Capítulo 2~Só queria ser melhor.

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{Novamente, perdão pelo horário que o capítulo está saindo... espero que ao menos gostem...}

Já fazia um bom tempo desde a última vez que tive uma visão.

É sem sentido, nem existe uma palavra que explique o que é direito para denominar. Quando desmaiei, fui parar em outro lugar, muito mais assustador do que os demais onde fui parar.

As paredes – ou o que sobrou delas – pareciam ser enormes, tinha um grande buraco no teto, o céu estava repleto de estrelas, como se ficasse em um campo aberto ao invés da cidade. Os móveis eram todos antigos, a maioria, que era de madeira, estavam empoeirados e com manchas. Tinham teias de aranhas como se fosse definitivamente um cenário de filme de terror, onde jamais se deveria entrar.

Ao centro, roubando toda a cena, um trono. Parecia ser feito de ouro, brilhava tanto quanto a lua. Estava meio danificado, mas se comparado com o resto da mobília até que seu estado não era o dos piores.

Comecei a entrar em pânico, queria saber o que tinha acontecido com o Ayato, pouco me importava onde ou o quê estava fazendo naquele lugar estranho e macabro. Diferentemente de quando vi Ayato assassinando a Cordélia, mesmo gritando, tentando correr para longe, não adiantou. Nada me fazia voltar para a realidade.

Reclamei bastante, porém, tomei um susto quando vi uma pequena chama se acender do nada no canto mais escuro da sala, iluminando um rosto. Aquela face, era a mesma do que tinha tentado me sequestrar. Só que dessa vez sua feição estava tristonha.

Ele lentamente foi para a parte mais iluminada, deixando a vela que estava segurando há pouco sobre o chão. Seus dedos deslizaram pelo trono mesmo com a poeira, seus olhos contavam toda a verdade, como se fosse claro que aquilo tinha algum valor para aquele garoto. Outra pessoa apareceu, se teletransportando. Seus cabelos platinados e um lenço escondiam parte de sua cara, dando destaque aos olhos âmbar, que pareciam com os do outro garoto que tinha chegado primeiro. Sua aparência era extremamente intimidadora.

– Shin, eu já te disse para não vir mais ao palácio. Esse lugar pode desabar a qualquer momento, além de que tudo que sobrou daqui é... podre – o com o lenço olhou para Shin, parecendo aborrecido

Uma lágrima escapou silenciosamente passando pelo óculos e o tapa olho, como se aquelas palavras quebrassem o coração dele. Confesso, mesmo ele podendo ter se aproveitado do meu desmaio e me sequestrado, senti pena.

Para minha surpresa, apesar daquele desânimo que deu no garoto, Shin limpou aquela lágrima, e continuou agarrado ao trono.

– Como você é engraçado – ele deu um sorriso vazio – , irmãozinho. – Inclinou a cabeça na direção dele – É culpa sua disto estar assim, cheio de lembranças podres. Se não tivesse matado o pai, quem sabe, eu estivesse feliz, Takuya

Seu tom parecia completamente normal, mas aquilo foi um choque para mim. Apesar do peso que o significado daquelas palavras carregava, me surpreendeu como Shin dizia tudo sem se atrapalhar na hora de falar, como se aquilo não doesse para ele. O suposto Takuya, desviava o olhar, se aproximando do irmão.

– Takuya... – parou repentinamente de se aproximar – quem é esse idiota? – dava para ver, mesmo com o lenço, seu sorriso – Carla. Esse é meu verdadeiro nome. Não adianta tentar mudar isso

– Te batizaram como Takuya. Mesmo com o seu ódio pelo nosso pai, se tem respeito pela nossa mãe, ao menos assuma que seu nome é Takuya!

Takuya suspirou, virando o rosto como se quisesse escapar da situação. Em minha mente, apenas rezava alucinadamente para que pudesse voltar para a mansão Sakamaki logo, mas aquela conversa parecia que iria revelar algo muito importante.

