respondeu a ele que logo botou a mão no peito se fazendo de ofendido.

— Vou embora então já que ninguém liga pra mim mesmo... - se levantou de onde estávamos sentados no chão.

— Isak para, foi zoeira.

— Ele levantou porque o sinal já bateu e ele não quer chegar atrasado isso sim, só quis dramatizar. - eu disse rindo já que isso sempre acontecia.

— Opaa, vamos então. - Violet que estava trocando mensagens, provavelmente com Noah, no celular falou.

Saímos os quatro pelo corredor em direção às salas do último ano. Meu celular apitou com uma mensagem e o peguei para ver mas era só um aviso de que meu pacote de dados estava acabando, quando levantei o olhar dei de cara com o carinha do metrô vindo em minha direção, meus amigos pareceram não perceber e continuaram conversando.

— An... oi. - ele disse parando na minha frente segurando uma das alças da mochila com um pouco mais de força que seria necessário.

— Ah, oi. - disse nervosa porque meus amigos já haviam parado ao nosso lado e o olhavam com curiosidade sem saber de onde nos conhecíamos.

— Você tá melhor? Do negócio da sua...

— Sim sim. - o interrompi antes que ele falasse da doença da minha mãe, não havia contado aos meus amigos ainda. Com a semana de provas chegando e todos com seus próprios problemas não queria incomodar ninguém.

— Ah então tudo bem... - ele disse meio que na espera que eu falasse meu nome á ele.

— Cassie. E obrigado... - fiz o mesmo esperando para saber seu nome e por algum motivo eu estava mais ansiosa do que o normal para se saber o nome de alguém.

— Henry. - ele disse e cerca de um segundo depois o sinal tocou, dei um tchauzinho com a mão e entrei na sala quase correndo logo sentando em meu lugar. Precisaria inventar algo para que meus amigos não soubessem a verdade porque eu sabia que eles iriam perguntar. Ele tinha que estudar junto na mesma escola que eu? Ah Deus, eu estou tão ferrada.

⭐️⭐️⭐️

Espero que tenham gostado desse primeiro encontro na escola, votem se gostaram pois é muito importante. Ainda tem muito mais vindo por aí

Can we be lovers? | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora