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Ruan

Sempre vou carregar essas cicatrizes comigo, talvez seja meu real motivo pra me torna em quem vou me torna, ou até mesmo, o que vai explicar tudo o que já passei, tudo o que superei e poder dizer que eu sou forte por aguentar tudo.

Tantas surras sem merecer, tantas humilhações sem eu nem saber o porquê e tudo isso é por culpa de quem tiraram minha inocência e as minhas esperanças.

Roubaram tudo que eu sempre queria, a felicidade.

Limpei minhas lágrimas novamente travando meu maxilar, fiquei um tempo ali no chão enquanto os polícias me olhavam satisfeito, levantei seguindo meu caminho até mais em cima.

Apanhei feio deles e ainda levei vários apelidos, vários nomes que nem eu mesmo sabia o que significava. Olhei para o lado e me sentei em um meirinho de tijolo e fiquei ali por um bom tempo.

Meu corpo doía e sentia uma enorme vontade de chorar, porém, segurava a todo momento, olhei pra criança que brincavam e apenas desviei meu olhar olhando baixo, desci dos tijolos e caminhei até o beco que os moleques estavam.

Magrinho: Que demora.- veio na minha direção.- Qual é, o que aconteceu?

- Os policiais.- murmurei sério.

Peixe: Toma no cú, mas eles pegaram tú as drogas?- neguei.

- Consegui passar antes.- eles suspiraram.

Fiquei ali com eles sem falar muito, eles perguntavam as coisas e eu apenas negava, sem muito papo pra eles e sem conversa muito.

(...)

Pela segunda vez me encarei naquele espelho pequeno do quartinho, fiquei um tempo olhando pra minha própria cara, meus olhos claros com um olhar triste e meu rosto marcado, nos meus braços destacavam cicatrizes assim como meu corpo sem camiseta.

Eu tenho vergonha, muita vergonha, cara...

Escutei a porta e logo vesti minha camiseta desviando meu olhar pra Baião, ele me encarou por um tempo.

Baião: Tá fazendo o que aqui?

- Nada.- falei alto.

Baião: Os moleques tão curtindo...

- Eu não sou eles.- mandei sério.

Baião: Coé, menor.- aproximou, me afastei olhando ele com receio.- Não vou fazer nada, calma.- olhei pra ele assustado ainda.

- Me deixa em paz.- falei.

Baião: Tranquilo, mas toma cuidado.- deu as costas se retirando.

- Porque nada sai da minha cabeça, porque...- passei a mão no rosto encostando na parede.

....

Segurei o revólver mirando e atirando em seguida, olhei pra Baião que assentiu e sorriu forçado.

Baião: Tão indo bem.

Ele fazia esse treinamento com nós e sempre tinha que vim, não negava que quando segurava essas armas eu me sentia diferente, uma parada inexplicável.

Apesar do frio na barriga, eu sentia com mais ódio e com mais raiva.

Baião: Ruan é muito viado! Quero que tú bola um vulgo da hora, tipo o meu!

Magrinho: É mesmo.

Peixe: Por isso já temos o nosso.- sorriu.

Olhei pra eles sem entender, fiquei um tempo olhando.

- Eu não quero.- falei.

Baião: Mas precisa, rapá.- engoli em seco.

Fiquei um tempo pensando nisso e por fim resolvi falar.

- Alemão!- eles me olharam.

Baião: Tranquilo, Alemão.

Alemão, Alemão! É isso mesmo, Alemão. Um vulgo que vai carregar todo meu passado, ou seja, uma outra pessoa.

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1° fase concluída!
#Vemalemão.

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Mancha VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora