Capítulo Um: Sr. Stark

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Faltava uma semana para que Peter iniciasse seu ano letivo

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Faltava uma semana para que Peter iniciasse seu ano letivo. Sua mente estava sendo consumida pela ansiedade e as possibilidades que viriam com essa nova fase.

Esperava se adaptar bem à nova escola, queria fazer novos amigos, só não sabia bem se eram amigáveis as pessoas com quem passaria a maior parte de seu dia.

Peter tinha um pouco de vergonha de andar de bengala pela rua, sentia-se como um idoso que tinha problemas na coluna. Ele sempre tinha a impressão de que estava sendo assistido, carregava a impressão de que o único sentimento que recebia era pena, e ele não queria nada disso. Só conseguia imaginar o quanto receberia olhares de pena na escola.

O garoto estava sentado no sofá com um livro de álgebra na mão, se preparando o máximo que podia para lidar com os cálculos que iria aprender, queria estar pronto para caso o ensino da escola fosse muito rigoroso. May estava em uma poltrona próxima à ele, concentrada usando seu óculos de grau, ajustava a barra da calça azul marinho do uniforme escolar de Peter.

-Tia May? - Chamou o garoto.

-Sim querido? -Ela voltou a atenção para ele.

Peter ponderou sobre o que gostaria de falar e soltou de uma vez em um tom baixo como se aquilo estivesse o sufocando:

-Porque a senhora nunca aceitou que os médicos desligassem meus aparelhos? Ainda mais depois de tanto tempo? -Ele brincava com um fio solto de seu suéter.

Por alguns segundos o ambiente ficou em silêncio até que May soltou um suspiro e respondeu: -Eu sempre acreditei que você acordaria. Nunca pensei o contrário, não imaginava conseguir me despedir de você. - May pausou por um tempo o que dizia e continuou: -Eu perdi uma irmã e logo depois Ben, mas ganhei você, como nunca consegui ter filhos, isso foi como um presente para mim. Quando recebi o telefonema sobre seu acidente, tudo o que pude fazer foi prender a respiração. Parece que prendi a respiração por seis anos, Peter. Sentia como seu alguém tivesse me dado uma flor e eu não a tivesse regado direito, eu sabia que meu dever com você não tinha acabado. Só consegui acreditar que você viveria, nunca o contrário.

Peter olhou para os olhos marejados da mulher e assentiu. Ela levantou de onde estava e foi até ele lhe dando um abraço demorado e um beijo sobre sua fronte.

Ele deu boa noite a May e subiu para seu quarto. Vestiu seu pijama, escovou os dentes e se jogou na cama com lençol de Star Wars.

Encarava o teto azul escuro com pequenas estrelas neon coladas. Esse era um costume dele, sempre deitar e encarar o céu ou o teto quando queria pensar.

Peter refletia sobre nunca ter ido ao túmulo de seus pais após ter saído do coma. Ambos haviam falecido quando o garoto tinha cinco anos, em um acidente de carro. O veículo saíra para fora da pista molhada e caiu em um precipício em dia de tempestade.

Ele lembrava-se de quando começou a morar com May e Ben, apesar de amá-los, sentia muita falta dos pais. Peter chorou por meses antes de dormir, não se permitia pertencer a outro lugar senão a sua casa com seus pais. Até que ele compreendeu e seguiu em frente, e logo depois perdeu seu tio Ben, que fora morto em um assalto.

Hearts a Mess (Starker)Onde histórias criam vida. Descubra agora