~ Prólogo ~

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[ ! ] O capítulo não é da melhor qualidade, mas espero que não julguem estar tão ruim.

Arrumar a própria cama deveria ser uma coisa simples, isso se não tivesse um certo alguém bem em cima do cobertor, que mesmo se você tentar puxar é capaz de rasgar ao invés de conseguir tirar de baixo daquela criatura, também muito chamada de Ayato.

– Ayato, você não poderia se levantar?

Ele me olhou de canto, com uma expressão brava.

– Ninguém merece! O Grandioso Eu não pode fazer nada nessa merda de casa! – o ruivo se levantou, bufando

Dava para perceber o quão irritado estava – se bem que de bom humor é meio raro de se ver – , porém, apesar de já ter perguntado milhares de vezes naquela semana, ele se recusa a dizer o motivo por tanta ira. Me faz pensar se realmente sou alguém de confiança dele.

Ao invés de arrumar a cama, fui até Ayato. Fiquei olhando para seus olhos por algum tempo, o abraçando com força em seguida.

– Por que parece que... não confia mais em mim? – perguntei, expondo meu sentimento – Antigamente, quando me preocupava, jamais sabia o que tinha de errado por você, e sim pelos seus irmãos

– Isso é porque aqueles bastardos desconhecem a porcaria do significado de guardar segredo! – resmungou enquanto retribuía o abraço

Suspirei, escolhendo minhas palavras cuidadosamente.

– Eles se preocupam, no fundo sabe disso. – Disse, sendo franca – Comigo nunca foi diferente. Tem algo te incomodando, não? – fiquei na ponta dos pés, colocando meus braços em volta do seu pescoço enquanto massageava sua nuca com uma das mãos

Senti ele relaxar um pouco, murmurando algo enquanto se aconchegava mais nos meus braços.

– Olha, esqueça. Eu vou me acalmar, ok? Não é nada de mais – ele aproximou os lábios, dando um beijo gentil sobre a minha testa, segurando minha cabeça delicadamente com as duas mãos

– Ayato... – aproximei lentamente seu rosto do meu – vou respeitar o seu espaço – disse, me dando por vencida – , mas lembre-se que estou aqui especialmente para te ouvir

Nossos lábios estavam quase se tocando, quando alguém abriu a porta. Porque claro, na mansão Sakamaki, privacidade é algo impossível de se adquirir.

– O que é, caralho?! ["Eu vou me acalmar, ok?"] – perguntou o ruivo todo rabugento, provavelmente mais bravo ainda por terem interrompido o que poderia ter sido um beijo

Lá estava Subaru, com a carranca de sempre, entre o quarto e o corredor.

– Dá para virem logo, casal?! O Reiji mete o chicote em mim e em vocês se não formos descer logo

Ayato se afastou um pouco, olhando para o irmão com seu típico – e lindo – sorriso convencido. Em passos largos, andou até ele, dando dois tapinhas no seu ombro.

– Como se o quatro olhos tivesse ousadia para tanto – com um daqueles gestos estranhos, o afastou sem encostar nenhum dedo nele

Por algum motivo, com todos aqueles poderes de Adão ou algo assim, adorava provocar os irmãos, os exibindo. Principalmente aquele de afastar os coitados do nada, usando uma corrente de vento. Shu mesmo já levou um baita susto por causa daquilo.

– Para com isso, ninguém merece! – protestou Subaru, arrancando risadas do irmão

– Vamos, Yui – Ayato me estendeu a mão, logo, a segurei

Juntos fomos até a sala, como noventa e nove vírgula nove por cento dos comunicados "super importantes" de Reiji eram transmitidos na sala de estar.

– Que fofos – comentou Laito quando nos viu de mãos dadas – , duas almas apaixonadas, que relação linda – cantarolou a última parte

Em reação áquilo, Ayato desuniu nossas mãos, corando enquanto ia até a poltrona que costumava sentar. Novamente, adoro quando o Ayato não estraga os momentos fofos, sabe?

O mais "legal" era que onde ele ficava não tinha nenhum lugar vago para ficar perto dele. Azar, só tinha um do lado do Reiji.

Como sempre, sua feição era capaz de dar calafrios, apesar de nem ter mudado muita coisa. Afinal sua expressão facial sempre se manteve séria.

Olhando em volta, reparando nos detalhes, os irmãos pareciam idênticos as suas aparências de um ano atrás. Apenas Kanato tinha mudado seu estilo, sem contar que, assim como Reiji, teve de usar óculos. Ayato também estava ficando com problemas para enxergar, mas se recusava a admitir.

O curioso é que mesmo assim eles tem algo como uma visão noturna, coisas de vampiros. Funciona perfeitamente, mas quanto ao dia a visão deles fica ruim, por isso deveriam usar óculos quando algum tem problema de visão. É estranho, parece que é coisa de genética no caso dos trigêmeos. Digo isso porque os três estão lentamente ficando com esse problema, sendo que nem usam o computador direto como o Reiji.

Meus pensamentos se confundiram e rapidamente desapareceram quando Reiji começou a falar – ou melhor, jogar a bomba.

– Um intermediário entre os mundos Gekai, habitado em sua maioria por humanos, e Makai, o famoso mundo dos demônios, contendo também vampiros, lobisomens, e demais criaturas, foi ferido gravemente. – Disse, calmo

– Não vejo nenhuma novidade – disse Shu sem abrir os olhos – , os intermediários sofrem ataques diariamente, principalmente dos caçadores de vampiros

– Né, – concordou Laito, como se fosse óbvio – diversas vezes prisioneiros das masmorras infernais do Makai tentam cruzar para o outro lado, e os humanos da igreja tentam invadir nossas terras

Digamos que com o tempo acabei por saber das coisas obscuras que a igreja escondia, coisas horríveis. Eu ainda acredito em Deus, não em tudo que a igreja diz, é bem diferente. A maioria dos coisas descobri pelo Laito, talvez ele já tivesse passado por uma experiência que o fizesse saber de tudo aquilo.

– Não é por um único motivo que apelidamos este trabalho como o pior dentre todos. – Continuou Kanato depois de alguns segundos de silêncio – Jamais conheci algum que nunca foi atacado

– Não é nesse ponto que quero chegar. – Adiantou antes que pudessem fazer mais algum comentário – O real problema é que nele foram identificadas feridas causadas por garras de lobos...

– Espere, você não está querendo dizer que os fundadores escaparam, está? – perguntou Shu, enquanto o interrompia, parecendo bem aflito

Reiji assentiu lentamente como se aquilo o deixasse desconfortável. Até agora, dava para entender um pouco dos intermediários, mas não sabia nada sobre os fundadores.

– Não fode, isso é uma brincadeira de mau gosto?! – perguntou Subaru, já ficando alterado

– Impossível – afirmou Ayato, olhando para Reiji e Shu

Repentinamente, sem motivo nenhum, comecei a sentir um pouco de tontura. Como uma pontada forte na cabeça.

Continua...

Choices~A escuridão não cessa.Onde histórias criam vida. Descubra agora