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Larissa

- É tudo mentira, cara.- falei novamente a mesma frase, como se fosse adiantar alguma coisa.

Santa? Nunca fui, mas também eu sei dos meus erros, assumo a responsabilidade quando cai no ouvido dos meus pais, porém, dessa vez foi uma merda tão grande que eu fiquei com medo de assumir, e meus pais conhecem muito bem a filha que tem.

Rogério: Tá achando o que? Larissa, não criei filha minha pra ficar na boca dos outros não, se liga.- engoli em seco.- Eu não sustentei você pra isso não, porra.

- Pai...

Lana: Ele tá certo, Larissa.- suspirou.

- Vocês não sabem do estão falando não, acreditam em fofoca...- falei mais alto.

Rogério: Abaixa a voz pra falar comigo, garota.- apertou meu braço me balançando.- Tú mora onde? Na minha casa, debaixo do meu teto e enquanto isso estiver acontecendo, você deve satisfação, ainda mais o respeito com seus pais. Tá achando que aqui é bagunça? Se manca.- olhei dentro dos seus olhos.

Meu pai não teve um passado de flores naquele que ele é bonzinho, era atuado como bandido o passado todo, porém, depois que ficou dez anos preso, depois de perde minha infância toda, ele resolveu abandonar o crime.

E confesso que muitas das vezes eu sempre tive uma carência a mais na questão do meu pai, onde sou mais apegada a ele, temos nossas questões juntos e sempre conto com suas decisões, assim como ele sempre teve um orgulho da filha dele, mas dessa vez eu via a decepção no olhar dele.

- Me solta, tá me machucando.- ele apertou com mais força me encarando com raiva.

Rogério: Tá precisando de uma surra boa pra aprender a viver o certo, precisando de um se liga.

- Você não participou da minha infância, dez anos e eu sempre fui carente de um pai, a única pessoa que pode relar um dedo no meu rosto é minha mãe, ela sim pode me dar uma moral.- puxei meu braço olhando nervosa pra ele.

Lana: Larissa...- meu pai ficou me encarando o tempo todo, me olhou decepcionado e com raiva.

Rogério: Sai da minha frente, sai, Larissa. Sai daqui em antes que eu te quebre na porrada e sinceramente? Eu não quero te encher de murro, sai daqui.- passei por eles, mas não fui para o meu quarto, saí de casa pra aliviar minha mente.

Me arrependi no mesmo momento de falar essas coisas, mas quando estou nervosa sempre falo o que não devo.

Minha mãe sempre foi do chapadão, morava lá e até enfrentava uma comunidade bem pobre onde a família dos meus pais moravam, então eu sempre ia com ela pra lá quando ajudava minha vó, antes da minha vó morrer e quando deu um reviva volta, meu pai saiu do presídio e eu completava meus dez anos, meus pais vieram tentar uma vida na Olaria.

Um bairro que faz limete com Complexo do Alemão, Complexo do Alemão onde é que fiz minhas burradas e me fodo dentro de casa, sempre burradas.

(...)

Lana: Seu pai está decepcionado contigo...

- Mãe, não é assim...

Lana: É assim sim, Larissa.- cruzou os braços.- Sabem o que falaram pro teu pai? Que tú estava em baile mechendo com paradas erradas, eu sou tua mãe, cara.- suspirei.- Eu sei muito bem que não foi a primeira vez que tu foi nesse baile do Complexo e pode ir falando tudo.

- Mãe, eu admito mesmo que não é primeira vez que vou no baile, mas não acontece nada demais....

Lana: Não? Só traficantes que ostentam armas, piranhas se jogando pra bandido e sexo com roupa? Nadinha minha filha, e tirando quando não baixa polícia, né.- riu irônica.

- Mas eu não sou piranha...

Lana: Quantas vezes tú já foi? Em.

- Duas vezes apenas.- sussurrei.- Nem uma dessas vezes eu não estava me entupindo de drogas como falaram para o meu pai...

Lana: Espero realmente, estou dando meu voto de confiança.- me olhou.- E não joga o passado do teu pai pra viver no nosso presente, coloca na tua mente que foi difícil pra ele passar, mas se ele conseguiu é pra estar presente na tua vida.- engoli seco olhando baixo.

- Eu sei...- sussurrei.

Lana: Tenha uma boa noite, qualquer coisa estou no quarto.- deu um sorriso forçado dando as costas.

- Mãe...- ela me encarou.- Boa noite.- ela assentiu voltando a dar as costas e sair.- Caralho, Larissa.- suspirei passando a mão no rosto e olhando para o relógio.

Fiquei na cozinha me lamentando pelo leite derramado, me senti triste por falar o que não devia, sendo que era pra escutar tudo calada...


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⏰ Última atualização: Jun 03, 2019 ⏰

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