Capítulo 4 - A nossa espécie

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Naquele momento Minhyuk só tinha um pensamento. O doutor Kihyun tinha razão, andar no Sol é terrivelmente doloroso para os olhos. Mesmo com óculos escuros, a dificuldade que Minhyuk enfrentava para enxergar, era horrível. Ele sentia como se alguém estivesse jogando óleo fervendo em seus olhos, fazendo-os arder intensamente. Sua única salvação era se guiar através da audição e da confiança de conhecer muito bem as ruas da pequena cidade de Gimje.

Apesar de toda dificuldade e da sensação de que seus olhos haviam derretido, Minhyuk chegou ao endereço que Kihyun havia lhe dado. Ele inseriu a chave na fechadura, abriu a porta e entrou. O alívio aos seus olhos foram quase imediato. A sensação de escuridão pôde ser sentida por todo o seu corpo, principalmente por seus olhos.

Já aliviado, Minhyuk começou a observar a casa. Todas as janelas estavam vedadas com grossas cortinas pretas. Na sala havia um jogo de sofá, uma grande televisão, duas poltronas, e uma mesa ao fundo. Para que será essa mesa? Será que eles também comem carne humana? Credo. Afastando esse pensamento da mente, Minhyuk continou andando pela casa.

Haviam dois quartos na casa de estrutura tradicional, um obviamente ocupado pelo dono e o outro aparentemente vazio. A cozinha parecia normal, tinha até uma geladeira, onde não se via nada além de algumas poucas garrafas de água, um líquido vermelho, provavelmente sangue, e... Morangos?

O jovem se perguntou o porquê de haver morangos na casa de um vampiro, mas sem saber a resposta, resolveu ignorar. Ainda observando a casa, seguiu até o banheiro, onde havia uma ducha, uma banheira, vaso sanitário, enfim, tudo aparentemente normal. Voltando à sala, Minhyuk senta no sofá e espera por Kihyun que disse vir para casa dentro de alguns minutos, ele precisava apenas conversar com o chefe do clã, Shownu. Para surpresa dele, a casa parecia tão normal quanto qualquer outra, muito diferente do que retratam nos filmes, uma casa geralmente velha, com móveis escuros sinistros e caveiras espalhados por todos os lados.

De repente ele sente um movimento na porta, e a luz que passa por ela incomoda seus olhos.

- Por que guarda morangos na geladeira? - Minhyuk perguntou assim que viu o dono da casa entrar.

- São gostosos. É uma das poucas comidas humanas que se agrada ao paladar de vampiros. - Kihyun respondeu enquanto tirava o longo agasalho e o deixava no quarto.

Minutos depois, Kihyun voltou até a sala e se sentou no sofá que ficava ao lado do que o jovem Minhyuk estava.

- Quando vamos começar meu treinamento e o que vou aprender?

- Vejo que está empolgado com sua nova vida. Primeiro tenho que te dar algumas informações sobre nossa espécie, como são divididos os clãs, como nos alimentamos e como nos disfarçamos em sociedade.

- Certo. Sou todo ouvidos.

- Primeiro pegue isso. - O médico jogou uma garrafa cheia com sangue. - Vai matar sua sede por pelo menos dois dias. Caso sinta mais sede nesse meio tempo, coma morangos.

- Então é essa a função dos morangos. - Disse o jovem surpreso.

Minhyuk bebeu todo o líquido da garrafa que Kihyun lhe dera com tanta vontade, que parecia que aquela seria a última refeição de sua vida inteira.

- Vamos as informações. Como havia lhe dito, somos uma espécie tão antiga quanto os humanos. Há muitas teorias sobre o surgimento do primeiro vampiro, mas nenhuma delas foi comprovada. Nossa espécie vive exatos 400 anos, nem um dia há mais ou menos, a não ser que você seja assassinado.

- Com ouro...

- Exato. Somente o ouro pode nos ferir gravemente a ponto de nos matar. Qualquer outra coisa, nos fere bastante, porém nunca será mortal, no máximo passaremos um dia ou dois com o ferimento. Quanto aos sinais vitais, eles são idênticos ao dos humanos, o que nos diferencia deles é a nossa força e resistência física, além de termos os sentidos 4 vezes mais aguçados que qualquer um, e claro, nossa alimentação e a sensibilidade da visão na luz solar, uma de nossas fraquezas.

O segredo de GimjeOnde histórias criam vida. Descubra agora