– É inútil... se importar com Krone. Graças ao Karl, o criador daquela maldita doença que matou quase toda a raça que há séculos nossos antepassados formaram, ela está morta também. Nada pode alterar isso

– Você é tão cheio de si mesmo quando fala sobre isso! – Shin aumentou o tom de voz – Ela sempre continuará aqui, mesmo sendo na nossa imaginação, dane-se, é o suficiente

Praticamente desistindo da conversa Takuya se virou, pronto para ir embora. A maneira que ele acabou com a conversa foi arrebatadora, até hoje, mesmo não tendo nada a ver comigo, fico pasma com o que disse:

– Minha maneira de agradecer a mamãe é diferente... – fazendo uma breve pausa, aquele estranho garoto de cabelos platinados começou a andar na direção da escuridão, deixando o som de seus passos ecoarem pela sala – vou dar continuidade á linhagem dos fundadores. Nem que eu precise usar todos os irmãos Sakamakis, eles não tem valor nenhum de qualquer maneira

A vontade de pular no pescoço dele naquela hora foi imensa. Enquanto seu irmão parecia apenas tentando ajudar, Carla era terrível, ainda por cima praticamente tinha falado dos Sakamakis com menosprezo. Que ódio cara, sei que mal o conhecia direito, mas foi impossível não ficar com raiva quando ele fala dessa maneira de todos aqueles garotos, que são tão importantes para mim.

Shin se calou, e nada mais foi dito. Nem peguei o momento, mas quando tomei consciência do que estava a acontecer, Shin tinha ficado sozinho naquela sala. Tudo foi ficando branco e então, acordei, voltando para onde deveria estar.

Me levantei do chão, sem saber ao certo onde estava. Aquelas paredes cheias de rachaduras e com tochas para iluminar, deveriam ser os caminhos subterrâneos. Um dia, eu estive passeando enquanto me escondia da chuva por esses corredores que parecem muito com um labirinto. Mas agora a situação tinha mudado drasticamente.

Shu e Kanato, ambos bem na minha frente. Pensei que Shu tivesse fugido, mas não. Ele estava sem camisa e com várias queimaduras no corpo, provavelmente a camisa deveria ter queimado. Sua face estava coberta por horror, olhando para um ponto fixo enquanto tremia. Kanato, deitado no chão, parecia sem força alguma. Uma das lentes dos seus óculos estava quebrada, enquanto, para piorar, havia uma ferida feia na área das costelas dele, parecia ainda mais ensanguentado que antes.

– Shu, Shu?! Você consegue me ouvir? – fui até ele passando a mão diversas vezes na frente de seus olhos, como se tentando desviar sua atenção, o que não deu certo – O que aconteceu conosco Kanato?!

– O que será né? – o tom dele era completamente irônico – Enquanto você desmaiava por um motivo fútil como esse, nós tivemos... – a sua voz ia aumentando cada vez mais, no entanto, Kanato ficou calado do nada

Sua expressão mudou completamente, como se estivesse com medo de algo. Se sentou, abraçando os próprios joelhos, enquanto parecia ter se perdido nos próprios pensamentos. Tinha ficado como o Shu naquela situação, porém, provavelmente, ainda havia o mínimo de sanidade mental.

– Shu... – tentei falar com o loiro, mas quando encostei no seu ombro, se comportou como um gato arisco, se afastando na mesma hora, como se nem pudesse me ouvir

Me perguntava o que estava acontecendo naquele lugar, ou melhor, por qual motivo tudo tinha virado tão doloroso rapidamente. Nenhum deles me ouvia.

Eu não poderia simplesmente sair correndo atrás dos outros, tinha certeza de que me perderia. O pensamento de que os outros pudessem estar mortos me fez soar frio de nervoso. Ayato, Laito e Subaru, os três estavam dando tudo de si na luta. Aqueles esforços tinham de ter valido algo.

Ficar parada sem fazer nada, com nenhuma notícia sequer, perdida. Se corresse como uma louca fugindo do hospício, ainda sim, seria inútil. Meu senso de direção nunca foi dos melhores, imagine naquelas circunstâncias.

Talvez fosse descuidado ir embora, ainda mais deixando Kanato e Shu sozinhos naquele estado, mas nada do que fizesse tinha algum efeito sobre eles, apenas continuavam sem mexer um músculo. Minha ansiedade gritava, enquanto desesperadamente tentava chegar a uma única resposta.

A melhor coisa que consegui fazer foi me agachar e ficar apoiada na parede. Só queria ser melhor do que aquilo, poder ajudar em alguma coisa, porém, quando estamos nervosos é impossível pensar direito. Não tinha nada que eu pudesse fazer. Tive vontade de chorar, no entanto, me contive por um momento.

Reiji tinha aparecido depois de todo aquele tempo que os demais ficaram em luta, sem nenhum arranhão ou machucado. Ele parecia extremamente calmo para alguém que tinha acabado de ser atacado. Onde ele esteve durante todo aquele caos?

Continua...

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